Da Redação   |   28/12/2015 10:56

As vantagens de contar com um Chief Digital Officer (CDO)

Essa nova função parece que veio para ficar no Brasil e no mundo

Já está mais do que consolidada a nova realidade para as empresas – em todo o mundo e em todos os setores. É quase certo dizer que nenhum negócio sobreviverá por muito tempo sem estar completamente inserido no universo digital. Isso por que, para administrar o imenso volume de informações aos quais as corporações estão submetidas, é necessário passar pelo processo de digitalização.

Nesse novo mercado, a empresa precisa realizar essa transformação do analógico para o digital, mas o grande problema é quem vai liderar o processo. Para isso, apareceu uma figura ainda não muito conhecida: o Chief Data Officer ou Chief Digital Officer (CDO). O nome em inglês significa diretor executivo de dados, encarregado de transformar bites em novos produtos, negócios e serviços.

E essa parece ser uma tendência que veio para ficar. Estudo recente do instituto de pesquisa Gartner mostrou que 25% das organizações terão um diretor digital até o final deste ano e, além disso, que os investimentos em serviços de big data chegarão a US$ 36,2 bilhões. A consultoria Deloitte também realizou levantamento, apontando que cerca de 4,4 milhões de empregos serão criados globalmente, sendo que 90 mil serão no Brasil. Por esse motivo, é importante entender essa nova função.

O QUE É CDO
O CDO é um profissional encarregado de analisar e desenvolver projetos focados em inovação e digitalização não apenas do core business de produtos e serviços, mas de todos os departamentos. Além de estar sempre em sintonia com as novas tecnologias e tendências, este deve reunir diversas habilidades ainda difíceis de encontrar em uma pessoa, como conhecimentos em mobile, e-commerce, meios de pagamento, marketing digital, social media e várias outras competências tanto em TI quanto em negócios.

Segundo o diretor presidente e CDO da WBI Brasil, agência especializada em comunicação digital, Paulo Kendzerski, a pessoa que assumir essa função precisa compreender todas as áreas de atuação da corporação. “O grande problema é que, na maioria das vezes, as empresas se preocupam com projetos digitais para a parte operacional e só depois pensam estrategicamente. O CDO é alguém com ótimo conhecimento do negócio e que vai realizar esse planejamento digital, incorporando a organização por inteiro no processo”.

Sendo assim, o Chief Digital Officer se torna um dos principais executivos de uma corporação, que alicerça estratégias digitais para conquistar, engajar e fidelizar clientes. Além disso, este profissional precisa ter capacidade de comunicação, valorizar a diversidade, antecipar tendências, cruzar informações e analisar os dados de consumidores. O que pode separar líderes digitais do resto é uma estratégia digital combinada com uma cultura e liderança preparada para conduzir essa transformação.

Mas, engana-se quem pensa que o CDO precisa ter formação específica ou conhecimento técnico para assumir. Paulo Kendzerski afirma que capacita diretores e gerentes que não utilizavam processos tecnológicos. “Essa pessoa precisa dominar planejamento, vendas e gestão, porque a habilidade tecnológica pode ser ensinada. Mostramos o valor da digitalização para a empresa. Muitos profissionais falam que desejam um site igual ao de uma agência/hotel porque é bonito, mas não sabem quanta inteligência digital existe por trás disso. A ideia é mostrar como funciona todo o processo e alinhar a organização para melhores resultados”.


Diretor presidente e CDO da WBI Brasil, Paulo Kendzerski

POR QUE PENSAR NISSO
O uso massivo de tecnologia pela população é uma das maiores justificativas para entender a importância desse profissional. Houve uma alta de 11,4% no número de pessoas que acessam a internet por computador em um ano no Brasil, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São 9,8 milhões de novos brasileiros com mais de dez anos que passaram a acessar a internet em 2014, chegando a representar 54,4% dos brasileiros, ou seja, mais de 95 milhões de pessoas.

A posse de telefone celular para uso pessoal também teve incremento de 4,9% em 2014 (6,4 milhões de pessoas a mais), totalizando 136,6 milhões de pessoas de dez anos ou mais com aparelho, passando de 75,2% (2013) para 77,9% (2014).

Ainda segundo o órgão, 85,6 milhões de brasileiros acima de dez anos de idade (49,4% da população) tinham usado a internet pelo menos uma vez no período de referência dos últimos três meses em 2013. Desse total, 78,3 milhões (45,3% da população) afirmaram ter acessado a rede via computador. A proporção é menor do que a verificada em 2011, quando 46,5% dos brasileiros diziam ter usado a internet por meio de um computador no domicílio.



Observando esse cenário, se a empresa não estiver incorporada (completamente) no ambiente digital, é muito provável que a eficiência esteja longe da sua totalidade. Para entender os desafios e oportunidades associados ao negócio social e digital, o MIT Sloan Management Review, em colaboração com a Deloitte, realizou, no segundo semestre de 2014, uma pesquisa com mais de 4,8 mil executivos, gerentes e analistas de organizações de 129 países e 27 indústrias e organizações de vários tamanhos.

Foi avaliado que a capacidade de reinventar o negócio digitalmente é determinada em grande parte por uma estratégia digital clara, apoiada por líderes que promovem uma cultura capaz de mudar e inventar o novo. Além disso, os funcionários demonstraram que querem trabalhar para líderes digitais. Ou seja, a equipe, em todos os níveis hierárquicos, quer atuar para empresas comprometidas com esse progresso.

O estudo apontou também que organizações maduras digitalmente são quase duas vezes mais eficientes. E de onde vem a força das tecnologias digitais, incluindo sociais, mobile, análises e nuvem? Esta se origina em como as empresas conseguem integrá-las e transformar seus negócios.

IMPORTÂNCIA DA ESTRATÉGIA DIGITAL
A pesquisa da MIT Sloan Management Review ainda demonstra que 63% das empresas em estágios iniciais concordam que sabem o que estão fazendo no ambiente digital, número que salta para 90% nas mais evoluídas. O que se reflete em mais de 50% dos entrevistados de organizações em estágio inicial é que a falta de uma estratégia é a maior barreira para a maturidade digital. O Turismo não foge dessa regra.

“O digital é uma boa oportunidade para todos os segmentos. As agências de viagens, por exemplo, estavam presas ao modelo em que o consumidor precisava ir lá para fechar um pacote. Hoje, os agentes são consultores, porque se compra tudo pelo site. As pessoas só recorrem ao serviço quando precisam de ajuda nessa experiência. O que falta é treinamento para conciliar o ambiente físico com o virtual”, explica Paulo Kendzerski.

Ainda segundo o levantamento, cerca de 80% dos entrevistados avaliaram que a melhoria da eficiência e experiência do cliente são os objetivos das suas estratégias digitais, e apenas 52% pensam que a transformação empresarial está na área digital. Porém, nos negócios maduros digitalmente, quase 90% das estratégias se concentram em impulsionar inovação. “A habilidade desse gestor [CDO] vai ajudar o RH a saber qual o tipo de profissional que a empresa precisa e como avaliar a capacidade do mesmo. Ele monitora a marca e direciona que demanda é necessária”, relata o diretor presidente da WBI Brasil.

NO TURISMO
O CDO da WBI Brasil ainda explica que, no caso do trade, existem algumas particularidades. “O Turismo tem um processo diferente de conquista do consumidor. Hoje, entre 50% e 70% das vendas são feitas a partir do Google, mas nesse setor existem buscadores específicos que tem muita força e chegam a cobrar 30% de comissão das empresas, que são engolidas. Queremos mostrar como vender mais fora desses meios, sem ter que designar tanto da lucratividade e se tornar independente dessas plataformas”.

Para conquistar e fidelizar esse cliente, Paulo Kendzerski desenvolveu algumas estratégias que o profissional deve estar atento. São "Os 5 estágios de consideração do turista".

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