Saída de Patrícia e Viviânne da Alagev marca fim de era
Patrícia Thomas continua presidente da Alagev até 31 dejulho e Viviânne Martins preside o conselho e coordena o momento de transição da entidade de viagens e eventos corporativos até 31 de agosto. Isso porque as duas decidiram abrir mão de seus cargos
Patrícia Thomas continua presidente da Alagev até 31 de julho e Viviânne Martins preside o conselho e coordena o momento de transição da entidade de viagens e eventos corporativos até 31 de agosto. Isso porque as duas decidiram abrir mão de seus cargos na associação para se dedicarem integralmente à Academia de Viagens Corporativas, onde são sócias e que, segundo elas, precisa de 100% de atenção nesse momento de mudanças no mercado e aumento de demanda por consultorias, treinamentos e capacitação.
Pelo estatuto da Alagev, com a renúncia de Patrícia, que seguiria presidente até abril de 2018, o vice, Walter Teixeira, da TX Consultoria, assumiria. Mas Teixeira alegou motivos pessoais e também renunciou ao cargo, obrigando a um novo processo eleitoral, que será feito em abril. Haverá eleição para presidente, vice-presidente e algumas vagas no conselho da associação. A candidatura é individual e não em chapa. "Assim como de outras vezes, não tenho como assumir uma entidade como a Alagev. Meu caminhãozinho já está muito cheio, com a TX, outras empresas e o Projeto Âncora, que presido", justificou Teixeira ao PANROTAS.
“Vai ser bom para ambos os lados, para a Alagev e para a Academia”, diz Viviânne Martins, em entrevista ao Portal PANROTAS. Segundo ela, havia confusão entre o que era a entidade e a empresa e a separação vai ajudara esclarecer. Inclusive a Alagev, que hoje funciona na sede da Academia, no Itaim, em São Paulo, já está buscando um novo escritório.
Para o também diretor da Alagev, e um dos mantenedores, Raffaele Cecere, da R1, a mudança vai proporcionar a chegada de novas lideranças e ideias. “Patrícia e Viviânne, como sócias-fundadoras da entidade continuam com a gente, não sairão da associação, mas renovar é bom”, disse Cecere ao PANROTAS. Ele diz que o mercado entenderá melhor a diferença entre a Academia de Viagens, uma empresa de Patrícia e Viviânne, e a Alagev, uma associação.
Patrícia lembra que a Academia de Viagens é o braço educacional da Alagev e que essa parceria deve continuar, segundo sinalizou o conselho, quando as duas anunciaram sua decisão. “Já tentamos essa saída anteriormente, mas este é o momento. A Academia precisa dar um salto e de toda a nossa atenção. Viviânne já esteve na Europa e na próxima semana estará nos Estados Unidos para fechar novidades que anunciaremos em breve”, conta. “Fizemos um trabalho voluntário intenso na Alagev. Pouca gente faz isso que fizemos, mas chegou a hora de nos dedicarmos a nossa empresa”, acrescenta Viviânne, que disse que não houve crise alguma interna na associação e que a decisão é empresarial. “Vamos cuidar do nosso segundo filho”, diz Patrícia.
MUDANÇAS INTERNAS
Segundo Thomas, a entidade está estável financeiramente e com equipe formada, incluindo uma nova gerente, Giovana Jannuzzelli, ex-CWT e Flytour. Falta apenas um novo coordenador de Eventos, para cuidar do Lacte. “O Lacte, vale dizer, bateu todos os recordes na sua edição 2017: de público, de satisfação, de conteúdo inovador e de arrecadação”, comenta Viviânne Martins.
“A Patrícia fez em pouco mais de um ano um mandato equivalente a dois (anos). Pegou uma entidade zerada de capital humano e com a ajuda do conselho reestruturou a associação internamente. Ficamos tristes com sua saída, mas o trabalho está feito”, corrobora João Bueno, da ABR, outro conselheiro. “Há preocupação, pois toda mudança gera ansiedade, mas nas nossas reuniões temos discutido o que queremos da Alagev no futuro. Não dá mais para pensar uma entidade como há 15 anos, quando foi fundada”, continua.
Para Bueno, a presidência da Alagev deveria ser ocupada por um gestor de viagens, mas não é toda empresa que permite que isso ocorra. “Estamos vendo alguns nomes, mas queremos também renovar a entidade. Se for preciso haverá uma mudança de estatuto, mas é importante a participação cada vez mais ativa do conselho, para que a Alegev mantenha seu protagonismo na indústria”.
"Talvez apareça gente disposta e com novas ideias com esse afastamento operacional de Patrícia e Viviânne", diz Walter Teixeira. "A Alagev é uma associação sólida, o Lacte está sob controle, o ambiente é propício para mudanças. Vejo de forma positiva essa movimentação e entendo o lado das empresárias Viviânne e Patrícia", emendou Walter Teixeira.
Quem também aposta que a mudança será positiva é Ana Luiza Masagão, conselheira da Alagev e diretora do Royal Palm Plaza. "Não é um enfraquecimento e sim uma oportunidade de mudança para melhor. Uma oportunidade para a Alagev se repensar e reconstruir alguns modelos e atuações. Caberá ao Conselho manter o que já foi conquistado e preservar a seriedade e solidez da Alagev", opina. "Vivi e Patrícia foram muito importantes na história da entidade e poderão colaborar ainda mais com a parte educacional da Alagev, mas agora há espaço para novas ideias aparecerem e novas caras contribuírem", finaliza.
HISTÓRICO
Viviânne Martins foi uma das fundadoras do Grupo de Gestores de Viagens Corporativas (GEV), em 1991, quando ainda trabalhava na Bayer. Em 1996, Patrícia Thomas, então na Cargill, se junto ao grupo, que virou ABGev em 2003 e Alagev em 2007. O Lacte já ocorre há 12 edições e se firmou como o evento de viagens e eventos corporativos no País. “Vemos várias associações sem qualquer condição querendo trabalhar com o corporativo no Brasil, mas o Lacte é a prova maior de que esse lugar é a Alagev, que está mais forte que nunca”, comentou Viviânne.
“Tivemos um tremendo sucesso com o Lacte e queremos que isso continue, por isso a importância dessa transição”, opina o conselheiro e mantenedor da Alagev, Matt Teixeira, da Best Western. “Acho que a associação sempre terá seu lugar na indústria, mas com certeza precisamos criar um senso de comunidade, com mais colaboração de todos. Mudar é duro, nunca é fácil, mas é necessário. Sempre temos de pensar no futuro, e é isso que a Alagev vai fazer com essa mudança. A associação pode ser o agente na indústria que provocará ou acelerará mudanças ou ações significativas”, continua o diretor da rede hoteleira. “No meu ponto de vista, uma associação como a Alagev é sobre os pares do setor compartilhando o acesso a bens e serviços, com confiança e transparência”, finaliza.
Todos os mantenedores da Alagev estão mantidos, com exceção da TX, que continua como membro, no entanto. Os demais são Aerolíneas Argentinas, que entrou este ano, Best Western, Gol, HRS, Omnibees e R1.
“Quem nunca passou na vida por esse momento de ter de escolher? Estamos felizes pelo trabalho feito, pelo promissor futuro tanto na Academia quanto da Alagev como entidade do setor de viagens e eventos corporativos”, comenta Viviânne Martins. Na Academia de Viagens, ela e Patrícia coordenam cursos de gestão, workshops compactos, 13 edições do evento Abroad e cerca de 50 projetos por ano de consultoria e treinamento.
Viviânne e Patricia deixam a Alagev com 190 empresas associadas e mais de 370 associados. A nova diretoria será eleita para cobrir o mandato até abril de 2018, quando nova eleição será convocada.