Da Redação   |   11/05/2023 16:33
Atualizada em 11/05/2023 16:39

Copacabana Palace (RJ) faz 100 com um olho no passado e outro no futuro

Ícone da hotelaria do Rio de Janeiro tem uma elegância difícil de superar

Carla Lencastre, especial para a Revista PANROTAS

Divulgação
A Praia de Copacabana, a piscina e a fachada do Copa, que em breve terá o tom de branco original
A Praia de Copacabana, a piscina e a fachada do Copa, que em breve terá o tom de branco original
Santos Dumont e Michael Schumacher não compartilharam o mesmo tempo no mundo. O aviador morreu em 1932, o piloto de Fórmula 1 nasceu em 1969. Mas convivem lado a lado na galeria de retratos em preto e branco de hóspedes famosos do Belmond Copacabana Palace. Às vésperas de completar seu primeiro centenário, o ícone da hotelaria do Rio de Janeiro ostenta impressionante lista de clientes conhecidos em diferentes áreas, como artistas, esportistas, membros da realeza e políticos. Santos Dumont e Schumi são apenas dois entre milhares que contribuem para o glamour do Copa, como o hotel é chamado pelos cariocas.

Hoje, há hotéis no Rio com prédios mais modernos e igualmente sofisticados. Mas a elegância do Copacabana Palace é difícil de superar. A história ao longo de 100 anos faz com que a experiência oferecida seja única. Não é em qualquer lugar que é possível nadar na mesma piscina semiolímpica em que Lady Di deu suas braçadas. Quem não está hospedado também é bem-vindo para pedir um drinque, uma água de coco ou simplesmente um café na varanda no Pérgula, um dos três restaurantes do Copa, e admirar a piscina imaginando a cena.

DE PORTAS ABERTAS PARA A CIDADE

O Copacabana Palace sempre foi um hotel frequentado pelos moradores do Rio. Muito antes de staycation virar uma prática regular durante a pandemia, já era comum casais ou mesmo pequenos grupos reservaram o Copa e comemorar uma data especial em sua própria cidade. Ou passar o réveillon na varanda com vista para a praia de Copacabana. Restaurantes (além do Pérgula, há os estrelados Mee e Cipriani) estão abertos ao público. Os 13 salões, com várias configurações e equipe especializada, são concorridos para eventos em geral, seja aniversário, casamento ou festa de negócios, com capacidade para até duas mil pessoas.

PANROTAS/Carla Lencastre
Plateia do teatro
Plateia do teatro
No salão mais famoso, o Golden Room, palco de vários artistas nacionais e internacionais durante décadas, foi celebrado o réveillon de 2022 para 2023, considerado pelo hotel como o marco inicial dos festejos de aniversário. O baile de carnaval deste ano teve como tema o túnel do tempo, uma homenagem à história do Copa. A data oficial de inauguração é 13 de agosto. No mês de aniversário, o teatro restaurado, onde Fernanda Montenegro estreou em 1950, será aberto ao público para mais uma temporada de “Copacabana Palace, o musical”, que reinaugurou o palco no final de 2021. Depois de quase 30 anos com as cortinas em veludo fechadas, esse foi um dos maiores investimentos recentes da Belmond no hotel.

Além de conhecer algumas das muitas histórias do Copa, assistir ao espetáculo é também uma oportunidade de apreciar o belo teatro com poltronas em veludo verde e boca-de-cena revestida em pau-brasil, que geralmente só abre para eventos. São 332 lugares, entre plateia, balcão, camarotes e frisas, acessíveis para pessoas com mobilidade reduzida. O café em anexo tem piso em mármore e paredes com painéis de madeira, seguindo o design original do teatro.

FACHADA VOLTA ÀS ORIGENS

Até agosto, deve estar concluída a obra de restauração da fachada à beira-mar, voltada para a Praia de Copacabana. É uma renovação sutil, daquelas que valorizam um produto de luxo. O branco das últimas décadas está sendo trocado por um tom ligeiramente diferente, mais perolado, criado especialmente para o hotel e batizado de Pérola Palace. Os detalhes em cinza estão voltando ao bege escuro. E os balcões Julieta, em ferro, pintados em branco, ficarão mais acinzentados. Todos estes detalhes têm como objetivo devolver as cores originais do início do século passado à fachada da construção de seis andares, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que receberá também nova iluminação.

O projeto original do Copacabana Palace é do arquiteto francês Joseph Gire, autor de vários outros prédios importantes no Rio de Janeiro. Entre eles estão o Palácio Laranjeiras (residência do governador), o antigo Hotel Glória e o edifício conhecido como “A Noite”, na Praça Mauá, que foi comprado pela Prefeitura do Rio e ainda não tem destino conhecido. São quase 100 anos de funcionamento ininterrupto. O hotel só fechou uma única vez, durante os quatro primeiros meses da pandemia, em 2020.

Divulgação
Foto histórica da entrada do Copacabana Palace
Foto histórica da entrada do Copacabana Palace
O carioca frequenta o Copa, mas quando o recorte é quem se hospeda no Copa, os estrangeiros já voltaram a ser maioria: “Hoje 60% do nosso público é de visitantes internacionais, principalmente americanos e britânicos”, diz o português Ulisses Marreiros, que assumiu a gerência em janeiro de 2021. “Mas abrimos novas frentes da pandemia, e o número de hóspedes brasileiros continua forte”. Afinal, ainda que intrinsecamente ligado à história da cidade, o Copa é um símbolo da hotelaria que vai além do Rio. São 239 acomodações, distribuídas entre o prédio principal e o Anexo (de 1948), com tamanhos entre 30 metros quadrados e 100 metros quadrados, banheiros em mármore e amenidades de banho da grife carioca Granado. Os hóspedes das suítes do sexto andar no prédio original têm acesso a uma piscina exclusiva na cobertura, a Black Pool. Desde 2018, a marca Belmond pertence ao conglomerado de luxo Louis Vuitton Moët Hennessy (LVMH).

OFERTA GASTRONÔMICA

Os três restaurantes do hotel ficam no entorno da piscina semiolímpica. Para uma noite memorável, a dica é reservar (com ao menos 24 horas de antecedência) a experiência omakase no balcão do moderno Mee, restaurante de cozinha asiática com uma estrela Michelin. O menu confiança de 15 etapas é praticamente todo preparado na frente dos clientes pelo chef Mori e seu time de sushimen, e há a opção de harmonizar com saquê. O percurso pode ir de ostra com ponzu a sorbet de manga com cardamomo, passando por nigiris de carne wagyu ou de kobe e atum bluefin. Aberto em 2014, o Mee está no mesmo local onde uma década atrás funcionava o animado Bar do Copa, que deixou saudades em uma geração de cariocas e visitantes. O décor mudou, mas nostálgicos reconhecerão o balcão de drinques no sushi bar.

O Ristorante Hotel Cipriani, também com uma estrela Michelin, homenageia o hotel homônimo em Veneza e é comandado pelo chef Nello Cassese, responsável por toda a área de Alimentos & Bebidas do Copa. Com apenas menus degustação, servidos em dois horários (reservar é fundamental), é um restaurante de luxo tradicional, com móveis em madeira escura, cadeiras forradas em veludo vermelho e mesas cobertas com toalhas brancas.

PANROTAS/Carla Lencastre
Detalhe do balcão do Mee
Detalhe do balcão do Mee
O Pérgula, mais casual, ocupa a área onde no passado ficava o Bife de Ouro, que marcou época no Rio de Janeiro. Tem cozinha internacional com toques brasileiros, como biscoito de polvilho no couvert; peixe do dia com vinagrete de uvas e caju, servido com salada de palmito pupunha, ou o surpreendente e refrescante ceviche de lichia com melancia. O destaque da decoração é um painel da artista francesa radicada no Rio Dominique Jardy, com um panorama do Rio Antigo. A feijoada aos sábados e o brunch aos domingos são muito concorridos, e geralmente é necessário fazer reserva com algumas semanas de antecedência.

Para um almoço ou jantar durante a semana, boa aposta é a experiência do grill do Pérgula, em uma mesa alta de oito lugares em frente à cozinha aberta para a finalização de pratos. Frutos do mar e carnes são feitos na brasa e o serviço é afiado e atencioso. É também no Pérgula que é oferecido o farto bufê de café da manhã, aberto a hóspedes e não hóspedes, e onde fica o Pool Bar que atende somente aos hóspedes na piscina renovada em 2017. Uma única coisa não muda na pérgula do Copa: o tradicional picadinho carioca, servido com arroz, banana, ovo frito e farofa, prato que não sai do menu. Como diz Ulisses Marreiro, o gerente geral, “o Copacabana Palace honra o passado do hotel para se inspirar para o futuro”.


A PANROTAS se hospedou no Copacabana Palace a convite da Belmond Brasil.

Essa matéria é parte integrante da Revista PANROTAS, que circula na ILTM Latin America 2023.


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