Quais são os desafios da multipropriedade na indústria hoteleira?
Adit Share 23: Hoteleiros revelam como manter a sustentabilidade na modalidade de contratação imobiliária
Durante o seminário Desafios de uma operação hoteleira-condominal - Como pagar a conta, onde aperta o calo e quais cuidados os desenvolvedores devem considerar, importantes players da indústria hoteleira falaram sobre o cenário de multipropriedade no Brasil, revelando as particularidades dessa modalidade de aquisição e os desafios para fidelizar o cotista de uma propriedade compartilhada.
Ministraram o seminário, durante o Adit Share 23, na Costa do Sauípe, Armando Ramirez, diretor da Wyndham Hotel e Resorts, Alexandre Zubaran, CEO da Enjoy Hotéis e Resorts, Rafael Delgado, head de operações e implantação da Livá Hotéis, e André Bekerman, fundador da Trul Hotéis.
AUTOMATIZAÇÃO DE PROCESSOS
Um dos desafios da modalidade de multipropriedade é a automatização de processos, sobretudo no que diz respeito ao atendimento ao proprietário. O elevado número de cotistas é um entrave para o operacional, que muitas vezes não dá conta de atender todas as demandas de todos.
“Em uma multipropriedade, todos os cotistas têm direito a reivindicar serviços e atendimento. Imagine como é uma reunião de condomínio com centenas de pessoas donas de um único imóvel? Se não há automatização de serviços, com elevado uso de tecnologia, não será possível atender aos cotistas e o mercado de multipropriedades irá pagar o preço da falta de atendimento”, conta André Bekerman.
Os palestrantes revelaram, no entanto, que o uso de tecnologia deve ser feito com certa parcimônia, uma vez que o atendimento humano também é importante para solucionar problemas pontuais que a máquina não consegue resolver e que frustram o cliente que busca soluções rápidas para os problemas diários de um condomínio.
Rafael Delgado revelou que a Livá fundou uma central de férias apenas para manter uma boa comunicação com seus clientes. "Precisamos criar operações enxutas, mas que atendam de maneira satisfatório todos os clientes. É um desafio constante", explicou o head de operações.
Além da questão do atendimento, a automatização de processos diários também é importante para manter os custos da operação regulados, já que questões simples como consumo de água, produção de lixo e outros serviços que geram custos e necessitam de cuidados do operacional são multiplicados quando tratamos de multiproprietários de um único imóvel.
“Manter o valor do condomínio baixo é um dos segredos para a sustentabilidade desse negócio e, nesse sentido, a tecnologia auxilia a equipe de operação a reduzir custos mantendo um bom atendimento ao condômino”, revela Alexandre Zubaran.
MULTIPROPRIEDADE EM GRANDES REDES
Redes hoteleiras tradicionais e consolidadas já estão operando projetos de multipropriedade em seu portfólio de produtos. A rede Wyndham Hotels & Resorts, por exemplo, já possui 14 projetos nessa modalidade, entre operações e contratos assinados.
Alexandre Zubaran, da Enjoy Hotéis, revelou o volume de 13 mil leitos de multipropriedade que estão nas mãos de cerca de 50 mil famílias.
Pela Trul Hotéis, há a previsão de mais de dez empreendimentos de propriedade compartilhada para o ano de 2023.
Já a Livá Hotéis anunciou, durante a Adit Share 23, o fechamento de mais dois negócios para gestão hoteleira e condominial de empreendimentos de multipropriedade.