Como fica a Interep após a venda para a Mondee?
Operadora garante que manterá estrutura e se empolga com a modernização prometida após a aquisição
O futuro chegou para a Interep. Vendida para o grupo norte-americano Mondee, o mesmo que adquiriu a Orinter, por R$ 45 milhões, a operadora se torna mais moderna, avançada tecnologicamente e disruptiva, mantendo sua essência exclusivamente B2B e todos seus profissionais. Muito felizes com essa nova etapa, os líderes da Interep descrevem assim seu novo momento ao Portal PANROTAS e dizem que vão se posicionar novamente como um grande player do mercado.
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A diretora da empresa, Cynthia Rodrigues, revela surpresa pela abordagem da Mondee que, segundo ela, viu na Interep um parceiro de acordo com a maneira que trabalham, totalmente voltada ao agente de viagens. "Estamos honrados, pois não são grande brokers comprando outro brokers do mercado, não é aquisição de empresa falida. Não estávamos à venda. É algo novo, uma nova visão que tanto nos atraiu. O avanço tecnológico que teremos a partir de agora é muito importante", celebra Cynthia.
"É uma oportunidade única de estarmos do lado certo, no futuro, com inteligência artificial e outras ferramentas avançadas. O Turismo ainda não viveu uma grande disrupção tecnológica, o que é algo iminente. Estamos muito animados em estar do lado certo nessa história", completa a diretora de Marketing, Diana Krepinsky.
COMO FICA A ESTRUTURA DA INTEREP APÓS SER VENDIDA PARA A MONDEE
A diretoria permanece a mesma:
Cynthia Rodrigues - diretora
Diana Krepinsky - diretora de Marketing
Rebeca Ferrreira - diretora comercial
Mariana Hecksher - diretora de planejamento estratégico
Aluizio Araújo - diretor financeiro
Sandra Helena Silva - diretora de Operações
A companhia conta com 92 funcionários e os diretores afirmam que estão contratando mais para vários departamentos, como Comercial, Atendimento e Grupos. Ou seja, não vai haver sequer uma demissão por conta da aquisição dos norte-americanos.
INTEREP E ORINTER
A única sinergia entre a Interep e a Orinter, também adquirida pela Mondee, é em contabilidade, dizem os diretores. "Temos de nos adaptar à contabilidade americana US GAAP, e isso faremos com a Orinter já a partir de hoje", afirma Cynthia Rodrigues. "No mais, seremos empresas completamente distintas em todos os departamentos, incluindo os de Vendas. Somos operadoras complementares, não há qualquer plano de unificação."
Segundo o diretor financeiro, Aluizio Araújo, a Interep é uma empresa muito enxuta e, na prática, esta parte contábil está muito mais relacionada à sistematização e elaboração dos números. "Ambas terão os mesmos formatos de números. Essa é a principal vantagem. Além disso, poderemos ter melhores negociações contratuais com os fornecedores ao usar o poder de barganha da Mondee."
O que atraiu a Mondee para a compra da Interep foi seu portfólio de luxo e o perfil de suas agências de viagens clientes, que também trabalham para o público de alta renda. A sobreposição de agências que compram com ambas as operadoras é muito pequena, e para produtos distintos.
"Temos apenas 5% de overlap de agências clientes entre Interep e Orinter. Os perfis das empresas são totalmente diferentes, e a Orinter faz muito bem o trabalho dela onde atua", afirma Cynthia. "A ideia é crescer, e não começar a compartilhar departamentos. Não estamos falando em substituição, e sim multiplicação."
Há 3,1 mil agentes de viagens com compras ativas na plataforma da Interep.
PORTFÓLIO SERÁ AMPLIADO
Uma das grandes diferenças é que a Orinter trabalha com pacotes completos, incluindo aéreo, hospedagem e experiências, enquanto a Interep é especializada no terrestre. "Com a Mondee, temos a oportunidade de aumentar nosso portfólio incluindo cruzeiros e aéreo, nos quais a empresa é gigantesca nos Estados Unidos. A tendência é que novos produtos entrem, com tarifas mais competitivas, mas isso não tem relação com a Orinter, e sim com a Mondee", explica a diretora.
PRÓXIMOS PASSOS
Antes de fechar negócio com a Mondee, a Interep planejava fechar 2023 com R$ 700 milhões de faturamento. Agora, os planos podem ser acelerados e esta meta elevada. Um exemplo prático dado pelos diretores é justamente a adição do departamento aéreo.
"A Mondee é a maior vendedora de assentos da classe executiva nos Estados Unidos. Como atuamos no luxo, esse é um produto que nos interessa muito incluir. O tíquete médio do aéreo é alto e a possibilidade de incluí-lo o quanto antes em nosso sistema nos anima", afirma a diretora comercial da Interep, Rebeca Ferreira.
Agora, a fase será de adaptação. A Interep terá de entrar em sincronia com o que pede a Mondee, mas os planos mais próximos traçados pela operadora de 40 anos se mantêm. Até o fim de junho, o novo portal de vendas da empresa, que está sendo constituído há um ano e meio, será entregue. As contratações em todos os Estados do Brasil, idem. Também são continuadas novidades como criação do departamento de roteiros e a página exclusiva de roteiros prontos com curadoria própria, além dos famtours.
A operadora se reestruturou durante a pandemia e no ano passado já superou em 200% os resultados do período pré-crise sanitária. E de acordo com Rebeca Ferreira, o crescimento no último trimestre foi de 80% ante o primeiro trimestre de 2022.
"Fomos escolhidos pela Mondee pois estamos em um momento de crescimento enorme. Estamos notando um feedback muito positivo dos agentes de viagens em termo de usabilidade da plataforma e atendimento dos profissionais. No entanto, se não tiver competitividade, podemos ficar para trás", completa Rebeca.
FUTURO UM POUCO MAIS DISTANTE
Há um ânimo muito grande por parte da Interep no lançamento de um aplicativo que pode ser lançado após o negócio com a Mondee. Por meio desse app, o agente de viagens poderá reservar tudo diretamente. Isso, segundo os diretores, é algo que todo agente de viagens pede, e a Mondee já tem esse tipo de ferramenta em nível muito avançado para os agentes dos Estados Unidos.
INTEREP BY MONDEE
Ventila-se a possibilidade de a marca se tornar Interep by Mondee, mas ainda são conversas em estágio inicial sobre o tema e nada foi muito discutido. Pelo fato de Ana Maria Berto, da Orinter, ser anunciada como a CEO da Mondee no Brasil, a diretoria foi questionada sobre a quem deve reportar.
"O Orestes [Fintiklis, vice-chairman do Board da Mondee] nos deu absoluta autonomia para tomar as decisões do dia a dia sem consultar ninguém. Quando precisarmos de decisões de volume muito grande, temos de passar por ele", esclarece Cynthia. "Tiveram de fazer muito para me convencer para esta venda. Não é fácil tomar uma decisão como essa após a construção de um nome sólido no mercado em 40 anos."