Filip Calixto   |   28/02/2023 21:10
Atualizada em 28/02/2023 21:15

Lacte 18 traz marcas do afroturismo com Movimento Black Money

O Movimento Black Money teve um espaço próprio dentro do Lacte 18 para apresentar iniciativas

Como símbolo do tema principal da edição 2023 do Lacte, que é o enfrentamento ao racismo, o Movimento Black Money (MBM) apareceu nos últimos dois dias como um dos expositores do evento realizado no Golden Hall do WTC Events Center, em São Paulo, ontem (27) e hoje (28). No espaço dedicado a falar das potencialidades de empresas fundadas e geridas por negros no Brasil, os participantes foram marcas que colaboram para um Turismo mais inclusivo, diverso e, sobretudo, antirracista, dialogando diretamente com muitos dos momentos de palestras que o encontro apresentou.

PANROTAS / Emerson Souza
O Movimento Black Money foi representado por empresas que participam do marketplace Mercado Black Money ao Lacte 18
O Movimento Black Money foi representado por empresas que participam do marketplace Mercado Black Money ao Lacte 18
No lounge do Movimento Black Money os convidados puderam conhecer o portal Mercado Black Money (mercadoblackmoney.com.br), que é um marketplace com cerca de 2,5 mil lojistas e profissionais que produzem mais de 5 mil produtos e serviços nos mais variados tipos e estilos. As muitas empresas disponíveis na plataforma estavam representadas no evento pelas seguintes marcas: Awa - Produtos Feitos de Planta, Free Soul Food, Brafrika e AFPA. Cada uma dessas companhias trouxe um representante e o próprio marketplace também foi representado para explicar como ele poder ser melhor utilizado.

"Muitas empresas, inclusive no Turismo, têm buscado maneiras de efetivar políticas de inclusão em sua gestão. E não são poucos os gestores que justificam o baixo desenvolvimento da questão por não saber onde encontrar opções afrocentradas. É exatamente isso que oferecemos, com uma ampla gama de empresas e prestadores de serviço essencialmente negros em um só lugar", aponta a executiva do Movimento Black Money, Sara Cristina.

"Nosso trabalho é fazer com que fornecedores negros consigam trazer as soluções exatas que o mercado vem buscando", resume Sara quando perguntada sobre o objetivo da plataforma. Ela completa dizendo que, atualmente, os campeões de procura no ecossistema são os itens educativos, como as consultorias com empresários pretos e os e-books digitais. Na parte de produtos, os mais buscados peças de moda, como bolsas e adereços, que têm sido, inclusive, usadas como brindes para eventos corporativos.

Vale lembrar que as empresas e profissionais que estão por trás dos anúncios do Mercado Black Money são, quase que em totalidade, moradores de comunidades periféricas espalhadas pelo Brasil, que conseguem viabilizar seu negócio por meio do fortalecimento da identidade negra.

"Entendo que, com a participação em eventos como este, estamos dando mais alguns passos no caminho de conscientização que a sociedade e o mercado corporativo ainda precisam ter. Também é importante perceber a sensibilidade que a Alagev teve em promover empresas que têm como filosofia criadora as práticas antirracistas", completa Sara.

CONCEPÇÃO
O Movimento Black Money e a participação de empresas adeptas no Lacte 18 começou a ser gestado ainda no ano passado, a partir de conversas de representantes do movimento com a gestão da Alagev. Hubber Clemente, fundador da startup ESG Afroturismo HUB e um dos palestrantes do evento, participou da idealização da participação e conta que a visibilidade trazida pelo espaço foi refletida como um espelho no palco do evento.

A avaliação do executivo leva em conta as muitas palestras que tocaram diretamente no tema. Nos dois dias ocorreram painéis que alertavam os participantes sobre a necessidade de construir políticas que incluam profissionais negros dentro da dinâmica empresarial. Em muitas delas, os palestrantes, inclusive, chamaram atenção para o fato de o Turismo ainda ser um setor com baixa compreensão do tema e histórico de atos racistas.

O exemplo histórico mais bem acabado e lembrado em um dos painéis foi o caso da dançarina e coreógrafa americana Katherine Dunham, em 1950. Em uma passagem pelo Brasil ela foi impedida de dormir em um hotel. O desdobramento do caso foi a criação da Lei Afonso Arinos, que surgiu como a primeira norma destinada a punir e inibir atos racistas.

De lá para cá outros casos famosos em empreendimentos do mesmo tipo voltaram a acontecer e alguns deles até recentemente.

"Ainda temos muito para evoluir, mas foi importante ver aqui pessoas que se abriram para conhecer empreendedores que oferecem soluções para a questão. Conseguimos mostrar para o mercado que tudo que se contrata a gente também pode oferecer, num movimento de B2B inclusivo", reforça Clemente.

Beatriz Moremi, fundadora da Brafrika, que também participou como expositora, celebrou as possibilidades abertas por meio do evento e lembrou que ele pode ser uma chave para oportunidades futuras. A empreendedora, no entanto, faz uma observação lembrando que é importante que a caminhada em direção às pautas inclusivas e antirracistas tenha colaboração dos próprios gestores e representantes do segmento corporativo. "É preciso que se busque mais familiaridade com o assunto. Que haja intenção de promover de fato as práticas inclusivas", pondera.

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