Veja os nichos e oportunidades para o Turismo LGBT
O coordenador da IGLTA listou dicas para quem busca fatias do nicho
Na tarde de hoje aconteceu na Vila do Saber, espaço de capacitação da 45ª Abav Expo e 48º Encontro Comercial Braztoa, a palestra “O mercado LGBT e suas novidades”, realizada pelo coordenador da Associação Internacional de Turismo LGBT (IGLTA) para o Brasil, Clovis Casemiro. O profissional, que acumula passagens pela Hotéis Othon, Sheraton e CVC, não focou em números na apresentação, mas sim na realidade do nicho com diferentes perfis de turista.
Segundo o executivo, uma das metas da IGLTA é unir as empresas que têm interesse no segmento para atrair viajantes nacionais e internacionais, através de novos pacotes e destinos. “Existe uma confusão muito grande em relação ao percentual da população LGBT no Brasil, mas independente disso, a ONU trabalha com 6,5% a 8% para realizar as pesquisas. Somos o segundo maior mercado do mundo”, revela Casemiro.
Foram citadas como exemplo a ser seguido as cidades de Buenos Aires, na Argentina, e também Nova York, que possuem organização de referência quando o assunto é Turismo LGBT. “Temos um público gay que viaja muito e se acostumou a fazer tudo de maneira independente, procurando o que uma OTA ou hotel direto oferece, além de pedir a opinião de amigos e conhecidos. Ainda não temos operadoras que realmente se posicionam e também há dificuldade de organização”.
PRINCIPAIS DESAFIOS
O representante da associação listou sete dicas para empresas que desejam mirar nesse nicho. Segundo ele, antes de qualquer coisa, é necessário entender os tipos de famílias LGBTQ – a última letra está relacionada aos estudos Queer, que defendem a ideia de que orientação sexual e identidade de gênero são fruto de uma construção social. Outra realidade importante, segundo Clovis, é a dos transgêneros: há mais de 50 tipos de identidades humanas.
Em seguida, foi reforçada a importância de organizar paradas e eventos temáticos, inclusive esportivos, como a European Gay Ski Week e o festival Love Noronha, que aconteceu em agosto na ilha pernambucana com a drag queen Pabllo Vittar. Esse é um complemento na programação dos viajantes e o destino, como um todo, continua como principal atrativo na decisão final do consumidor.
O investimento no Mice (Meetings, Incentives, Congresses and Exibitions) foi um dos pontos que mais chamaram atenção, devido à quantidade de participantes ao redor do mundo. “Os eventos que discutem a diversidade no mercado são muito grandes, mas falta conhecimento para investir nessa fatia. Além disso, cada vez mais empresários estão se assumindo publicamente e isso não interfere no trabalho deles”, argumenta.
O mercado de casamentos foi apresentado como a grande tendência para os próximos anos. “A cerimônia gay precisa da mesma estrutura de um casamento heterossexual. Há cidades que apostam forte nesse setor com feiras e projetos especiais, com destaque para Cancún, no México, Miami e Fort Lauderdale, nos EUA. Viena, capital da Áustria, também oferece uma estrutura incrível, com mestre de cerimônias, lua de mel e outros serviços”.
No fator social, as políticas públicas foram apontadas como um empecilho para o Turismo LGBT no Brasil, segundo Casemiro. “Temos o caso negativo do prefeito Crivella no Rio de Janeiro, que tem dificultado tudo para nós", desabafa. "Do momento que se dá visibilidade à causa, garante-se também segurança e outros elementos importantes para a comunidade. Por exemplo, a Argentina fez um trabalho incrível, que inclui cerca de 15 a 17 áreas mapeadas, desde El Calafate. Fora isso, por mais que eu tente com as operadoras brasileiras, é muito complicado o trabalho, mas temos esperança”, finaliza.