Fim da neutralidade de rede poderá ameaçar agentes
Sem a chamada neutralidade, os provedores poderão bloquear alguns sites, favorecer parceiros comerciais e criar cobranças diferenciaras para certos tipos de navegações dos usuários.
Algumas agências de viagens e pequenas empresas dos Estados Unidos estão cada vez mais preocupadas com uma nova regra da Comissão Federal de Comunicação (FCC): a revogação das regras de neutralidade de rede (conceito que prevê que os provedores não podem privilegiar ou restringir o acesso a qualquer pacote de dados na rede), que será nesta semana. Sem a chamada neutralidade, os provedores poderão bloquear alguns sites, favorecer parceiros comerciais e criar cobranças diferenciaras para certos tipos de navegações dos usuários.
Segundo os opositores do fim da neutralidade, a alteração significará uma brecha para que a internet sofra com manipulações. De acordo com os copresidentes da convenção progressista do Congresso norte-americano, Mark Pocan, de Wisconsin, e Raúl Grijalva, do Arizona, o republicano e presidente da FCC, Ajit Pai, entregará as chaves da internet aberta para as grandes empresas, que criarão um sistema em que os sites ricos e poderosos poderão pagar para que seu conteúdo chegue mais rápido aos consumidores.
“Os sites menores e independentes ficarão mais lentos e os consumidores terão o acesso à internet obstruído – uma decisão particularmente prejudicial para comunidades de maioria negra, estudantes e ativistas on-line. Trata-se de um ataque à liberdade de expressão e, portanto, à democracia", alertam em nota.
O argumento, claro, chegou às pequenas empresas e agências de viagens. “O perigo é que, para muitos de nós que utilizamos o Facebook e outros sites de redes sociais para comercializar nossos negócios, podemos acabar por pagar mais por pacotes maiores, em alternativa a ter um acesso mais lento”, afirmou ao Travel Market Report o presidente da Introver Travels, Jacob Marek.
“Os agentes de viagens já reclamam que as grandes OTAs estão entrando com seus orçamentos bilionários em anúncios e dominando o espaço. Fora o Facebook, que já revelou que apenas 3% a 5% dos usuários recebem postagens orgânicas. Se a situação já é ruim, imagine como será a situação do agente que precisará competir com a Expedia ou a Priceline se não houver uma regra de neutralidade? Esse agente poderá pagar o mesmo que uma grande OTA?”, indaga Marek.
REVOGAÇÃO
O debate sobre a revogação da neutralidade não é recente, uma vez que há anos o setor de telecomunicação dos Estados Unidos luta para tornar a internet um negócio mais comercial do que de utilidade pública.
Em junho de 2016, o Tribunal de Apelações dos Estados Unidos votou por manter as atuais regras de neutralidade da rede, sob a alegação de proporcionar uma maior proteção aos consumidores.
NO BRASIL
As discussões sobre um possível fim da neutralidade da rede nos Estados Unidos já começam a reverberar por aqui. Recentemente, surgiram informações de que empresas da telecomunicação brasileiras já se organizam nos bastidores para pressionar as autoridades a fim de rever o modo de gestão da internet no País e, assim, revogar a neutralidade da rede em território nacional.
*Fonte: Travel Market Report e Tec Mundo