Tragédia em Capitólio: Abeta propõe capacitação e gestão pública
O presidente da entidade afirmou que a informação e ferramentas de controle ajudarão a evitar desastres
Em entrevista ao Portal PANROTAS, o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta), Vinicius Viegas, propôs capacitação, conservação e administração pública proativa para evitar desastres como o ocorrido em Capitólio (MG) no último sábado (8), quando o desmoronamento de uma rocha causou a morte de dez pessoas.
De acordo com a CNN Brasil, o ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, deve realizar ainda hoje (10) uma reunião em Brasília (com participações virtuais) com os secretários para uma estratégia de avaliação de risco decorrente de desastres naturais, visando oferecer cada vez mais segurança ao turista. De acordo com o ministro, destinos de natureza que envolvem embarcações e condutores náuticos serão priorizados neste momento.
Confira abaixo entrevista completa com Vinicius Viegas, presidente da Abeta.
PORTAL PANROTAS: Quais são os cuidados a tomar ao visitar locais de Ecoturismo?
VINICIUS VIEGAS: O consumidor deve buscar produtos e serviços turísticos que tenham comprometimento com a segurança, se há um Termo de Conhecimento de Risco da atividade, se tem um PAE - Plano de Atendimento de Emergências, ambos exigidos pela legislação. Deve também verificar se os condutores são capacitados, se os equipamentos estão em bom estado de conservação, se oferecem seguro da atividade, se a empresa está legalizada e possui Cadastur. São informações mínimas, mas que podem auxiliar o consumidor na aquisição de serviços seguros e de qualidade. E, claro, se a empresa ou guia faz parte de alguma associação que congrega as empresas ou profissional do setor.
PP: Como é a estrutura dos parques brasileiros?
VV: Os Parques Brasileiros e Monumentos Naturais fazem parte de uma categoria destinada essencialmente à visitação. Existem parques municipais e estaduais vinculados quase sempre a secretarias de meio ambiente e as Unidades de Conservação Nacionais.
Responsável pela gestão de Unidades de Conservação Federais, o ICMBio, como ente governamental, tem fundamental importância nesse contexto, seja no planejamento, no desenvolvimento e no manejo da visitação, seja na oferta de opções de recreação em contato com a natureza, ou na geração de bens e serviços aos visitantes, por meio de estabelecimento de parcerias e serviços de apoio à visitação.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio é uma autarquia vinculada ao Ministério do Meio Ambiente que tem a missão de “Proteger o Patrimônio Natural e Promover o Desenvolvimento Socioambiental” e a visão de futuro de “ser reconhecido pela sociedade brasileira como referência na conservação da biodiversidade e na gestão das unidades de conservação”.
Quando desenvolvidas de maneira responsável, as atividades em contato com a natureza permitem ao visitante conhecer as áreas naturais, apreciar as belezas cênicas e as manifestações culturais e estimular o desenvolvimento econômico local.
PP: Qual a responsabilidade das empresas e governo a respeito dos destinos de Ecoturismo?
VV: A Gestão Pública precisa ser responsabilizada quando não realiza um ordenamento turístico dos seus atrativos de forma eficiente, e fiscalizar com frequência as operações, dessa forma garantir que a visitação ocorra de forma segura. Gestores públicos e empresários do Turismo precisam estar atentos e vigilantes ao Gerenciamento de Riscos em atividades de ecoturismo e Turismo de aventura.
Acidentes acontecem em todas as esferas da sociedade, por isso a Abeta acredita que uma gestão profissional dos destinos, atrativos e atividades de ecoturismo e Turismo de aventura deva seguir parâmetros mínimos para a sua execução, em conformidade com as normas técnicas oficiais, a lei geral de Turismo e o código de defesa do consumidor, que regem tais atividades.
Atividades na natureza envolvem riscos, acidentes naturais podem ocorrer, no entanto o aumento destes acidentes nos mostra a importância de uma gestão profissional da atividade turística nos destinos de ecoturismo e Turismo de aventura do Brasil. As atividades ao ar livre, apesar de desejáveis e com diversos pontos positivos, oferecem riscos inerentes a sua prática.
Todos esses desastres poderiam ter sido evitados e nos permite realizar muitas reflexões sobre segurança no Turismo.
PP: O aumento da procura por Ecoturismo no Brasil pode prejudicar a experiência dos turistas e o próprio destino?
VV: O aumento da procura por Ecoturismo no Brasil fortalece o Turismo de natureza do País. As atividades de ecoturismo e Turismo de aventura têm sido muito procuradas e demandadas, porém temos verificado um cenário de acidentes que poderiam ter sido evitados se gestores públicos e prestadores de serviços estivessem comprometidos com a legislação vigente, segurança e ordenamento turístico sustentável.
PP: Qual o papel do guia na segurança do turista? Vide coach no Pico dos Marins (SP) com grupo precisando ser resgatado.
VV: Além de seguir o que está em lei, demonstrar a seriedade em sua operação, prevenção e melhoria contínua da operação. O guia ou condutor deve zelar pelos seus clientes e minimizar o máximo de riscos possíveis. O líder da atividade deve também trazer um envolvimento maior com as comunidades locais, ter atenção constante com os aspectos de segurança, manutenção de equipamentos e aprimoramento dos serviços.
Estes profissionais precisam ser lideranças positivas e propositivas, para que façam a diferença de fato, entendendo e compreendendo a sua representatividade, o bem atender e qualidade de serviço.
A falta de informação por parte da população, consumidores, profissionais do Turismo e da gestão pública não é benéfica para o aprimoramento das experiências e atividades na natureza no Brasil.
PP: O ministro do Turismo, Gilson Machado, afirmou que fará reunião com os secretários para uma estratégia de avaliação de risco decorrentes de desastres naturais. O que deve ser endereçado nessa reunião?
VV: Acreditamos que precisa ser uma prioridade nacional preparar os destinos de natureza do Brasil para receber turistas com qualidade e segurança. Essas áreas, quando bem administradas e seguras, geram com Turismo praticamente toda a receita necessária para sua manutenção, aumentando a geração de emprego e renda e transformando parques e demais atrativos de Turismo de natureza em motivo de orgulho nacional.
Por meio de uma unidade de conservação bem estruturada é possível induzir o fluxo de visitantes à região onde ela se encontra, beneficiando os municípios localizados no seu entorno imediato e promovendo o envolvimento ativo e socioeconomicamente benéfico às populações locais, seja pelo uso de serviços de hospedagem, alimentação, aquisição de lembranças e artesanatos locais ou até mesmo pela contratação de guias ou condutores de visitantes para a realização de trilhas e atividades desportivas.
A administração pública deve criar ferramentas, como o Programa Aventura Segura, que foi realizado há dez anos em uma parceria entre Ministério do Turismo, Abeta e Sebrae, um verdadeiro marco do Turismo brasileiro. A partir disso, os governos estaduais deveriam criar também as suas ferramentas de controle, fortalecer, incentivar, promover e estimular a adesão por parte de profissionais do setor. E, por último, no mundo ideal, o município poderia ter o papel de fiscalização, adequação de prazos e liberação de alvarás – se um determinado negócio estiver fora do que rege as normas técnicas da atividade, não deve ser liberado. E isso está totalmente ligado à capacitação e conhecimento de quem está na gestão de Turismo pública.
Acreditamos que alianças entre a gestão pública com entidades como a própria Abeta, por exemplo, podem gerar frutos a médio ou longo prazo. Uma vez que há cursos voltados à estruturação do Turismo de natureza e entendimento das normas técnicas, por exemplo, além de outra porção de conteúdos técnicos voltados à gestão dos negócios no Turismo.
De acordo com a CNN Brasil, o ministro do Turismo, Gilson Machado Neto, deve realizar ainda hoje (10) uma reunião em Brasília (com participações virtuais) com os secretários para uma estratégia de avaliação de risco decorrente de desastres naturais, visando oferecer cada vez mais segurança ao turista. De acordo com o ministro, destinos de natureza que envolvem embarcações e condutores náuticos serão priorizados neste momento.
Confira abaixo entrevista completa com Vinicius Viegas, presidente da Abeta.
PORTAL PANROTAS: Quais são os cuidados a tomar ao visitar locais de Ecoturismo?
VINICIUS VIEGAS: O consumidor deve buscar produtos e serviços turísticos que tenham comprometimento com a segurança, se há um Termo de Conhecimento de Risco da atividade, se tem um PAE - Plano de Atendimento de Emergências, ambos exigidos pela legislação. Deve também verificar se os condutores são capacitados, se os equipamentos estão em bom estado de conservação, se oferecem seguro da atividade, se a empresa está legalizada e possui Cadastur. São informações mínimas, mas que podem auxiliar o consumidor na aquisição de serviços seguros e de qualidade. E, claro, se a empresa ou guia faz parte de alguma associação que congrega as empresas ou profissional do setor.
PP: Como é a estrutura dos parques brasileiros?
VV: Os Parques Brasileiros e Monumentos Naturais fazem parte de uma categoria destinada essencialmente à visitação. Existem parques municipais e estaduais vinculados quase sempre a secretarias de meio ambiente e as Unidades de Conservação Nacionais.
Responsável pela gestão de Unidades de Conservação Federais, o ICMBio, como ente governamental, tem fundamental importância nesse contexto, seja no planejamento, no desenvolvimento e no manejo da visitação, seja na oferta de opções de recreação em contato com a natureza, ou na geração de bens e serviços aos visitantes, por meio de estabelecimento de parcerias e serviços de apoio à visitação.
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio é uma autarquia vinculada ao Ministério do Meio Ambiente que tem a missão de “Proteger o Patrimônio Natural e Promover o Desenvolvimento Socioambiental” e a visão de futuro de “ser reconhecido pela sociedade brasileira como referência na conservação da biodiversidade e na gestão das unidades de conservação”.
Quando desenvolvidas de maneira responsável, as atividades em contato com a natureza permitem ao visitante conhecer as áreas naturais, apreciar as belezas cênicas e as manifestações culturais e estimular o desenvolvimento econômico local.
PP: Qual a responsabilidade das empresas e governo a respeito dos destinos de Ecoturismo?
VV: A Gestão Pública precisa ser responsabilizada quando não realiza um ordenamento turístico dos seus atrativos de forma eficiente, e fiscalizar com frequência as operações, dessa forma garantir que a visitação ocorra de forma segura. Gestores públicos e empresários do Turismo precisam estar atentos e vigilantes ao Gerenciamento de Riscos em atividades de ecoturismo e Turismo de aventura.
Acidentes acontecem em todas as esferas da sociedade, por isso a Abeta acredita que uma gestão profissional dos destinos, atrativos e atividades de ecoturismo e Turismo de aventura deva seguir parâmetros mínimos para a sua execução, em conformidade com as normas técnicas oficiais, a lei geral de Turismo e o código de defesa do consumidor, que regem tais atividades.
Atividades na natureza envolvem riscos, acidentes naturais podem ocorrer, no entanto o aumento destes acidentes nos mostra a importância de uma gestão profissional da atividade turística nos destinos de ecoturismo e Turismo de aventura do Brasil. As atividades ao ar livre, apesar de desejáveis e com diversos pontos positivos, oferecem riscos inerentes a sua prática.
Todos esses desastres poderiam ter sido evitados e nos permite realizar muitas reflexões sobre segurança no Turismo.
PP: O aumento da procura por Ecoturismo no Brasil pode prejudicar a experiência dos turistas e o próprio destino?
VV: O aumento da procura por Ecoturismo no Brasil fortalece o Turismo de natureza do País. As atividades de ecoturismo e Turismo de aventura têm sido muito procuradas e demandadas, porém temos verificado um cenário de acidentes que poderiam ter sido evitados se gestores públicos e prestadores de serviços estivessem comprometidos com a legislação vigente, segurança e ordenamento turístico sustentável.
PP: Qual o papel do guia na segurança do turista? Vide coach no Pico dos Marins (SP) com grupo precisando ser resgatado.
VV: Além de seguir o que está em lei, demonstrar a seriedade em sua operação, prevenção e melhoria contínua da operação. O guia ou condutor deve zelar pelos seus clientes e minimizar o máximo de riscos possíveis. O líder da atividade deve também trazer um envolvimento maior com as comunidades locais, ter atenção constante com os aspectos de segurança, manutenção de equipamentos e aprimoramento dos serviços.
Estes profissionais precisam ser lideranças positivas e propositivas, para que façam a diferença de fato, entendendo e compreendendo a sua representatividade, o bem atender e qualidade de serviço.
A falta de informação por parte da população, consumidores, profissionais do Turismo e da gestão pública não é benéfica para o aprimoramento das experiências e atividades na natureza no Brasil.
PP: O ministro do Turismo, Gilson Machado, afirmou que fará reunião com os secretários para uma estratégia de avaliação de risco decorrentes de desastres naturais. O que deve ser endereçado nessa reunião?
VV: Acreditamos que precisa ser uma prioridade nacional preparar os destinos de natureza do Brasil para receber turistas com qualidade e segurança. Essas áreas, quando bem administradas e seguras, geram com Turismo praticamente toda a receita necessária para sua manutenção, aumentando a geração de emprego e renda e transformando parques e demais atrativos de Turismo de natureza em motivo de orgulho nacional.
Por meio de uma unidade de conservação bem estruturada é possível induzir o fluxo de visitantes à região onde ela se encontra, beneficiando os municípios localizados no seu entorno imediato e promovendo o envolvimento ativo e socioeconomicamente benéfico às populações locais, seja pelo uso de serviços de hospedagem, alimentação, aquisição de lembranças e artesanatos locais ou até mesmo pela contratação de guias ou condutores de visitantes para a realização de trilhas e atividades desportivas.
A administração pública deve criar ferramentas, como o Programa Aventura Segura, que foi realizado há dez anos em uma parceria entre Ministério do Turismo, Abeta e Sebrae, um verdadeiro marco do Turismo brasileiro. A partir disso, os governos estaduais deveriam criar também as suas ferramentas de controle, fortalecer, incentivar, promover e estimular a adesão por parte de profissionais do setor. E, por último, no mundo ideal, o município poderia ter o papel de fiscalização, adequação de prazos e liberação de alvarás – se um determinado negócio estiver fora do que rege as normas técnicas da atividade, não deve ser liberado. E isso está totalmente ligado à capacitação e conhecimento de quem está na gestão de Turismo pública.
Acreditamos que alianças entre a gestão pública com entidades como a própria Abeta, por exemplo, podem gerar frutos a médio ou longo prazo. Uma vez que há cursos voltados à estruturação do Turismo de natureza e entendimento das normas técnicas, por exemplo, além de outra porção de conteúdos técnicos voltados à gestão dos negócios no Turismo.