Thelma Lavagnoli   |   09/07/2019 09:25
Atualizada em 11/07/2019 14:42

Vale do Araguaia (MT): como nasce um destino turístico

Caio Penido promoveu o evento Dia de Campo com a Liga do Araguaia e promoveu discussão sobre Turismo como ferramenta de sustentabilidade com pecuaristas da região


Thelma Lavagnoli
Gruta Azul dentro da Fazendo Água Preta
Gruta Azul dentro da Fazendo Água Preta
Região de agropecuária, o Vale do Araguaia, no Mato Grosso, vê no Turismo uma forma de agregar valor à zona, promovendo os ativos ambientais da região como estratégia de conservação ambiental e inclusão social. Não por acaso, o tema foi um dos destaques da nona edição do Dia De Campo da Liga do Araguaia, evento anual, que aconteceu no dia 6 de julho, na cidade de Cocalinho (MT).O encontro também teve participação do youtuber e biólogo Richard Rasmussen, para falar sobre a preservação da onça-pintada; e Antônio Chaker, zootecnista e consultor e projetos em gestão agropecuária há 17 anos, que falou sobre como produzir mais.

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Caio Penido durante o Dia de Campo
Caio Penido durante o Dia de Campo
Com algumas dezenas de inscritos, o encontro tem como objetivo formar os pecuaristas em relação a pautas para melhor a rotina de produção do gado e desenvolvimento econômico deste pedaço do Mato Grosso e, consequentemente, apoiar o aumento de produtividade e renda dos locais. Quem está por trás da iniciativa é o núcleo de articulação agroambiental Liga do Araguaia, voltado ao desenvolvimento rural sustentável da região do Médio Vale do Araguaia, compostas por pecuaristas das cidades da região.

O articulador do grupo é Caio Penido, presidente do GTPS – Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável. E, segundo ele, a região do Médio Vale do Araguaia, parte da Serra do Roncador, tem grande potencial turístico por conta das belezas naturais. “Não perdemos em nada para os rios de Bonito (MS) ou formações da Chapada dos Guimarães (MT). Contudo, para as ações de Turismo serem de fato efetivas, elas precisam estar alinhadas às atividades pecuaristas já consolidadas na região e o apoio dos produtores locais é essencial”, afirma o profissional ao explicar porque levar o tema para o Dia de Campo foi um passo importante.

TURISMO E PRODUÇÃO
Depois do Dia de Campo, Penido convidou alguns participantes do evento para permanecer na região e conhecer algumas belezas, especialmente na sua fazenda Água Viva e na propriedade vizinha Água Preta, durante a Experiência Agroambiental no Vale do Araguaia. Entre eles o ator e ativista Victor Fasano, que esteve presente e apoia a união entre pecuaristas e nomes da preservação ambiental para caminharem juntos daqui para frente.

Thelma Lavagnoli
Pecuarista deve ver o Turismo como ferramenta de sustentabilidade e para gerar renda
Pecuarista deve ver o Turismo como ferramenta de sustentabilidade e para gerar renda
E, segundo Penido, o Turismo é um dos passos para isso, afinal os produtores da área precisam entender o que a atividade turística é estratégia de conservação: “A parte natural (biodiversidade) deveria ser um grande diferencial, mas acaba sendo um obstáculo para os pecuaristas. Então, se o produtor, dono de uma propriedade com uma cachoeira, passar a ganhar dinheiro com a área natural, ele também terá mais interesse em preservá-la. O pecuarista não é vilão”, explica.

DESENVOLVIMENTO
Vale lembrar que o produto turístico da região do Médio Vale do Araguaia, ainda está em desenvolvimento, afinal, apesar das belezas naturais como sua própria Gruta Azul (que tem irmãs famosas na Chapada Diamantina e em Bonito), a região ainda não tem infraestrutura suficiente para abraçar a indústria do Turismo em todo sua força. E, na verdade, esta nem é a vontade dos pecuaristas da região, que veem o segmento como um complemento de renda para ajudar na manutenção das belezas naturais e áreas de mata preservada.

Proprietário da Fazenda Água Preta, onde está a Gruta Azul, Alexandre Annicchino afirma que morre de medo que as pessoas descubram as belezas locais mas as desrespeitem. “Turismo sem controle eu não gostaria. Não é só chegar gente por aqui, mas sim criar uma estrutura. A gente precisa conseguir fazer um Turismo bacana, com respeito. Com um projeto bem feito e estruturado, faz total sentido.Também é legal formar pessoas da região. Pode ser uma forma de gerar renda e emprego para as esposas dos vaqueiros, por exemplo”, explica.

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Participantes da Experiência agroambiental no Vale do Araguaia na Fazenda Água Viva
Participantes da Experiência agroambiental no Vale do Araguaia na Fazenda Água Viva
Talvez, o começo disso seja criar um roteiro de atrações pelas fazendas para quem já é da região, como Lidiane Angelo, gerente do Sebrae da cidade de Barra do Garças, a cerca de 300 quilômetros de Cocalinho. “Sabia que existia a gruta azul, mas só tinha visto foto e vídeo. Acontece muito com outras pessoas da região. Acredito que se a gente da região começar a valorizar e propagar as belezas da natureza daqui, mais gente vai ficar sabendo”, opinou.

Há dois anos na região, Angelo ainda acrescentou que está impressionada em como a produção e o turismo podem estar integrados. E Caio Penido complementa dizendo que a ideia é justamente esta, afinal o “foco tão forte no trabalho que acabamos não vendo os atrativos daqui, não é preciso sair da região da Serra do Roncador para fazer Turismo de qualidade. Nossa missão é mostrar esse ativo ambiental, primeiro como um lazer para quem é daqui e, depois, como um futuro negócio.”

FORMATAÇÃO DO PRODUTO
Um dos primeiros passos de Penido, da Liga do Araguaia, foi procurar a Raízes - Consultoria Ambiental para ter uma visão profissional do potencial da região e, assim, formatar um projeto para o governo do Mato Grosso nos próximos meses. Em relação a sua própria fazenda Água Boa, Penido pretende oferecer experiências pelo Airbnb. Seja curtir as belezas naturais como um passeio pelo rio das Mortes, seja levar os visitantes para tocar o gado e conhecer a produção.

Thelma Lavagnoli
Passeio de barco no Rio das Mortes, em Mato Grosso
Passeio de barco no Rio das Mortes, em Mato Grosso

Secretária de Turismo da cidade de Barra do Garças, Mônica Porto explica que Barra está envolvida em três programas ligados a Turismo, sendo que um deles está relacionado a sua regionalização do Turismo, ligando cidades com mesma vocação na zona, como Cocalinho. Ela ainda ressalta que a questão do acesso também precisa e será trabalhada, afinal Barra do Garças, por exemplo, é uma das únicas cidades da região com voos comerciais - Azul opera rotas entre a cidade, Goiânia (GO) e Cuiabá (MT). “Estamos fazendo parcerias para que estas belezas naturais em áreas rurais sejam transformadas atrativos. Especialmente a parte prática , com certificação ambiental, bombeiros e estrutura física para acesso”, finaliza.

O Portal PANROTAS viajou a convite da JBS, uma das patrocinadoras do Dia de Campo

Veja álbum sobre evento Dia de Campo e atrativos na cidade de Cocalinho (MT):

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