Roberta Queiroz   |   08/06/2016 14:31

Atingi o topo da carreira, e agora? – com Martin Jensen

Saiba mais sobre a trajetória e os próximos planos de Martin Jensen e sua empresa, a Queensberry Viagens. 

Jhonatan Soares
Martin tem 73 anos e fundou a Queensberry em Londres (Reino Unido)

Pouco mais de 35 anos no Brasil não foram capazes de mudar, ou mesmo disfarçar, o sotaque inglês de Martin Jensen. Foi o sentimento por uma baiana, hoje, sua ex-esposa, que fez o empresário ignorar os conselhos do pai e trocar o mundo financeiro pelo Turismo.

“Conheci minha (agora ex-) mulher em Londres, na década de 1970. Pouco depois, em 1971, criei a Queensberry para ela”, contou. Naquele tempo, a empresa apenas organizava viagens de brasileiros para a Europa. “Sempre achei que não fosse dar dinheiro”, desdenhou, mas Jensen estava enganado. A empresa vingou, ele assumiu as finanças, abandonou o antigo cargo e se apaixonou mais uma vez. Uma paixão diferente da primeira. “Viajei muito para visitar clientes no Brasil e, após dez anos, transferi transferimos a sede para São Paulo”, recordou. “Gosto muito daqui. Gosto mais de morar entre vocês do que entre os ingleses”, confessou, com um sorriso que se prolongou durante toda a entrevista.

A Queensberry cresceu e se tornou referência em viagens de luxo. Destinos exóticos, como África, Oriente Médio e Oceania entraram para o portfólio de vendas. Nada capaz de afastar a modéstia do presidente. “Ainda não cheguei ao topo, não”.

Mantendo o bom humor, o empresário contou um pouco sobre seus próximos passos dentro e fora do mundo que ele mesmo escolheu. Acompanhe!

EM BREVE
Jhonatan Soares
A Queensberry deve passar para novas mãos num futuro próximo

Martin Jensen mora em Alphaville e todos os dias, sem exceção, vai para centro da capital paulista dirigir a sede da operadora. “Trabalho em tempo integral. Faço todo o controle financeiro, respondo centenas de e-mails e faço contato com fornecedores”, detalhou.

A rotina, entretanto, não deve se prolongar por muitos anos. “Espero vender a empresa daqui a dois ou três anos”, revela. Engana-se quem atribui a decisão aos seus fios grisalhos. “Ainda tenho muita saúde e pretendo continuar na Queensberry em part-time para ajudar o novo proprietário no início da gestão”, completou.

O inglês não trabalha ao lado de familiares. Seu único filho, por sinal, escolheu seguir a carreira de fotógrafo e mora em Paris. “Motivos pessoais me levam à venda. Confio muito nos meus diretores, mas eles não querem ficar com as ações, afinal, ser dono de empresa é muito arriscado”, desabafou, sem demonstrar sinais de tristeza. “Quero aproveitar!”

INTERESSADOS
Jhonatan Soares
Martin opinou sobre vendas e fusões

O futuro da Queensberry já está sendo negociado, porém, não há definições. “Tenho empresas interessadas. As principais são estrangeiras e a tendência é que eu venda para alguma delas”, contou, reiterando que nada está decretado.

O dirigente também não descartou a possibilidade de fundir a operadora. “A fusão é um modelo alternativo à venda e posso optar por ele, sim, mas a venda é mais simples”, opinou. “A fusão é um casamento, mas eu só consigo identificar duas ou três empresas com quais poderemos gerar grandes sinergias”.

ANTIGAS NEGOCIAÇÕES
Jhonatan Soares
CVC e JTB foram descartadas para a compra da Queensberry

Martin Jensen comentou ainda sobre os boatos no mercado acerca da venda para a CVC no passado. Segundo ele, as conversas ocorreram, mas não avançaram. “Eles são muito fortes no que fazem e ainda não conseguiram entrar no mercado da classe A”, afirmou, lembrando que o diálogo entre as empresas não voltou a ocorrer após o primeiro contato.

De acordo com o presidente da Queensberry, a JTB se interessou pela empresa em 2009. “Na época, eles estavam muito focados no turismo de lazer, mas depois de uma parada por causa do Tsunami, eles voltaram mais interessados em investir no 'business travel', daí a fusão com a Alatur”, suspirou.

O AMANHÃ DE MARTIN
Jhonatan Soares
"Quero ficar e morar em um Brasil diferente"

A família ocupa o primeiro lugar na lista dos próximos passos do empresário. “Quero dedicar mais tempo à minha maravilhosa mulher e aos meus seis filhos. Todos cachorros”, brincou. “Nossos cachorros são uma fonte de prazer infinito”, emendou. Martin Jensen também quer aproveitar o tempo jogando tênis, golfe e, claro, viajando. “Quero rever meus amigos na Europa. Temos amigos loucos por uma visita”.

Ao que tudo indica, as viagens serão apenas viagens. “Amo o Brasil. Aqui tem muita gente honesta, apesar do que vem acontecendo”, elogiou. O sentimento não impede Martin de analisar as turbulências dos últimos anos. “Já passei por várias crises à frente da Queensberry, mas se eu soubesse o que aconteceria entre 2014 e 2015, talvez não tivesse vindo para cá”, disse com um ar de desanimo que logo se esvai.

Por ora, o que garante a passagem de voltar de Jensen é a fé. “Não quero morar em outro país. Quero ficar e morar em um Brasil diferente. O Brasil vai melhorar, eu acredito”.

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