Henrique Santiago   |   06/06/2017 09:52

Ex-ministro Henrique Alves é preso pela Polícia Federal

O ex-ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN), foi preso nesta manhã na Lava Jato. A operação batizada de Manus, comandada pela Polícia Federal, investiga supostos crimes de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. 


Emerson Souza
Henrique Alves, ex-ministro do Turismo
Henrique Alves, ex-ministro do Turismo

O ex-ministro do Turismo Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN) foi preso nesta manhã, alvo da Operação Lava Jato. A operação batizada de Manus, comandada pela Polícia Federal, investiga supostos crimes de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

A averiguação aponta que Alves e o ex-deputado e presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), receberam suborno na construção da Arena das Dunas, construído em Natal para a Copa do Mundo de 2014. Alves, que também presidiu a Câmara, fez sua carreira política no Rio Grande do Norte e é um dos donos do jornal Tribuna do Norte.

Segundo a operação, houve sobrepreço de R$ 77 milhões no valor das obras do estádio, com favorecimento de duas grandes construtoras. O pagamento das cifras ocorreu como doação eleitoral entre 2012 e 2014. A investigação aponta que ele é suspeito de ter recebido R$ 7,15 milhões em propinas, diretamente ou por meio do diretório Estadual do PMDB do Rio Grande do Norte.

O político de 68 anos assumiu o Ministério do Turismo ainda no governo de Dilma Rousseff, entre abril de 2015 e março de 2016. Após o impeachment da presidente, ele cedeu à pressão de seu partido e entregou carta de demissão. "O momento nacional coloca agora o PMDB, meu partido há 46 anos, diante do desafio de escolher o seu caminho, sob a presidência de meu companheiro de tantas lutas, Michel Temer", disse à época.

Após a entrada de Temer, ele retornou ao ministério em maio por ser um dos homens de confiança do atual presidente. Porém, pediu demissão do cargo no mês seguinte depois de ter sido citado em delação premiada. Na ocasião, foi acusado de receber R$ 1,55 milhão da construtora Transpetro entre 2008 e 2014.

"Repudio com veemência a irresponsabilidade e leviandade das declarações desse senhor. Todas as doações para minhas campanhas foram oficiais, as prestações de contas foram aprovadas e estão disponíveis no TSE, conforme a lei", relatou ele.

Alves é alvo também de um outro pedido de prisão, feito pelo Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPF-DF), por suspeita de ocultar outros R$ 20 milhões em contas no Exterior. Os recursos seriam provenientes da atuação de um grupo liderado por Eduardo Cunha, responsável por irregularidades nas vice-presidências de Fundos e Loterias e de Pessoas Jurídicas da Caixa Econômica Federal.

O QUE FEZ ALVES PELO TURISMO

Emerson Souza

O ex-ministro, de discurso eufórico e agitado, se mostrava um político pró-Turismo, e participou de feiras como a WTM Latin America e Abav Expo.

Entre seus feitos, liderou, junto com entidades como Abav, Braztoa e Clia Abremar, a empreitada pela redução do Imposto de Renda Retido na Fonte, o IRRF, sobre remessas ao Exterior no início de 2016.

Demanda do trade, a alíquota paga pelos empresários do setor chegava a 33% com todos os encargos - e passou para 6,38%, mesma taxa paga pelo uso do cartão de crédito, o IOF.

Em participação no Fórum PANROTAS do ano passado, Alves aproveitou o momento da assinatura da IRRF para firmar compromissos com os segmentos do setor. Em sabatina, prometeu lutar por mais cruzeiros no Brasil, mais investimentos em promoção no Exterior e também transformar o modelo da Embratur em agência de fomento, o que está em mudança nos dias de hoje sob a gestão de Marx Beltrão.

Questionado sobre sua eventual saída do ministério, em meio à propagação do discurso de impeachment de Dilma, ele desconversou sobre entregar a pasta. "É hora de se unir em prol do País."

*Atualizada às 12h16 com o suposto valor recebido por Henrique Alves em propina.

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