Artur Luiz Andrade   |   11/11/2020 14:34
Atualizada em 11/11/2020 14:36

Interior do RJ lidera ocupação hoteleira do País. Veja ranking

Estudo do Fohb e da HotelInvest mostra os Estados que mais se destacam na retomada das viagens


A HotelInvest, em parceria com o Fohb, analisou o ritmo de recuperação dos hotéis urbanos em 14 Estados brasileiros. Em comum, a ocupação cresce em todo o País, mas a velocidade e os valores atuais são bastante contrastantes.

“O estudo em parceria com a HotelInvest é importante para se entender como está o setor desde o começo da pandemia e os impactos no futuro. A intensificação da queda das diárias pede extrema atenção dos hoteleiros. Em setembro, tivemos uma queda de 15% na diária média nas capitais das regiões Sul e Sudeste, por exemplo. O momento pede serenidade e cautela para tomar as melhores decisões”, diz Orlando de Souza, presidente do Fohb.

Segundo o estudo do Fohb e da HotelInvest, o interior do Rio de Janeiro foi o líder em ocupação no Brasil, com valores médios de 48%, seguido pelas capitais do Pará e do Amazonas, ambas com 44% de ocupação. No intervalo de 30% a 38%, destaques à capital fluminense, a Vitória, a Recife e a Salvador. Entre as cidades indicadas, os principais indutores de demanda têm sido a cadeia produtiva de óleo e gás (Oil & Gas), empresas de pequeno e médio portes, com foco no público regional.

Para além dos valores médios, em quatro capitais (Manaus, Belém, Rio de Janeiro e Recife), 25% dos hotéis que melhor performaram superaram ocupações de 50% no mês.



ONDE ESTÀ MAIS LENTO?

Com exceção do Rio de Janeiro, beneficiado pelas demandas ligadas ao petróleo e pelo público de lazer, as cidades de maior pujança econômica do País seguem em ritmo lento de crescimento, em especial a capital paulista, que fechou setembro com ocupação média de 16%.

O predomínio de grandes empresas, com compliance mais rígido para viajar ou mesmo voltar aos escritórios, e a maior dependência de grandes eventos e de demanda internacional explicam o seu estágio mais prematuro de recuperação.Apesar dos resultados modestos, muitos dos hotéis econômicos e midmarket conseguiram atingir o breakeven até outubro, o que reflete o extremo corte de custos no setor.

DIÁRIA MÉDIA
As quedas de diária já eram esperadas, segundo Pedro Cypriano, da HotelInvest, em razão da ociosidade nos hotéis, da mudança do perfil de demanda e da dificuldade para acionar “gatilhos de tarifa dinâmica”. “A boa notícia é que em muitas cidades as reduções têm sido baixas. Já nos destinos das regiões Sul e Sudeste, com exceção de Vitória e de Curitiba, as quedas se acentuaram. Movimentos de redução de tarifa pública sinalizam uma luz amarela em alguns desses mercados e devem ser acompanhados com atenção”, analisa Cypriano.

ONDE CHEGAMOS?
Em maior ou menor velocidade, o Turismo continua em recuperação. Pedro Cypriano, da HotelInvest, destaca alguns indicadores corroboram os avanços recentes:

  • Faturamento do turismo cresce e em setembro ficou 34,7% abaixo do mesmo período de 2019 – segundo a CNC (Confederação Nacional do Comércio), nos últimos cinco meses, o faturamento do Turismo cresceu mais de três vezes e em setembro atingiu R$ 12,8 bilhões;
  • Buscas de hotéis no Google aproximam-se de patamares pré-crise – até o início de novembro, a busca por hotéis ficou apenas 19% abaixo do mesmo período de 2019. Hotéis regionais e de lazer puxam a média para cima;
  • Mercado aéreo também cresce, mas em ritmo mais lento – até outubro de 2020, tanto o volume de buscas no Google como o número de voos em operação, segundo a Anac, encontram-se próximos a 50% dos patamares pré-crise;
  • Na média mundial, ocupações dos hotéis atingiram 45% em setembro, segundo a STR – olhando-se para dentro ou para fora do Brasil, é nítido que ainda estamos apenas no início do processo de recuperação do setor. Referências de países mais avançados no controle da doença alimentam a esperança de um setor hoteleiro forte novamente pelo mundo. Ocupações da China já superam 60%.
Filip Calixto
Pedro Cypriano
Pedro Cypriano
O QUE VEM PELA FRENTE?

“Difícil precisar quando e em qual intensidade, mas mantida a tendência de queda de casos e óbitos da covid-19, não há outro caminho que não o de recuperação do desempenho da hotelaria no Brasil”, comenta o diretor da HotelInvest. E ele indica ao menos dois indicadores que reforçam a tendência de recuperação:

  1. Início de controle da covid é recente e pode intensificar a recuperação dos hotéis – quedas de casos e de óbitos ganhou mais força a partir de setembro, mês no qual os hotéis das regiões Sul e Sudeste cresceram, em média, até 7 p.p. em ocupação. De julho para agosto, o crescimento médio tinha sido de apenas 2 p.p.;
  2. Viagens corporativas devem se intensificar em 2021 – Em pesquisa realizada pela Alagev com 19 grandes gestores de viagens, espera-se que a partir do primeiro trimestre de 2021 o Turismo corporativo cresça com mais força no país.
“Na média, esperamos para a hotelaria urbana no Brasil um 2021 com RevPAR entre 60% e 80% sobre os valores alcançados em 2019, com destaque às cidades de pequeno e médio portes. E torcemos para que o controle da covid seja o mais breve possível para que o país volte a crescer e acelere a recuperação de todo o turismo no Brasil”, finaliza Pedro Cypriano.

O estudo termina com conclusões e alertas:
1 - Lazer forte e com boas perspectivas: dólar alto
2 - Tarifas de lazer em crescimento: retorno de RevPAR pode se dar em 2021
3 - 2022 em diante acima de 2019 para lazer: horizonte positivo
4 - Aumento das reservas diretas: menor dependência de terceiros.

ALERTAS
1 - Equilíbrio operacional mais claro no final do ano: atenção ao caixa
2 - Sinais de queda de tarifa nas capitais: risco de estender a recuperação do setor
3 - Cenário conservador para hotéis urbanos: ao menos em curto prazo
4 - Segunda onda de covid no Exterior: até a vacina, recomendação ainda é de cautela.

Acesse o estudo recente elaborado pela HotelInvest em parceria com o Fohb.

Filip Calixto
Orlando de Souza, do Fohb
Orlando de Souza, do Fohb



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