Karina Cedeño   |   23/01/2018 09:00

Viagens corporativas: como eram no passado e qual rumo tomarão?

Uma viagem às décadas anteriores mostra que os serviços eram muito mais valorizados e reconhecidos; veja opinião de especialista


Dreamstime
São muitos os desafios e gaps que a indústria de viagens corporativas enfrenta hoje em dia, mas imagine esse cenário há uma ou duas décadas, quando não havia as tecnologias que estão disponíveis hoje. Difícil? Ou mais fácil?

Quem vivenciou esse período garante que ele não foi apenas marcado por desafios e problemas, mas também por diversos pontos positivos que ficaram para trás. Essa é a visão do presidente do Conselho de Administração da Costa Brava, Mauro Schwartzmann, que contou ao PANROTAS Corporativo o que mudou de lá para cá e quais rumos o setor poderá tomar daqui para frente.

“Nos anos 1980 e meados dos anos 1990 as viagens corporativas eram, sob o ponto de vista de tecnologia, muito mais trabalhosas para as agências. Os sistemas, se comparados aos de hoje, eram muito básicos e quase sempre tínhamos que consultar nossos ‘tarifeiros’ e os das companhias aéreas, além dos livros OAG e ABC e do próprio tarifário da PANROTAS, sem contar que as emissões eram feitas em bilhetes carbonados, à mão”, relembra Schwartzmann.

Emerson Souza
O presidente do Conselho de Administração da Costa Brava, Mauro Schwartzmann
O presidente do Conselho de Administração da Costa Brava, Mauro Schwartzmann
Quando as aéreas informavam um aumento de tarifas, era preciso ficar até altas horas emitindo com a data anterior ao aumento, para elevar o faturamento e beneficiar os clientes.

“Existiam poucas opções de tarifas se comparado com a 'sopa de letrinhas' da atualidade, e havia acordos corporativos bem mais amigáveis, uma remuneração justa, prazos mais longos para pagamento de faturas, quase não havia fraude e corrupção. Tenho que registrar que foram tempos com muita amizade agregada à relação profissional. Os gerentes e diretores tinham mais liberdade para ajudar em confirmações de voos, upgrade, isenção de taxas etc”, conta o especialista.

E HOJE?
Hoje tudo é "de acordo com o que está no sistema, muito pragmático", segundo o empresário. "Não há mais - com raras exceções - a intervenção humana, tudo tem que ser o que consta nas regras e ponto final. Claro que a tecnologia melhora sobremaneira a gestão, porém exige investimentos elevados e permanentes, sem falar que as inovações chegam com velocidade gigantesca, como avalanches, e nos obrigam a acompanhar o ritmo, sob pena de ficarmos em desvantagem na busca de clientes."

O estresse hoje é muito maior, a concorrência é predatória e as margens em função dessa ‘guerra’ ficam muito mais baixas, na visão de Schwartzmann. "Tenho muita dificuldade para entender esse caminho onde o cliente busca máxima economia, mas não leva em conta que para receber aquela enorme gama de serviços, que em última análise geram mais economia e produtividade à sua empresa, a TMC tem que cobrar um fee justo, proporcional ao seu investimento em tecnologia e recursos humanos, de tal forma que justifique o empenho em fazer uma gestão irretocável para a empresa cliente. Com toda certeza posso afirmar que nossos serviços eram muito mais valorizados e reconhecidos no passado”, pondera o especialista.

Para os próximos anos, o prognóstico é difícil de ser definido. “Claro que a avalanche tecnológica continuará nos pressionando e a guerra entre as agências parece que nunca irá acabar – infelizmente, porque isso é muito ruim para todo o trade e para o mercado de maneira geral”, ressalta.

Já a gestão das contas das empresas terá que ser, segundo Schwartzmann, mais consolidada, não só voltada unicamente para viagens propriamente ditas e seus complementos, mas também envolvendo outros serviços que agreguem mais valor à gestão. O acompanhamento do dia a dia dessa gestão será cada vez mais necessário, fatalmente as viagens a lazer irão complementar as viagens a trabalho, gerando como consequência muito mais qualidade de vida a todos.

“De todo modo, como acredito que as coisas tendem sempre a melhorar, de alguma forma, ao contrário ao que temos assistido no Brasil, espero que o nosso setor seja reconhecido, como um todo, por atitudes éticas, por oferecer serviços de alta qualidade a preços justos, com total transparência. Que possamos ser exemplo de conduta”, conclui Schwartzmann.

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