Eleito, Trump causa otimismo e receio em trade dos EUA
Os líderes do turismo norte-americano dividem-se entre otimismo e receio com o governo de Trump e ao mesmo tempo que esperam alguns ganhos, outros apostam que a indústria do EUA pode sair prejudicada
É difícil saber se tudo que o empresário bilionário Donald Trump disse durante a campanha presidencial será colocado em prática quando ele assumir a presidência dos Estados Unidos, em 20 de janeiro de 2017.
Durante a corrida presidencial, o presidente-eleito prometeu mudar as políticas de segurança, o que pode impactar na entrada de turistas, ainda mais os vindos do México. Trump prometeu também barrar muçulmanos no país, o que pode custar US$ 71 bilhões e até 132 mil empregos. Além disso, espera-se que o empresário coloque em prática uma ascensão de marcas americanas e a volta do embargo econômico e político dos Estados Unidos à Cuba.
Um relatório feito pela Skift entrevistou diversos líderes do Turismo norte-americano para saber suas expectativas para o futuro. E assim como o que se espera do governo de Trump, o resultado é incerto.
O CEO interino do Priceline Group, Jeffery Boyd, é um dos empresários que possui uma reação mista. "Em primeiro lugar, com um presidente e Congresso republicano, poderíamos potencialmente ver um ambiente mais favorável para os negócios em geral nos Estados Unidos. Mas precisamos ver como a vitória de Trump refletirá no comportamento do viajante internacional."
Já o co-CEO da Startours, de Nova York, Greg Geronemus, teme que Trump reverta todo o progresso feito por Barack Obama, na relação com Cuba. "Desde o anúncio histórico de Obama, em dezembro de 2014, temos um fluxo maciço de viajantes norte-americanos ao país e vemos um enorme progresso em Cuba. Espero que o presidente eleito faça o que é certo, mas também vou acrescentar que se você realmente quer ir para Cuba, vá em breve. "
A preocupação de Geronemus é relevante, visto que, para a indústria de viagens, o fim do embargo dos Estados Unidos foi positivo. De dezembro de 2014 para cá, a Starwood passou a administrar alguns hotéis na ilha caribenha e, após 50 anos, houve a retomada dos voos comerciais entre os destinos, o que definitivamente impulsionou a indústria.
A chefe de Viagens Internacionais do Euromonitor, Caroline Bremner, fala sobre como as viagens e o Turismo podem ser diretamente impactados pelas ações de Trump. “A retórica da campanha de Trump, focada na imigração e no relacionamento com o México, terá uma influência direta no desempenho do turismo do país, já que o México deve ultrapassar o Canadá até o final de 2016 e se tornar a maior fonte de demanda turística para os Estados Unidos.
Já a CEO da Mandala Research e fundadora da Women in Travel and Tourism International, Laura Mandala, ressalta que bons tempos econômicos surgem de uma maior confiança do consumidor, o que a faz ficar otimista com o governo do empresário.
“Trump prometeu às pessoas que suas carteiras serão mais gordas sob seu mandato, portanto, eles são mais propensos a pagar por uma viagem. Além disso, a promessa do presidente eleito de investir em infraestrutura é um bom presságio para os empregos aqui. Isso também melhorará os ativos desse país e, assim, ajudará os Estados Unidos a permanecerem competitivos como destino”, conclui Laura.
O presidente e CEO da Associação de Viagens dos Estados Unidos (US Travel Association), Roger Dow, se mostra otimista com o futuro. "Felicito o presidente eleito Trump em nome da comunidade de viagens e turismo dos Estados Unidos e estou confiante de que ele será um aliado valioso no avanço de algumas das principais prioridades da nossa indústria. Trump demonstrou ao longo de sua campanha que as questões de viagem e infraestrutura têm sua atenção, e estamos prontos para aconselhar seu governo sobre como alcançar seus objetivos declarados nessas áreas.
A Marriott International manteve-se neutra à respeito do que esperar do governo de Trump. “Dadas as nossas raízes na região de Washington, a Marriott tem uma longa história de envolvimento com os políticos de ambos os partidos e vamos continuar com esse diálogo. O resultado das eleições e o potencial para impactar nossos negócios depende da administração e do congresso trabalharem juntos para governar. Além disso, é muito cedo para dizer como essas relações se desenvolverão e quais políticas aparecerão como prioridades."
*Fonte: Skift