PANROTAS Brasília   |   30/06/2009 19:54

Mobilidade para a Copa de 2014 é crítica

Mobilidade é calcanhar de Aquiles do Brasil para a Copa

BRASÍLIA - Uma audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir as providências relativas à organização da Copa do Mundo de 2014 reuniu a Comissão de Turismo e Desporto, Comissão de Desenvolvimento Urbano e Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. Os deputados ficaram alarmados com as exposições do presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia (Sinaenco), José Roberto Bernasconi, e o diretor executivo da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Bruno Batista, que classificaram a questão da mobilidade urbana no País como crítica.

De acordo com estudo realizado pela CNT, dos 87 mil quilômetros de rodovias pesquisadas 73,9% apresentaram algum tipo de problema e apenas 26 mil quilômetros – concentrados na Região Sudeste (particularmente São Paulo) – estão classificados entre ótimos e bons. O levantamento demonstrou que o País necessitaria de R$ 124,7 bilhões em investimentos nas rodovias para deixá-las totalmente em ordem. “É bastante complexa a situação desse turista que vai se aventurar no deslocamento entre uma cidade-sede e outra”, afirmou Bruno.

O presidente do Sinaenco também demonstrou grande preocupação com o andamento das obras. Segundo ele, a falta de projetos de engenharia pode resultar na paralisação de obras, no gasto excessivo e na falta de sustentabilidade das construções. Segundo ele, a falta de planejamento pode tornar a Copa de 2014 um novo Panamericano.

“Vamos aproveitar o motivo do Mundial para fazer tudo que precisa ser feito, mas temos que ter bons projetos. Não podemos repetir o Pan de 2007, com orçamentos superados e sem ter representado melhoria de infraestrutura. Elefantes brancos podem ser uma herança maldita”, afirmou, lembrando a experiência do Engenhão. “Foi construído com dinheiro público, numa área sem infraestrutura e que não representou legado algum para o Rio.”

“A existência de elefantes brancos eu dou como quase certa, mas não podemos permitir que estejamos vivendo um novo Panamericano. Mais do que dúvidas, estamos tentando mostrar as aflições de realizar essa Copa com um custo certo, honesto, deixando benefícios para a população”, afirmou o presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, deputado Silvio Torres (PSDB/SP).

O deputado José Carlos Machado (DEM/SE) se mostrou angustiado com o “pouco entusiasmo e muita preocupação” demonstrada pelos convidados. “Não vejo como investir R$ 15 milhões por ano em estradas. Estou preocupado, mas como bom brasileiro entre acredito que podemos achar uma solução entre o possível e o razoável”, disse.

Para o diretor da CNT, os números dos investimentos em transporte sempre quando são apresentados causam grande espanto. No entanto, lembrou que a situação atual é resultado de anos de falta de investimento. “Os investimentos em rodovias em 1970 representavam 1,8% do PIB e atualmente representam 0,28%. Transporte precisa realmente se tornar uma prioridade.”

Para Bernasconi, o PAC não tem se mostrado uma solução. O plano do governo não trouxe um salto de qualidade nos investimentos e para ele a saída está na elaboração de um PAC específico para a Copa de 2014, além da gestão desses recursos. “O papel da Câmara é fundamental para colocar esse trem nos trilhos, que ainda não está. Não vamos fazer a Copa da Alemanha no Brasil. O básico é ter lugar para jogar, futebol e capacidade hoteleira. Mas isso é muito medíocre.”

“É preciso haver uma interlocução mais franca com a CBF e, além disso, fazer o acompanhamento dessas propostas de investimentos para que saiam do papel dentro do prazo e com custos adequados “, completou o diretor da CNT.

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