Karina Cedeño   |   05/06/2017 09:00

O que as empresas podem fazer para garantir a segurança das mulheres viajantes?

O caminho mais seguro pode ser também o mais caro, mas sem dúvida é o mais rentável 

Dreamstime
Sua política de viagens já considera questões de segurança para mulheres?
Sua política de viagens já considera questões de segurança para mulheres?

Ainda que todo viajante corporativo enfrente preocupações relacionadas a segurança, não dá pra negar que as mulheres que viajam a trabalho têm de lidar com questões ainda mais complicadas, como assédio e atenção indesejada, por exemplo.

Recente pesquisa desenvolvida pela empresa Maiden Voyage, que fornece recursos para mulheres que viajam a trabalho, revelou que 31,4% das entrevistadas já sofreram assédio sexual durante uma viagem, e os riscos também se estendem a roubo, assalto, estupro e sequestro, fatores que tornam a questão da segurança responsabilidade das empresas onde elas trabalham.

O relatório 2016 Women in Business Travel Report também mostra que 77% das entrevistadas querem que o programa de viagens de suas empresas considerem suas necessidades como viajantes corporativas, o que, segundo a CEO da Maiden Voyage, Carolyn Pearson, pode ser feito de diversas maneiras.

Em entrevista ao Skift, ela conta que muitas corporações não enviam funcionárias mulheres a viagens de negócios para não terem que lidar com a responsabilidade por sua segurança, atitude que pode acarretar perdas significativas nos negócios e barrar o desenvolvimento dessas profissionais. Muitas das empresas também não se comprometem a pagar um pouco mais por um hotel mais seguro ou táxis para evitar que as viajantes andem sozinhas durante a noite.

Ter uma conversa franca com as funcionárias, informando-as quais são os riscos que poderão encontrar durante a trajetória, também é uma boa alternativa, segundo Carolyn. “É preciso que as empresas sejam transparentes e forneçam a elas informações como o padrão do hotel onde ficarão hospedadas, a classe em que voarão na aeronave e que tipo de transporte terrestre terão à disposição após o desembarque", explica a CEO da Maiden Voyage.

Essas medidas não se limitam apenas a deixar as viajantes mais confortáveis, como também são obrigação legal para proteger um grupo cada vez maior de mulheres que viajam a trabalho. Uma pesquisa conduzida pela Global Business Travel Association (GBTA) mostra que 37% dos viajantes de negócios dos Estados Unidos no ano passado eram do sexo feminino, o que representa um aumento de 35% em relação a 2013.

“Estamos começando a ver as empresas incluindo uma pergunta para as TMCs na RFP, questionando o que as agências têm feito para proteger suas viajantes mulheres, já que muitas agências corporativas nem sequer começaram a pensar nisso. Participei de uma conferência de viagens onde foi perguntado aos presentes quantos consideram as necessidades específicas de gênero em suas políticas de viagens. Apenas 10% deles levantaram as mãos. Acredito que os gestores de viagens estejam mais conscientes dos desejos e necessidades de suas viajantes do que os TMCs”, salienta Carolyn.

Porém, muitos desses gestores estão tão preocupados com a redução de custos em suas políticas que nem acabam considerando o fator humano, fato que poderá acarretar prejuízos muitos maiores depois, caso algo dê errado com suas viajantes. “Isso gerará um impacto muito mais amplo na empresa, envolvendo também sua reputação, o custo real da pessoa que saiu, se feriu ou se recusa a voltar e todas as questões de seguro em torno disso, o tempo gasto no RH, entre outros", explica Carolyn.

O caminho mais difícil e caro é olhar para a segurança, mas reservar hotéis e serviços de transporte destinados exclusivamente ao público feminino pode trazer resultados muito mais eficientes nos negócios, além, claro da satisfação das viajantes. "Até os serviços de economia compartilhada, como Airbnb e Uber, por exemplo, já estão de olho no crescente mercado de viajantes corporativas e procuram desenvolver produtos que atendam a ele. Opções é o que não faltam, basta pesquisar", conclui a especialista.


*Fonte: Skift

conteúdo original: http://bit.ly/2qHbBWT

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