Lufthansa busca propor sustentabilidade acessível
Veja entrevista com Lars Kropelin, diretor de Responsabilidade Corporativa do Lufthansa Group
O Lufthansa Group é uma das empresas aéreas com maior pioneirismo e investimento na agenda de governança ambiental, social e corporativa (ESG). Atualmente, o principal foco é em sustentabilidade com esforços para reduzir a emissão de poluentes nas viagens aéreas de suas cinco companhias (Austrian, Brussels Airlines, Eurowing, Lufthansa e Swiss).
Durante o evento Lufthansa Master Class 2022 em São Paulo, realizado em parceria com a PANROTAS, o grupo mostrou algumas das tecnologias em que está investindo e como planeja corresponder à metas de redução de emissão de CO2. Na ocasião, esteve presente Lars Kropelin, diretor de Responsabilidade Corporativa do Lufthansa Group, que explicou todas ações do grupo e forneceu entrevista exclusiva ao Portal PANROTAS sobre o assunto.
Confira abaixo.
PANROTAS - Primeiro, nos conta um pouco sobre o histórico e posicionamento do Lufthansa Group no ESG
LARS KROPELIN - Nosso histórico é muito grande, porque sustentabilidade não é novo, esse assunto começou nos anos 70. Nós fomos a primeira companhia a usar SAF em voos domésticos na Alemanha há mais de 10 anos, em 2011. É mais do que um legado, está no nosso DNA. Tentamos garantir que nossas parcerias e pessoas sejam bons cidadãos do mundo e a Lufthansa está apoiando iniciativa de funcionários, a motivação está em muitas de nossas pessoas. É isso que eu gosto. Não parte só da diretoria, mas parte também do pessoal. São 100 mil funcionários e eles que estão conduzindo esses projetos mundo afora, como a escola Natasha, em Guarulhos, em que a LSG Sky Chefs forma alunos em cozinha e também fornecem oportunidades de trabalho posteriormente.
Governança, para ser honesto, é lei na Alemanha e precisamos obedecê-la. Claro que temos uma forte motivação em seguir essas leis, mas é algo que devemos fazer. Promovemos treinamento em integridade e compliance para funcionários estarem familiarizados com boas práticas.
PANROTAS - Europa está à frente do Brasil?
KROPELIN - Não tenho certeza acompanhando esse evento (Lufthansa Master Class). Em quesitos como a distribuição de combustível, o Brasil está à frente, aqui tem etanol em todos os postos de gasolina. Acredito que temos forças em diferentes áreas e o Brasil está no caminho para fazer parte da solução. A principal diferença é que na Europa a discussão começou antes e os governos tentam aplicar leis para que isso seja cumprido, mas isso não tem relação com o mindset das empresas e da população. O Brasil pode ficar orgulhoso do que alcançaram e estão em boa companhia. Não será bom em todos segmentos, mas temos boas iniciativas.
PANROTAS - Como engajar passageiro e indústria nas ações de sustentabilidade?
KROPELIN - Estamos trabalhando intensamente nisso e promovendo participação de nossos clientes. Tem que ser um esforço conjunto entre a indústria e nós, porque esses esforços custam caro. Tínhamos abaixo de 1% de participação dos passageiros porque era muito complicado, então agora nosso esforço é em tornar o acesso fácil. No B2C, temos um site para que possam compensar e um link no processo de reserva para concordar com uma viagem sustentável. Tornando mais fácil a participação já subimos para 10% dos passageiros engajados.
Já o B2B quer promover o uso do SAF (combustível de aviação sustentável), mas de forma que já faça parte da reserva. Então, estamos testando na Escandinávia, para efetivar em 2023, um modelo em que você compra sua passagem e adiciona 10% de SAF e 20% de compensação. É o que chamamos de green fares. As empresas estão interessadas em reduzir sua pegada. Empresas também tem suas próprias metas, precisam de certificados para contabilizar. E isso é algo que fazemos para engajar empresas, emitimos certificados que podem ser publicados em relatórios anuais comprovando os esforços e compra de SAF, por exemplo.
PANROTAS - Como os países estão colaborando para diminuir e compensar?
KROPELIN - Na Europa, as leis estão desenvolvidas, mas às vezes sinto que acreditam que ser verde é voar menos, consumir menos, mudar o estilo de vida. Um bom exemplo são os combustíveis sustentáveis, que atualmente são caros de se produzir, mas nos Estados Unidos está sendo muito subsidiado para fazer SAF mais barato e trazer o preço mais próximo dos combustíveis fósseis. Em um país grande como os EUA, ou até o Brasil, sabemos que voar menos não é a resposta porque são países extensos. Então, a pergunta é como os governos podem ajudar a promover novas tecnologias?
Também acreditamos ser importante operar em ambientes nivelados. Às vezes, passageiros preferem por companhias aéreas de países que não possuem as mesmas legislações e são mais baratas. Então, acredito que todos deveriam estar dentro da mesma lei, porque precisamos operar nas mesmas circunstâncias.
PANROTAS - A sustentabilidade possui um custo. É avaliada uma taxa de sustentabilidade? Como conscientizar passageiro? Começa no corporativo?
KROPELIN - Essa é a grande questão, mas o que podemos falar é que vemos muito interesses em pessoas que usam ferramenta de reserva on-line. O que faremos é apoiar as transformações nas mentes do nosso passageiro com fácil acesso. No B2B, é um trabalho para em prol da humanidade, então empresas querem fazer parte e estar dentro do Acordo de Paris. Estamos otimistas de que isso só é começo.
PANROTAS - Quais os próximos passos? Qual seria o avião modelo para o desafio dos voos de longa distância?
KROPELIN - A coisa mais importante é que estamos trabalhando com uma das frotas mais modernas do mundo. Receberemos mais aeronaves como o B787 e B777-9 até 2025. Toda solução técnica que está disponível estamos investindo e é isso que podemos fazer por agora, reduzindo emissões de CO2 em 30%. Temos 200 aviões encomendados até 2030 e faremos uma grande transição da frota. Para além da renovação de frota, esperamos ter SAF em grande quantidade e fácil acesso para fazer as viagens. Não é impossível, mas não podemos contar com uma aeronave grande elétrica pelos próximos 20 anos, então precisamos ter o suficiente SAF para reduzir emissões.
PANROTAS - Como confiar na seriedade desses projetos para além do greenwashing?
KROPELIN - Nós temos um manifesto para falar sobre sustentabilidade, website com resumo das atividades e vamos para fora de mercado para comunicar as ações. Marketing não é tão fácil, porque temos a meta de ser confiáveis e transparente. Em adição, nos nossos relatórios anuais temos números sobre nossas ações de mitigação. E tentamos promover iniciativas para ser o mais transparente possível. Sempre nos esforçamos para tornar essas ações possíveis de serem percebidas e identificadas por clientes. Somos orgulhosos em ser uma das primeiras companhias aéreas certificadas pelas iniciativas de sustentabilidade.
Durante o evento Lufthansa Master Class 2022 em São Paulo, realizado em parceria com a PANROTAS, o grupo mostrou algumas das tecnologias em que está investindo e como planeja corresponder à metas de redução de emissão de CO2. Na ocasião, esteve presente Lars Kropelin, diretor de Responsabilidade Corporativa do Lufthansa Group, que explicou todas ações do grupo e forneceu entrevista exclusiva ao Portal PANROTAS sobre o assunto.
Confira abaixo.
PANROTAS - Primeiro, nos conta um pouco sobre o histórico e posicionamento do Lufthansa Group no ESG
LARS KROPELIN - Nosso histórico é muito grande, porque sustentabilidade não é novo, esse assunto começou nos anos 70. Nós fomos a primeira companhia a usar SAF em voos domésticos na Alemanha há mais de 10 anos, em 2011. É mais do que um legado, está no nosso DNA. Tentamos garantir que nossas parcerias e pessoas sejam bons cidadãos do mundo e a Lufthansa está apoiando iniciativa de funcionários, a motivação está em muitas de nossas pessoas. É isso que eu gosto. Não parte só da diretoria, mas parte também do pessoal. São 100 mil funcionários e eles que estão conduzindo esses projetos mundo afora, como a escola Natasha, em Guarulhos, em que a LSG Sky Chefs forma alunos em cozinha e também fornecem oportunidades de trabalho posteriormente.
Governança, para ser honesto, é lei na Alemanha e precisamos obedecê-la. Claro que temos uma forte motivação em seguir essas leis, mas é algo que devemos fazer. Promovemos treinamento em integridade e compliance para funcionários estarem familiarizados com boas práticas.
PANROTAS - Europa está à frente do Brasil?
KROPELIN - Não tenho certeza acompanhando esse evento (Lufthansa Master Class). Em quesitos como a distribuição de combustível, o Brasil está à frente, aqui tem etanol em todos os postos de gasolina. Acredito que temos forças em diferentes áreas e o Brasil está no caminho para fazer parte da solução. A principal diferença é que na Europa a discussão começou antes e os governos tentam aplicar leis para que isso seja cumprido, mas isso não tem relação com o mindset das empresas e da população. O Brasil pode ficar orgulhoso do que alcançaram e estão em boa companhia. Não será bom em todos segmentos, mas temos boas iniciativas.
PANROTAS - Como engajar passageiro e indústria nas ações de sustentabilidade?
KROPELIN - Estamos trabalhando intensamente nisso e promovendo participação de nossos clientes. Tem que ser um esforço conjunto entre a indústria e nós, porque esses esforços custam caro. Tínhamos abaixo de 1% de participação dos passageiros porque era muito complicado, então agora nosso esforço é em tornar o acesso fácil. No B2C, temos um site para que possam compensar e um link no processo de reserva para concordar com uma viagem sustentável. Tornando mais fácil a participação já subimos para 10% dos passageiros engajados.
Já o B2B quer promover o uso do SAF (combustível de aviação sustentável), mas de forma que já faça parte da reserva. Então, estamos testando na Escandinávia, para efetivar em 2023, um modelo em que você compra sua passagem e adiciona 10% de SAF e 20% de compensação. É o que chamamos de green fares. As empresas estão interessadas em reduzir sua pegada. Empresas também tem suas próprias metas, precisam de certificados para contabilizar. E isso é algo que fazemos para engajar empresas, emitimos certificados que podem ser publicados em relatórios anuais comprovando os esforços e compra de SAF, por exemplo.
PANROTAS - Como os países estão colaborando para diminuir e compensar?
KROPELIN - Na Europa, as leis estão desenvolvidas, mas às vezes sinto que acreditam que ser verde é voar menos, consumir menos, mudar o estilo de vida. Um bom exemplo são os combustíveis sustentáveis, que atualmente são caros de se produzir, mas nos Estados Unidos está sendo muito subsidiado para fazer SAF mais barato e trazer o preço mais próximo dos combustíveis fósseis. Em um país grande como os EUA, ou até o Brasil, sabemos que voar menos não é a resposta porque são países extensos. Então, a pergunta é como os governos podem ajudar a promover novas tecnologias?
Também acreditamos ser importante operar em ambientes nivelados. Às vezes, passageiros preferem por companhias aéreas de países que não possuem as mesmas legislações e são mais baratas. Então, acredito que todos deveriam estar dentro da mesma lei, porque precisamos operar nas mesmas circunstâncias.
PANROTAS - A sustentabilidade possui um custo. É avaliada uma taxa de sustentabilidade? Como conscientizar passageiro? Começa no corporativo?
KROPELIN - Essa é a grande questão, mas o que podemos falar é que vemos muito interesses em pessoas que usam ferramenta de reserva on-line. O que faremos é apoiar as transformações nas mentes do nosso passageiro com fácil acesso. No B2B, é um trabalho para em prol da humanidade, então empresas querem fazer parte e estar dentro do Acordo de Paris. Estamos otimistas de que isso só é começo.
PANROTAS - Quais os próximos passos? Qual seria o avião modelo para o desafio dos voos de longa distância?
KROPELIN - A coisa mais importante é que estamos trabalhando com uma das frotas mais modernas do mundo. Receberemos mais aeronaves como o B787 e B777-9 até 2025. Toda solução técnica que está disponível estamos investindo e é isso que podemos fazer por agora, reduzindo emissões de CO2 em 30%. Temos 200 aviões encomendados até 2030 e faremos uma grande transição da frota. Para além da renovação de frota, esperamos ter SAF em grande quantidade e fácil acesso para fazer as viagens. Não é impossível, mas não podemos contar com uma aeronave grande elétrica pelos próximos 20 anos, então precisamos ter o suficiente SAF para reduzir emissões.
PANROTAS - Como confiar na seriedade desses projetos para além do greenwashing?
KROPELIN - Nós temos um manifesto para falar sobre sustentabilidade, website com resumo das atividades e vamos para fora de mercado para comunicar as ações. Marketing não é tão fácil, porque temos a meta de ser confiáveis e transparente. Em adição, nos nossos relatórios anuais temos números sobre nossas ações de mitigação. E tentamos promover iniciativas para ser o mais transparente possível. Sempre nos esforçamos para tornar essas ações possíveis de serem percebidas e identificadas por clientes. Somos orgulhosos em ser uma das primeiras companhias aéreas certificadas pelas iniciativas de sustentabilidade.