Por dentro de Guarulhos: conheça o caminho das bagagens
Enfrentando procedimentos de segurança e cinco quilômetros de esteira, cerca de 35 mil bagagens são inspecionadas todos os dias no Terminal 3, antes de embarcarem para o destino final; veja o caminho que sua mala faz
Quando você chega no aeroporto, geralmente a primeira coisa que procura é a fila de check-in, ou, caso já o tenha feito digitalmente, apenas do despacho de bagagens. Deixá-las com a companhia aérea te deixa mais tranquilo, com a sensação de que agora pode viajar mais leve, com a garantia de encontrá-la intacta no seu destino (ao menos na maioria dos casos), restando apenas resgatá-la no destino e partir para uma acomodação.
Todo esse processo no aeroporto, no entendo, é o objeto de trabalho de um amplo e complexo sistema, que inicia imediatamente a partir do despacho. No Terminal 3 do Aeroporto de Guarulhos, que recebe cerca de 35 mil bagagens diariamente, isso acontece no subsolo, logo abaixo de onde transeuntes desavisados caminham por entre restaurantes, filas, imigração e embarque para o voo. Trata-se de uma espécie de submundo que ninguém, a não ser funcionários e algumas exceções, chega a ver, com cerca de cinco quilômetros de esteiras, inspeções de segurança, scanners 3D de etiquetas de bagagens, máquinas de raio-x, tomógrafos... E claro, uma equipe para cada etapa do processo que tenta levar suas malas ilesas para o aeroporto de desembarque.
Mesmo com os sistemas mais avançados, porém, problemas ainda acontecem. Em maio deste ano, o relatório anual de bagagens da Sita acusou que a cada mil passageiros que voaram em 2016, 5,73 tiveram malas extraviadas. Foi uma queda de 12,25% em relação ao ano anterior, mas mesmo assim, gerou custos de US$ 2,1 bilhões às companhias aéreas no ano passado.
Uma das prioridades dos sistemas mais recentes que cuidam das bagagens é rastrear a bagagem em todo o seu percurso do despacho até o desembarque, garantindo que a sua mala não sofra nenhum desvio para outro voo ou não se perca no caminho.
Veja então, etapa por etapa, o caminho que seus pertences fazem em voos em Guarulhos, desde o momento que saem de suas mãos até chegarem na esteira de desembarque, no aeroporto final.
CHECK-IN E DESPACHOComo a maioria dos processos de embarque em um voo, o das bagagens começa também no check-in. No Aeroporto de Guarulhos é possível, através de computadores self-service compartilhados da Sita, realizar o check-in e até imprimir sua etiqueta de bagagem sem ter que pegar as filas tradicionais.
Essa tag, porém, ainda não contém todas as informações, como peso e dimensões da mala. Logo, entra a necessidade da fila de despacho. Com um funcionário da aérea, sua bagagem recebe então primeiro a informação do peso. Depois, ao dar seguimento na esteira, sensores averiguam se o tamanho dela não ultrapassa os limites determinados pela Iata.
A partir deste momento, com dados do passageiro, do voo, destino, peso e tamanho, a companhia aérea cria uma janela virtual da mala, com os dados contidos no código de barras da etiqueta de bagagem. É essa informação que define o seu passo a passo, como que esteira ela deve pegar, para qual voo ela deve ir e quem é o passageiro a ser informado no caso de problemas.
INSPEÇÕES DE SEGURANÇA
Logo após de serem despachadas, as malas passam por um labirinto de esteiras antes de serem liberadas para o voo. Nele, cinco inspeções de segurança são realizadas, certificando-se que não haja armas, explosivos, drogas ou demais conteúdos que não sejam permitidos dentro de um avião, como conteúdos inflamáveis, por exemplo. O processo é controlado pelo Centro de Controle Operacional (CCO) de bagagens do aeroporto.
O primeiro deles é um raio-x automatizado, ou seja, sem a verificação humana. Caso seja reprovado, passa para a segunda inspeção, desta vez sob avaliação de uma equipe que checa as imagens do raio-x, para identificar se realmente há algum conteúdo suspeito na bagagem.
Em nova reprovação, a mala vai para a terceira fase, que consiste em um tomógrafo com imagens 3D, também automático; o quarto nível, assim como o segundo, se trata de uma avaliação humana, desta vez das imagens do tomógrafo, caso a inspeção automática não aprove o teor dela.
“Se a mala falhar em passar pelos quatro níveis de inspeção, é quase certeza que algum conteúdo dentro dela está irregular, e então chegamos no quinto nível, em que é feita a reconciliação com o passageiro”, explicou o coordenador de Operações de Bagagens e Terminais de Guarulhos, Diego Moretti. “Ou seja, o dono da mala é chamado, e seu pertence é aberto, geralmente com a presença de algum policial federal, um funcionário do aeroporto e o cliente, para averiguar o que tem de ilegal no conteúdo da bagagem”, continuou.
"As malas nunca são abertas sem a presença do passageiro", garantiu Moretti.
"CARROSSEL" OU STARTER
Ao ser aprovada em qualquer um dos níveis de segurança, a bagagem chega então ao Starter, chamado também de carrossel, a última fase antes da mala ser entregue ao avião.
Já no andar do pátio das aeronaves, se trata de uma longa esteira próxima do teto de um galpão, que passa sobre uma série de esteiras menores, uma para cada aérea. Scanners 3D identificam para que companhia a bagagem vai; assim, ao passar por cima da aérea específica, a mala cai em um tipo de funil, que termina nos funcionários da empresa.
Veja no vídeo abaixo:
Após passar um scanner manual para checar a procedência da bagagem, os carregadores as dividem em pequenos contêineres chamados AKE. Cada um tem seu propósito: bagagens de passageiros de primeira classe, de voos que terão conexão, bagagens do setor econômico... Após ficarem completos, eles são lacrados.
Veja no vídeo:
CARREGAMENTO PARA AERONAVE
Finalmente, após os contêineres serem liberados, carrinhos de bagagens acoplam vários deles, e os levam para a entrada do porão do avião. Máquinas hidráulicas então o erguem e, enfim, colocam na aeronave.
SISTEMA DE RASTREAMENTO DAS BAGAGENS
O caminho todo, até chegar nas mãos do funcionário da aérea, é automatizado. Para isso acontecer é necessário que sempre se saiba a posição de cada bagagem específica, para que as esteiras a direcionem ao local correto, e é aí que entra a importância das etiquetas.
“Por todo o caminho, desde o despache até a chegada no starter, scanners 3D conseguem identificar a movimentação das bagagens pelo código de barras da tarjeta na mala”, explicou Diego Moretti. Segundo o coordenador de Operações de Bagagens e Terminais do aeroporto, são 27 scanners só no Terminal 3, que identificam passo a passo onde está cada mala.
“Calculamos o tempo que a mala leva de um ponto de escaneamento até outro. Se demora demais, ou vai muito rápido, nós sabemos. Se passa por um ponto, mas não chega no próximo, identificamos que tem algo errado. Assim, com os scanners posicionados em todo o sistema, conseguimos saber onde cada bagagem está, rastreando e garantindo que ela seja destinada ao local correto”, continuou Moretti.
BPM E COMUNICAÇÃO COM AÉREAS
Para que as companhias possam saber onde está a bagagem de seus clientes, a cada scanner 3D que ela passa um BPM (baggage processed message) é enviado ao sistema da Sita, que por sua vez informa a aérea onde a mala está.
“Conseguimos, assim, acompanhar passo a passo onde a bagagem se encontra, e como nosso sistema guarda todas as informações da mala, do passageiro e do voo no código da etiqueta de bagagem, podemos direcionar para qual esteira ela vai, chegando as mãos dos funcionários da companhia de forma completamente automatizada”, comentou o especialista de Operações da Sita, Carlos Sevciuc, que fica baseado no Aeroporto de Guarulhos.
As companhias aéreas que não são clientes da Sita podem receber diretamente a informação de onde se encontra a mala.
“Hoje são 17 aéreas que utilizam nosso gerenciamento de bagagens em Guarulhos, e apenas uma é nacional, a Latam. Com o sistema interligado, fazemos essa função para a companhia aérea, otimizando o tempo que a bagagem leva para chegar na aeronave, e reduzindo o risco de extravio ou desvio delas”, finalizou Sevciuc.
Todo esse processo no aeroporto, no entendo, é o objeto de trabalho de um amplo e complexo sistema, que inicia imediatamente a partir do despacho. No Terminal 3 do Aeroporto de Guarulhos, que recebe cerca de 35 mil bagagens diariamente, isso acontece no subsolo, logo abaixo de onde transeuntes desavisados caminham por entre restaurantes, filas, imigração e embarque para o voo. Trata-se de uma espécie de submundo que ninguém, a não ser funcionários e algumas exceções, chega a ver, com cerca de cinco quilômetros de esteiras, inspeções de segurança, scanners 3D de etiquetas de bagagens, máquinas de raio-x, tomógrafos... E claro, uma equipe para cada etapa do processo que tenta levar suas malas ilesas para o aeroporto de desembarque.
Mesmo com os sistemas mais avançados, porém, problemas ainda acontecem. Em maio deste ano, o relatório anual de bagagens da Sita acusou que a cada mil passageiros que voaram em 2016, 5,73 tiveram malas extraviadas. Foi uma queda de 12,25% em relação ao ano anterior, mas mesmo assim, gerou custos de US$ 2,1 bilhões às companhias aéreas no ano passado.
Uma das prioridades dos sistemas mais recentes que cuidam das bagagens é rastrear a bagagem em todo o seu percurso do despacho até o desembarque, garantindo que a sua mala não sofra nenhum desvio para outro voo ou não se perca no caminho.
Veja então, etapa por etapa, o caminho que seus pertences fazem em voos em Guarulhos, desde o momento que saem de suas mãos até chegarem na esteira de desembarque, no aeroporto final.
CHECK-IN E DESPACHOComo a maioria dos processos de embarque em um voo, o das bagagens começa também no check-in. No Aeroporto de Guarulhos é possível, através de computadores self-service compartilhados da Sita, realizar o check-in e até imprimir sua etiqueta de bagagem sem ter que pegar as filas tradicionais.
Essa tag, porém, ainda não contém todas as informações, como peso e dimensões da mala. Logo, entra a necessidade da fila de despacho. Com um funcionário da aérea, sua bagagem recebe então primeiro a informação do peso. Depois, ao dar seguimento na esteira, sensores averiguam se o tamanho dela não ultrapassa os limites determinados pela Iata.
A partir deste momento, com dados do passageiro, do voo, destino, peso e tamanho, a companhia aérea cria uma janela virtual da mala, com os dados contidos no código de barras da etiqueta de bagagem. É essa informação que define o seu passo a passo, como que esteira ela deve pegar, para qual voo ela deve ir e quem é o passageiro a ser informado no caso de problemas.
INSPEÇÕES DE SEGURANÇA
Logo após de serem despachadas, as malas passam por um labirinto de esteiras antes de serem liberadas para o voo. Nele, cinco inspeções de segurança são realizadas, certificando-se que não haja armas, explosivos, drogas ou demais conteúdos que não sejam permitidos dentro de um avião, como conteúdos inflamáveis, por exemplo. O processo é controlado pelo Centro de Controle Operacional (CCO) de bagagens do aeroporto.
O primeiro deles é um raio-x automatizado, ou seja, sem a verificação humana. Caso seja reprovado, passa para a segunda inspeção, desta vez sob avaliação de uma equipe que checa as imagens do raio-x, para identificar se realmente há algum conteúdo suspeito na bagagem.
Em nova reprovação, a mala vai para a terceira fase, que consiste em um tomógrafo com imagens 3D, também automático; o quarto nível, assim como o segundo, se trata de uma avaliação humana, desta vez das imagens do tomógrafo, caso a inspeção automática não aprove o teor dela.
“Se a mala falhar em passar pelos quatro níveis de inspeção, é quase certeza que algum conteúdo dentro dela está irregular, e então chegamos no quinto nível, em que é feita a reconciliação com o passageiro”, explicou o coordenador de Operações de Bagagens e Terminais de Guarulhos, Diego Moretti. “Ou seja, o dono da mala é chamado, e seu pertence é aberto, geralmente com a presença de algum policial federal, um funcionário do aeroporto e o cliente, para averiguar o que tem de ilegal no conteúdo da bagagem”, continuou.
"As malas nunca são abertas sem a presença do passageiro", garantiu Moretti.
"CARROSSEL" OU STARTER
Ao ser aprovada em qualquer um dos níveis de segurança, a bagagem chega então ao Starter, chamado também de carrossel, a última fase antes da mala ser entregue ao avião.
Já no andar do pátio das aeronaves, se trata de uma longa esteira próxima do teto de um galpão, que passa sobre uma série de esteiras menores, uma para cada aérea. Scanners 3D identificam para que companhia a bagagem vai; assim, ao passar por cima da aérea específica, a mala cai em um tipo de funil, que termina nos funcionários da empresa.
Veja no vídeo abaixo:
Após passar um scanner manual para checar a procedência da bagagem, os carregadores as dividem em pequenos contêineres chamados AKE. Cada um tem seu propósito: bagagens de passageiros de primeira classe, de voos que terão conexão, bagagens do setor econômico... Após ficarem completos, eles são lacrados.
Veja no vídeo:
CARREGAMENTO PARA AERONAVE
Finalmente, após os contêineres serem liberados, carrinhos de bagagens acoplam vários deles, e os levam para a entrada do porão do avião. Máquinas hidráulicas então o erguem e, enfim, colocam na aeronave.
SISTEMA DE RASTREAMENTO DAS BAGAGENS
O caminho todo, até chegar nas mãos do funcionário da aérea, é automatizado. Para isso acontecer é necessário que sempre se saiba a posição de cada bagagem específica, para que as esteiras a direcionem ao local correto, e é aí que entra a importância das etiquetas.
“Por todo o caminho, desde o despache até a chegada no starter, scanners 3D conseguem identificar a movimentação das bagagens pelo código de barras da tarjeta na mala”, explicou Diego Moretti. Segundo o coordenador de Operações de Bagagens e Terminais do aeroporto, são 27 scanners só no Terminal 3, que identificam passo a passo onde está cada mala.
“Calculamos o tempo que a mala leva de um ponto de escaneamento até outro. Se demora demais, ou vai muito rápido, nós sabemos. Se passa por um ponto, mas não chega no próximo, identificamos que tem algo errado. Assim, com os scanners posicionados em todo o sistema, conseguimos saber onde cada bagagem está, rastreando e garantindo que ela seja destinada ao local correto”, continuou Moretti.
BPM E COMUNICAÇÃO COM AÉREAS
Para que as companhias possam saber onde está a bagagem de seus clientes, a cada scanner 3D que ela passa um BPM (baggage processed message) é enviado ao sistema da Sita, que por sua vez informa a aérea onde a mala está.
“Conseguimos, assim, acompanhar passo a passo onde a bagagem se encontra, e como nosso sistema guarda todas as informações da mala, do passageiro e do voo no código da etiqueta de bagagem, podemos direcionar para qual esteira ela vai, chegando as mãos dos funcionários da companhia de forma completamente automatizada”, comentou o especialista de Operações da Sita, Carlos Sevciuc, que fica baseado no Aeroporto de Guarulhos.
As companhias aéreas que não são clientes da Sita podem receber diretamente a informação de onde se encontra a mala.
“Hoje são 17 aéreas que utilizam nosso gerenciamento de bagagens em Guarulhos, e apenas uma é nacional, a Latam. Com o sistema interligado, fazemos essa função para a companhia aérea, otimizando o tempo que a bagagem leva para chegar na aeronave, e reduzindo o risco de extravio ou desvio delas”, finalizou Sevciuc.