Leonardo Ramos   |   10/01/2018 19:30

Inspeção de eletrônicos e redes sociais cresce 59% nos EUA

A inspeção acontece majoritariamente com imigrantes (80%), e inspeciona e-mails, fotos e redes sociais de viajantes

TSA Instagram
Inspeção de eletrônicos aumentou 59% em 2017 nos EUA
Inspeção de eletrônicos aumentou 59% em 2017 nos EUA
Fotos, e-mails, mensagens em redes sociais... Se você quiser entrar nos Estados Unidos, deve ter em mente que nenhuma destas informações está 100% "segura" de olhares escrutinadores das agências responsáveis pela entrada no país - principalmente da Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP, ou Customs and Border Protection em inglês).

Segundo informações reveladas nesta semana pela entidade estadunidense, o número de dispositivos eletrônicos inspecionados por agentes da imigração aumentou 59% em 2017, em relação ao ano anterior. No total, 30,2 mil aparelhos - smartphones, tablets e laptops, principalmente - foram investigados no ano fiscal norte-americano, que acabou em setembro do ano passado; no ano anterior, esse número foi de 19 mil.

O aumento representa um salto ainda mais elevado se comparar com 2015, quando "apenas" oito mil viajantes tiveram seus dispositivos averiguados pela CBP.

"Nesta era digital, as inspeções de dispositivos eletrônicos na fronteira são essenciais para a aplicação da lei dos Estados Unidos, e para proteger o povo americano ", argumentou o VP executivo da alfândega estadunidense, John Wagner, responsável pelas operações de campo. Segundo ele, apenas 0,007% de todos os viajantes que passam por ano na imigração do país - algo em torno de 397 milhões - tiveram seus dispositivos inspecionados.

A entidade defende ainda que as investigações "resultaram em evidências úteis" para combater terrorismo, pornografia infantil, fraude de vistos e o tráfico pirata de filmes, softwares e outros tipos de produtos.

"A ideia de que eles podem ser inspecionados apenas por entrar ou sair do país em que somos cidadãos vai contra o ponto que a 4ª emenda da constituição defende, que é uma vigilância arbitrária da rede", afirmou ao Los Angeles Times o professor de direito na Universidade de Washington, Ryan Calo, especialista em direito da privacidade.

INSPEÇÃO DE IMIGRANTES

As inspeções acontecem, majoritariamente, com não estadunidenses: 80% dos viajantes que tiveram aparelhos investigados eram provenientes de outras nacionalidades, enquanto os 20% restantes possuem passaporte americano.

REDES SOCIAIS PODEM SER INSPECIONADAS

Junto dos números, o CBP liberou algumas diretrizes que os oficiais da alfândega seguem ao inspecionar dispositivos eletrônicos. Eles podem, por exemplo, solicitar senhas dos aparelhos e de redes sociais, embora sejam obrigados a eliminá-las após a busca. Podem, ainda, checar todos os arquivos no dispositivo, embora não tenham permissão para acessar informações armazenadas em uma nuvem digital. A conexão com a internet é desativada durante as inspeção, mas os agentes podem abrir aplicativos de rede social mesmo assim, para visualizar mensagens ou postagens acessíveis off-line.

Em casos limitados, os oficiais podem ainda realizar uma pesquisa mais avançada, permitindo inclusive o download dos arquivos do celular para que passem por uma inspeção mais aprofundada posteriormente.

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