Artur Luiz Andrade   |   29/09/2010 13:25

Embratur diz que Bito não se adaptou a novo sistema

Embratur questiona por que Bito não conseguiu se adaptar ao novo sistema de convênios, enquanto outras entidades sim

A Embratur realizou este ano seis caravanas internacionais com operadores (Reino Unido, Estados Unidos e Chile) e oito caravanas com jornalistas estrangeiros (Argentina, Chile, Peru, Uruguai e África do Sul). Além disso, apoiou os eventos da Abeta (Summit, em São Paulo) e da CTI-Nordeste (BNTM, em Porto de Galinhas/PE), que entraram no sistema como caravanas pois levam operadores estrangeiros para participar dos encontros.

Os dados foram passados ao Portal PANROTAS pelo chefe de gabinete da Embratur, Fábio Manzini, e pelo diretor de Produtos e Destinos, Marcelo Pedroso. Ambos em resposta a editorial do Jornal PANROTAS, que criticava a burocracia da Embratur nas parcerias com a iniciativa privada, e a nota divulgada pela Bito cobrando agilidade da Embratur no caso das caravanas da Bito e do evento Destination Brazil Showcase, que já não ocorre há dois anos.

OUTROS CONVÊNIOS
Segundo a Embratur, vários convênios foram realizados pelo instituto este ano, incluindo as caravanas citadas na abetrura desta nota. O problema, então, seria com a Bito, que não teria se adaptado ao novo formato de se fazer convênios, agora com controle do Siconv - Sistema de Gestão de Convênios e Contratos de Repasse.

FORMATO
Manzini chama de "procedimentos" o que nós consideramos burocracia. E assume que é complicado. "Há unanimidade dentro da Embratur que temos de ter um formato mais ágil, mas qual seria esse ainda é fruto de debates", diz ele. A ex-presidente Jeanine Pires tentou transformar a Embratur em fundação, exatamente para dar essa agilidade ao órgão, mas não foi feliz na empreitada, pois ela dependia de um projeto que envolvia outros ministérios. Não era algo específico para a Embratur, segundo o Portal PANROTAS apurou.

O sistema é complexo, mas é o que existe e vale para todos. "Se a CTI-NE e a Braztoa consguiram, por que a Bito não?", pergunta o chefe de gabinete. Segundo ele, o presidente da Braztoa, José Eduardo Barbosa, pediu ajuda à Embratur, que providenciou uma aula para os técnicos da Braztoa. Marcelo Pedroso confirma que há esse recurso disponível para os parceiros, assim como eles podem contratar consultorias especializadas.

BITO NÃO SE ADAPTA
A Embratur relata que depois da mudança do sistema de convênios, a Bito jamais apresentou um projeto concreto das caravanas, pois isso agora é responsabilidade do executor do programa, mesmo se tratando de uma estratégia da Embratur. "O programa é importante para a Embratur e o fazemos com vários parceiros. Não foi problema de falta de recurso, no caso da Bito. Temos os R$ 300 mil para a realização das caravanas até o fim do ano", explica Pedroso.

MUITAS FEIRAS
Segundo o diretor da Embratur, no ano passado, o instituto reuniu todos os organizadores de feiras e eventos apoiados pela Embratur, pedindo uma coordenação maior, para que a estratégia de trazer compradores de fora fosse alinhada com os planos e projetos do governo federal. Pedroso diz ser a favor de um grande evento nacional, como ocorrem em vários países, com visitas a várias regiões do País antes e depois. Isso ajudaria os compradores a se programarem e fortaleceria a ação. A primeira reação positiva veio da Abav e da Bito, que iriam realizar o DBS dentro da Feira das Américas.

PROCESSO LENTO
Aqui entram as contradições: a Bito diz que enviou a documentação em abril, mas que o termo de intenções não foi assinado e concluído a tempo. Mas não explica o por quê, dando a entender que a culpa é do processo (ou da burocracia). O presidente da Bito, Salvador Saladino, divulgou nota lamentando o cancelamento dos projetos, o que desagradou a Embratur. Coincidentemente, no dia 20 encontrou-se uma solução e decidiram fazer para a Feira da Abav, com R$ 300 mil, mas não mais para 110 operadores e sim para 40, pois, segundo a Bito, havia custo da hotelaria do Rio e dos bilhetes aéreos. Mas os parceiros, especialmente a Tam e a Tap, acharam que em um mês não daria tempo de conseguir as adesões e realizar o projeto como todos gostariam.

Foi a vez de a Embratur lamentar. "Gostaria de reiterar que a Embratur permaneceu, ao longo de todo o ano de 2010, disposta a oferecer apoio a realização do evento, realizando, inclusive, a articulação que garantiu a participação das companhias aeres citadas. Lamentamos que não haja viabilidade operacional por parte dos parceiros em executar a ação, que para todos os envolvidos, operadores de turismo, hotéis, companhias aéreas, restaurantes e demais envolvidos no receptivo internacional, representaria uma oportunidade de apresentar nossos produtos turísticos e garantir resultados no curto, médio e longo prazos", escreveu Marcelo Pedroso a Salvador Saladino. Este, soltou segunda nota esclarecendo que os problemas foram alheios às vontades da Embratur e da Bito. Ou seja, culpa do processo (ou da burocracia, mais uma vez).

A Embratur quer realizar as caravanas até o final do ano e aguarda os trâmites legais da Bito. "Veja que em nenhum momento sugerimos romper contrato com a Bito. Queremos fazer o programa, ele é importante para nós. Mas os passos legais têm de ser seguidos", afirma Fábio Manzini. "Não podemos dar entrada sem a entidade inscrevr o projeto no Siconv e seguir os protocolos".

EM RESUMO
Os dois lados têm suas razões. O processo é complicado (diríamos burocrático) mas mandatório. As entidades devem se adaptar a ele, enquanto não se cria algo mais amigável e ágil. Outras entidades conseguiram. Por que a Bito não? A entidade culpa o processo e o pouco tempo. A Embratur diz que esteve à disposição para ajudar. E que ainda quer realizar as caravanas com a Bito este ano.

EM RESUMO 2
O próximo ministro do Turismo tem de priorizar a mudança de formato para se trabalhar com a iniciativa privada. O Brasil precisa de agilidade, dentro da lei, claro (nada como o Pan 2007, em que bateu o desespero e foi-se gastando). Ainda mais com tantos eventos vindo pela frente.


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