Rodrigo Vieira   |   15/04/2021 08:00

Agentes pedem socorro para viagens de seus clientes com a Master

Agentes de viagens alegam falta de apoio e pedem maior clareza nos processos da operadora mineira


Viagens Master, de Minas Gerais, entrou em recuperação judicial no dia 1º de abril
Viagens Master, de Minas Gerais, entrou em recuperação judicial no dia 1º de abril

A recuperação judicial (RJ) da operadora Viagens Master, anunciada em 1º de abril, é alvo de insegurança para agências de viagens de Minas Gerais. Cerca de 80 agências fazem um apelo ao Ministério do Turismo e a fornecedores envolvidos para o que avaliam como um processo "nada claro" que imediatamente chamou atenção de seus advogados. As agências de viagens pedem socorro das autoridades para o que desconfiam ser uma "ação premeditada da Master, de utilizar a RJ como recurso para não repassar custos a elas e aos fornecedores".

"Onde está o dinheiro dos clientes? E por que até o dia do anúncio da RJ todas as agências receberam ainda promoções desta operadora?", são alguns dos questionamentos. "Salientamos que esta não é a primeira operadora que toma esta atitude brusca e violenta, a RJ ou simplesmente falência, e nos parece ser prática comum atualmente - sempre destruindo as pequenas empresas", levantam as agências.

As agências clamam veementemente para que os fatos sejam esclarecidos e elucidados, mas principalmente solicitam que os valores enviados para a operadora nos últimos meses (alguns ainda estão sendo recebidos pela Master, por meio de parcelas dos cartões de crédito) sejam enviados imediatamente aos fornecedores, ou sejam devolvidos para as agências.

A justiça não impede que uma empresa em RJ negocie, faça propostas ou demonstre que pode honrar seus compromissos com parceiros comerciais. "No entanto, o débito com as agências parceiras gira em torno de 10% da dívida total, então por que não ajudá-las ao invés de usar da RJ e cruzar os braços para os parceiros que são a fonte principal de renda da operadora Viagens Master?", questionam os agentes, que garantem não haver qualquer demonstração e interesse neste sentido por parte da Master.

"Isso evidencia pouca empatia com todo o Turismo e ainda subentende-se que essa operadora não deseja uma continuidade ética com seus parceiros, fato para o qual as agências solicitam a atenção de todos os interessados. A operadora poderia, antes de decretar a recuperação judicial, já não aceitar os pedidos das agências, pois já era sabido por eles que estava em curso uma RJ, visto que a mesma se inicia bem antes de sua decretação na justiça", continua o documento.

Os agentes alegam que não podem ser responsabilizados desta maneira, sem qualquer respaldo e sendo obrigados a honrar com prejuízos causados por uma das partes da cadeia. "O que está em curso em Minas Gerais aniquilará impiedosamente muitas pequenas agências, que são responsáveis pelo maior volume de venda da Viagens Master. Sem condições, esses pequenos negócios estão avaliando liquidar seus próprios bens para manter seus compromissos", apontam as supostas vítimas. "O que precisa ser feito para que a justiça volte os olhos para a nossa classe e nos socorra?"

GRUPO DE SOBREVIVÊNCIA

Essas cerca de 80 agências de Minas Gerais criaram o que chamam de Grupo de Sobrevivência, onde, unidas buscam aconselhamento mútuo, apoio psicológico e busca de saída em conjunta. Os relatos que chegaram ao Portal PANROTAS é de que muitos envolvidos estão extremamente abalados com o tamanho dos prejuízos, alguns beirando os R$ 500 mil. O grupo afirma que muitas já precisaram arcar com despesas imediatas junto à rede Iberostar, para os clientes afetados terem acesso ao que já pagaram, mas não foi repassado pela Master.

"Eles (Master) lamentam e dizem que não podem fazer nada. Dizem 'Ou vocês pagam, ou seu cliente paga, ou não haverá viagem', exatamente nesses termos", alegam as supostas vítimas.

Por fim, as agências envolvidas nesse que chamam de "um lado bem menos glamoroso" desse caso, afirmam que "agonizam no desespero e solicitam o apoio de todo o trade, principalmente dos parceiros que mantiveram seu faturamento normal para esta operador que se solidarizem". Segundo elas, a maioria dos parceiros suspendeu o faturamento apenas no dia seguinte ao comunicado da RJ. Tivoli Praia do Forte, Campo Bahia, Iberostar Praia do Forte, Iberostar Bahia e Nannai Resort estão entre esses fornecedores com clientes que compraram na Master.

Há relato de que o Nannai honra as reservas feitas pela Master.

RESPOSTA DA MASTER OPERADORA

A Master Operadora, por meio de seu diretor Fernando Dias, enviou uma resposta ao Portal PANROTAS sobre a mensagem dos agentes. Segue na íntegra:

Divulgação
Fernando Dias, da Master
Fernando Dias, da Master

"Em relação à carta enviada por agentes de viagem ao PANROTAS, queremos esclarecer o que se segue:

"Inicialmente cumpre destacar que a recuperação judicial é uma medida legítima para evitar a falência de empresas que perderam, momentaneamente, sua capacidade de pagar as dívidas. Sendo assim, é um instrumento legal para que a empresa, em dificuldade, reorganize seus negócios, redesenhe o passivo e se recupere da transitória situação de crise econômico-financeira.

Importante salientar que a Viagens Master fez todo o esforço possível a fim de evitá-la, pois tinha plena consciência do desgaste que poderia advir de uma decisão como essa. Portanto, foi uma decisão difícil, mas necessária.

Em que pese a empresa ter verificado a necessidade de ingressar com o processo de recuperação judicial, as suas operações continuam normalmente, sem impedimentos com relação à emissão de notas fiscais, compra, venda e outros trâmites, pois a manutenção das atividades tem como objetivo, justamente, permitir que ela volte a gerar receitas e consiga pagar os seus credores, finalizando o processo de recuperação.

Uma vez aprovado o pedido, a empresa tem 60 (sessenta) dias para apresentar o plano de recuperação, para que seja analisada toda a parte contábil e a viabilidade econômico-financeira de sua aplicação. Esse plano será discutido em assembleia geral de credores e, se aprovado, os pagamentos serão realizados de acordo com as condições deliberadas pela maioria.

É importante destacar que a negociação entre as partes é acompanhada pelo Administrador Judicial nomeado pela Justiça, mantendo a total transparência e lisura do procedimento.


Por fim, mas não menos importante, vale ressaltar que empresa, em processo de recuperação judicial, não pode negociar o pagamento antecipado de dívidas e nem proporcionar tratamento individualizado aos credores que a ele estejam sujeitos.

A Viagens Master continua à disposição para esclarecer quaisquer dúvidas por meio do seguinte endereço eletrônico: rj@viagensmaster.com.br"

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