Abaviano desapontado responde ao líder da Abav
Agente de viagens, abaviano e muito desapontado. É assim que Luiz Fernando Mury Medeiros, do Rio de Janeiro, se define, ao enviar carta sobre a atual discussão da taxa D.U.
Agente de viagens, abaviano e muito desapontado. É assim que Luiz Fernando Mury Medeiros, do Rio de Janeiro, se define, ao enviar carta sobre a atual discussão da taxa D.U.
Advogado e com passagens por diversas empresas de turismo, como Stella Barros, Via Ápia, Madison e Soletur, Mury abriu sua própria empresa em 1993, a Unitours, desde 2000 com o nome de Mury Tours, e atualmente tem seu escritório em casa e trabalha em parceria com Marcelo Guimarães, da Palmitur desde 2006.
Segundo Mury, a discussão está indo por um caminho errado, contrariando, inclusive, leis existentes. A seu pedido o Portal PANROTAS abre espaço para sua (longa) dissertação, que tem pontos esclarecedores e demonstra o ponto de vista de um pequeno agente de viagens (veja a seguir, no Plantão de Notícias, depoimento da agente de viagens Sonia Roza, que disse ter fechado as portas por causa da D.U.).
Muitas referências de Mury se referem a comentários feitos no Portal PANROTAS na notícia do artigo do presidente da Abav Nacional, Carlos Alberto Amorim Ferreira, o Kaká, que também enviou novo texto à Redação, respondendo aos mesmos comentários. A discussão, como se vê, está acesa. Só não participa quem não quer.
“Prezado Artur Andrade (editor-chefe da PANROTAS) e demais colegas agentes de viagens,
Após ler e reler cuidadosamente, digerir e ruminar, literalmente, as palavras do sr. Carlos Alberto Ferreira, no pronunciamento divulgado pelo Portal PANROTAS, achei que após quase dois anos sem me envolver diretamente em "polêmicas" do nosso trade, que é chegado o momento de dar um "Basta!".
Se o presidente da Abav Nacional faz um "Exercício de Memória", gostaria de auxiliar-lhe com maiores dados e recursos, ampliando este exercício com fatos mais antigos e também pertinentes. Melhor ainda, que talvez seja necessário que seja contratado algum catedrático em língua portuguesa, para que haja uma correta e precisa interpretação de textos, como um artigo específico da Portaria DAC 676/2000, citada em seu texto. Quem sabe, tendo o auxílio deste profissional de linguística, o(s) advogado(s) da Abav possam mais bem agir nos acordos firmados com as empresas aéreas, em nome de seus associados.
Talvez, com esta atitude e alcançando um resultado realmente aceitável para todos os que vivem nessa específica área de prestação de serviços, possa conseguir não apenas uma ampliação de seu quadro de associados, mas o real respeito e reconhecimento de todos, ao invés de ser um mero número em seus cartões de visita e papéis timbrados, para dar "ares" de maior credibilidade aos seus respectivos clientes.
Corre o risco, porém, após um lamentável encerramento (do artigo), provocar uma debandada de seus membros, em busca de uma melhor representação e liderança, esvaziando esta entidade em sua qualidade representativa, e fazendo surgir, talvez, uma outra nova, com a força necessária para provocar as mudanças desejadas, também pelos não associados. Usando as próprias palavras do sr. Carlos A. Ferreira, sugiro com ênfase, que todos se sintam bem à vontade, para se manifestar e agir.
Os colegas que estão recebendo e acessando, se após lerem o texto abaixo, acharem que há coerência e gostarem de seu conteúdo, sintam-se também à vontade de seguir com ele adiante para outros colegas agentes, para que seja possível alcançar principalmente aqueles que se informavam pouco e também não estão satisfeitos com o rumo atual das imposições feitas unilateralmente ao seu negócio, e o que é pior, com o aval da entidade que nos representa (SIC).
EXERCÍCIO DE MEMÓRIA AMPLIADO
Após ler cuidadosamente a declaração daquele que representa aquela que deveria ser a entidade maior das agências de viagens do Brasil, assim como as respostas dadas em forma de comentários nesse democrático espaço oferecido pelo Plantão de Notícias do Portal PANROTAS, acho que tentar responder em apenas 800 caracteres seria impraticável, pois gostaria de chamar a todos para um exercício de memória ampliado, em uma sucessão de eventos ocorridos e, mesmo que amplamente divulgados pelo Portal PANROTAS, poucos tomaram ciência do que estava ocorrendo com o nosso mercado, por absoluto desleixo.
O que nos afeta hoje, nada mais é do que o singular resultado da omissão da imensa maioria do trade, que se deixou levar por aqueles que deveriam nos defender (e dizem ter nos defendido ) e nunca ceder à dita imposição da Tam, ou de qualquer outra empresa aérea, alegando “ser isso, ou nada de comissão”. Voltemos no tempo, então...
Em 21 de fevereiro de 1963, o embaixador do Brasil na França, Carlos Alves de Souza, após uma conversa com o então presidente francês, Charles De Gaulle, na tentativa de solucionar o impasse da Guerra da Lagosta, onde navios pesqueiros franceses agiam livremente na costa nordestina, soltou a célebre frase que, equivocadamente, foi atribuída ao general francês: “O Brasil não é um país sério”. Independentemente da autoria da frase, o fato é que esta frase não poderia ser mais verdadeira, vistos os mandos e desmandos, tal qual em remotos tempos medievais, ainda prevalece o lado que puder bancar a verdade que for do seu interesse.
O exemplo mais recente que temos, está estampado na mídia atual, onde apenas o autor do “mensalão” gerado por integrantes de um partido de oposição, é que vai preso. Os demais, ninguém nunca conseguiu provar nada contra, “expulsa-se” ficticiamente do partido, ninguém é preso, lavam-se as cuecas sujas, criam-se CPIs que resultam em nada, para a já acostumada população brasileira, que tem uma conhecida “memória curta”. Por muito menos, até derrubamos (merecidamente) um presidente de República. E é contando com esta deficiente memória do brasileiro, sua índole pacífica e comodismo, que todos aqueles que detêm alguma forma de poder nessa terra, agem conforme as necessidades de seu séquito, pois há que se manter alguns aliados à volta, para assegurar blindagem a sua posição, mas todos que oferecem seu apoio e lealdade precisam ser regiamente compensados.
No nosso meio, não é muito a incomum a exploração desta deficiência de memória, assim como do desinteresse à informação e a participação de reuniões onde os assuntos pertinentes ao destino de todos do trade é discutido. Pretendo reavivar um pouco, com os fatos que ocorreram no início desta década, e cujos efeitos ainda se propagam de forma nociva e continuada, em nosso trabalho.
CORTE DE COMISSÃO
Nos idos do ano 2000 a Varig, assim como várias de suas congêneres pelo mundo, encontrava-se em sérias dificuldades com seus balancetes em crescentes prejuízos, e encontrou uma solução de curto prazo, em uma iniciativa criada pela American Airlines, onde se reduziu gradualmente a comissão paga aos agentes nos EUA e Canadá, até ficar com a comissão 0%. Posteriormente, atravessou o Atlântico, fazendo escola em território europeu. Aqui foi amplamente divulgado como “a nova tendência mundial” para o turismo. O que se esqueceu de dizer, é que aqui ainda há uma legislação vigente no Brasil, e sistematicamente ignorada, conforme a necessidade, que é o Código Brasileiro de Aeronáutica, promulgado em 1986, substituindo o antigo CBAr, onde versa em seu Capítulo III – Das Infrações, Art. 302 – III – S: Promover qualquer forma de publicidade que ofereça vantagem indevida ao usuário ou que lhe forneça indicação falsa ou inexata acerca dos serviços, induzindo-o em erro quanto ao valor real da tarifa aprovada pela autoridade aeronáutica.
Temos nossa própria cultura, e novas “tendências comerciais” não podem ser simplesmente impostas por companhias aéreas, nacionais ou estrangeiras.
A tal portaria que o Sr. Ferreira se refere, onde o Art. 60 diz que “a comissão paga aos agentes de viagem e de carga, na venda de passagens e/ou fretes aéreos, será livremente acordada entre as empresas aéreas e os agentes credenciados, não sendo permitida a majoração dos valores das tarifas e fretes aprovados pelo DAC, ou nele registrados, em decorrência desses acordos”.
Desde que me entendo por gente, e aprendi a interpretar textos, livremente acordada não significa imposição por uma das partes, não pode ser unilateral! Ou seja: tem de haver anuência de ambas as partes envolvidas, com a subseqüente homologação deste acordo, para que seja validado pelo órgão fiscalizador responsável, o DAC, na época de sua publicação, que foi substituído pela atual Anac.
SOBRE TAXAS
Outrossim, há também o seguinte artigo:
Das Proibições ao Transportador
Art. 63. É vedado aos transportadores, direta ou indiretamente, por si ou por meio de prepostos gerais e agentes de viagem:
a) praticar tarifas em desacordo com o registrado junto ao DAC ou por ele aprovadas.
Ou seja, o transportador também não pode criar taxas por conta própria, para agregar ao cálculo total da tarifa adquirida pelo comprador final. Lembrando a todos que a tarifa apresentada à Anac e autorizada por este órgão, é composta de vários componentes, que até então, incluíam a comissão paga aos agentes de viagens. Companhia aérea não cria taxa alguma. Entendam-se aí também as criadas pelas companhias estrangeiras, com as suas taxas de combustível e taxa de segurança, criada após os nefastos eventos de 11 de setembro de 2001, onde em cobrança à parte da tarifa, que é também cobrada por nós, agentes de viagens, e tal qual as taxas de embarques, nada recebemos pelo serviço prestado para elas, companhias aéreas e Infraero, entre outros.
Resumindo: NÃO HÁ EM PARTE ALGUMA DE NOSSA LEGISLAÇÃO, A LIBERDADE DE COMPANHIAS AÉREAS CRIAREM TAXAS DE QUALQUER SORTE OU DESTINO. É ILEGAL!!! Isso sem dizer que é imoral.
VENDA NOS SITES
Comecei a entrar nessa briga, quando no início de 2006 a Air France, assim como outras companhias aéreas estrangeiras que já vendiam diretamente pela internet, começou a comercializar tarifas com desconto de exatos 6%, ou seja, a nossa comissão. Outras, como a Continental Airlines, oferecem benefícios que não temos como competir, como uma bonificação em milhas, para a venda direta, por meio de seu site. Os abusos são vários. A omissão do DAC continuou com a Anac, pois até hoje este órgão governamental e dito regulador, não se manifestou.
O sr. Carlos A. Ferreira acertou em alguns pontos de sua declaração: em saber que o acordo não era ideal (se isto é realmente verdadeiro, como vice-presidente da Abav à época de sua assinatura, por que permitiu a sua realização?). Espero que se recorde de nosso rápido encontro em São Paulo, durante a edição do Explore South Africa, em setembro de 2007, onde me deu a mesma resposta que deu nessa declaração: “era isto, ou comissão zero”. E eu não concordei, dizendo que era ilegal, mas não houve oportunidade (?), ou não era interessante continuarmos a conversa.
Outro ponto certo de sua declaração, é o tópico onde as empresas aéreas afirmam que não cobram a D.U. nos sites, pois não têm envolvimento direto, mas tentando não dizer que há humanos responsáveis por toda a TI (Tecnologia da Informação) de seus respectivos portais.
Aliás, falando em TI, se a Anac realmente quisesse, poderia impedir a venda direta com benefícios diferenciados, seja em tarifa, upgrade de classe, milhas, ou qualquer outra coisa, exigindo a inclusão de mecanismos em seus sites, de reconhecimento de endereço IP da máquina do comprador: se for brasileiro, tal venda não poderá ser realizada. A isso chama-se igualdade de condições de comercialização, tão defendida em esferas governamentais, em tribunais comerciais em Haia. O mesmo princípio serve para nossa Terra Brasilis.
COMISSÃO ZERO
O ano de 2007 começou com um negra nuvem sobre nossas cabeças, onde ventilava-se o tempo todo a possibilidade da comissão zero, a partir de janeiro de 2008. As honras dessa ameaça vieram quando o sr. (Klaus) Kühnast, da Tam, disse com todas as letras que o agente de viagens era uma despesa para as companhias aéreas, e que isso precisava mudar.
Pedi para que me explicasse como poderíamos ser despesa para quem quer que fosse, uma vez que estas só nos pagavam quando vendíamos os seus serviços? Elas não tinham que assumir nenhum encargo social nosso, pois não éramos, e nunca fomos, seus funcionários. Ao contrário, nós ainda respondemos com o pagamento de uma imensa carga tributária, jamais revista por governo algum. Alguém tem de pagar pelo inchaço da máquina pública.
O fato é que na abertura do Congresso da Abav, em outubro de 2007, o sr João Martins, então presidente da Abav, ladeado por seu virtual sucessor, o sr. Carlos A. Ferreira, anunciava para uma assembleia composta essencialmente de ignorantes aos fatos que se sucederam nos bastidores, com a assinatura formal deste acordo, como se este fosse o verdadeiro “Maná dos Céus” para todo o mercado. Todos se permitiram enganar. Fui o único a me levantar, encarar o então presidente, e virar-lhe as costas, pois me recusava a ser enganado e traído. A mesa, esta se encontrava em estado de graça, pois era ovacionada por esta assembleia. Senti um profundo desgosto por todos nesse dia.
COMENTÁRIOS
Diante disto, tratarei de tentar responder pontualmente a alguns dos comentários feitos até o momento:
Sr. Jefer Rodrigues, pelo que soube, poucos foram os presentes na reunião convocada pelas Abavs estaduais, quando havia a necessidade da aprovação de seus associados. É necessário que se diga, que o ato de convocação para a dita reunião não falava exatamente sobre o assunto principal em pauta. Teria sido mero descuido, ou achavam que o assunto não era tão importante assim? Quem souber responder, por favor, que tome a palavra. Já notei ser impraticável qualquer tentativa de união do trade, pois infelizmente poucos são os que se mantêm informados sobre os assuntos pertinentes ao nosso trade. Particularmente, também não vendo produtos da CVC desde 2001, pois quem não respeita o meu trabalho de agente de viagens não merece o meu cliente;
Sr. Anísio Silva é claro e evidente que tem de haver absoluta igualdade no valor pago pelo consumidor final, independentemente do canal distribuidor escolhido para adquirir o serviço desejado, que nesse caso, é a passagem em transporte aéreo, seja ele oferecido por quem quer que seja. Qualquer outra interpretação diferente disso é imoral, além de ilegal. Por que o Cade até hoje não se manifestou?
Sr. Francisco Luiz Goes, percebo que temos um pensamento um tanto similar... Ainda em 2006, por conta da omissão de uma rápida e efetiva resposta da Abav Nacional à Air France, eu e um amigo, Marcelo Jones Guimarães, iniciamos uma conversa, que chegou a ser amplamente divulgada pelo Portal PANROTAS, que seria a criação de uma nova entidade, cujo nome seria Afavi – Associação Fluminense de agentes de viagens, cuja diferença básica é que não era apenas para as agências, mas focada principalmente no profissional, pois a grande maioria das agências existentes é de micro-empresas, onde normalmente a formação é familiar, com poucos empregados. A PANROTAS chegou até a promover uma pesquisa, com os resultados abaixo:
Você acha que os agentes de viagens cariocas, não associados à Abav, que querem criar uma nova entidade:
47,15% - estão certos nas críticas e devem ir em frente
32,64% - estão certos nas críticas, mas deviam primeiro tentar entrar para a Abav
3,63% - estão errados nas críticas, pois acredito na atuação das entidades
16,58% - estão errados nas críticas e, além disso, já temos muitas entidades
Os nossos comentários se tornaram mais constantes, principalmente quando as questões se concentraram na crise que culminaria com a falência da Varig, época em que todos estavam de cabelos em pé, pois mais uma vez, várias seriam as agências de viagens responsáveis solidárias e abandonadas pelo Legislativo, a terem de arcar com os reembolsos iminentes, por conta dos múltiplos cancelamentos de voos e encerramento de suas atividades. Já havíamos assistido a esse “filme” quando a Transbrasil, e depois a Vasp, encerraram suas atividades.
NA ABAV
Sem arrogância ou vaidade, solicitamos uma conversa com a sra. Vera Potter, então presidente da Abav-RJ e seu vice, coincidentemente, o mesmo sr. Carlos Alberto Ferreira. Fomos cordialmente recebidos, conversamos sobre os vários assuntos em questão, e percebemos que havia uma boa similaridade de raciocínio. Conversamos também sobre como abordar a totalidade de agentes, para uma maior integralização, união dos agentes de viagens; até nos tornamos associados...
A única entidade de peso que apoiou nossa empreitada foi a Aviesp, na pessoa de seu presidente, José Carlos Rocha Vieira, mais conhecido no trade como “Rochinha”, que, infelizmente, veio a falecer algum tempo depois. Ter o apoio dele traria um significativo respaldo em nossas ações, que poderiam rapidamente deixar de ser no âmbito regional, para algo mais amplo.
O sr. Goes pode me perguntar então, o porquê de não termos dado continuidade à criação da dita entidade... Simples: como disse anteriormente, procurávamos ser uma voz de consenso e união. Podíamos até ter considerado que 79,79% de aprovação, já seria um bom número para começar. Mas o fato é que começamos a perceber críticas nocivas onde as palavras mais constantes eram que a real motivação era um desejo latente de “aparecer”. Repito que em momento algum havia qualquer sorte de vaidade.
Outra razão foi a de termos feito nossa própria pesquisa entre nossos conhecidos e além de perceber que pouco estavam inteirados dos fatos que nos rodeavam, não pareciam dispostos a querer arcar com os custos de formação e sustento de uma nova entidade, ainda que fosse focada neles... Desejávamos utopicamente a tão esperada “união do trade”. Creio que essa jamais ocorrerá de fato.
Por último, em um segundo encontro promovido entre nós e a Abav, acertamos uma “trégua” para ver como eles se sairiam na divulgação de suas atividades a todo o trade, associado ou não... Infelizmente, pouca coisa mudou. E, pior, a grande decepção viria a acontecer em outubro do ano seguinte. Enfim, quando tivemos algum apoio significativo, perdemos a boa oportunidade de nos tornarmos voz ativa e de ter capacidade de agir em nome do nosso trade.
Não digo que eu, ou mesmo o Marcelo J. Guimarães, venhamos ou desejemos ser a sua desejada liderança, mas, falando por mim, gostaria muito de participar dessa empreitada, sim. Talvez o Luis Vabo, da Solid (que escreveu artigo cobrando a discussão da D.U.) possa ser a pessoa que procuramos para levantar essa bandeira e aglutinar esforços.
Sr. Wilson J. Moreira, gostei muito da sua ideia... Infelizmente creio que ela não seja abraçada por nenhuma empresa aérea. Tive esta vã esperança com a chegada da Azul, mas esta também decepcionou logo de saída. Perderam uma excelente oportunidade. Creio também que as portas possam ser abertas nesse sentido, caso seja feita com honestidade e real parceria com o trade.
Sr. Antonio V. S. Wanderley, suas palavras são bem interessantes... O nosso governo, assim como os anteriores, somente enxergam o turismo como o setor receptivo. Nós, integrantes da imensa maioria do restante do mercado, também conhecido como emissivo ou do “exportativo” sequer existimos para eles. Somos encarados como os “inimigos do reino”, uma vez que alguns de nossos clientes nos procuram para que vendamos passagens e pacotes para que gastem seus dólares e euros em terras distantes. Esquecem eles que pagamos impostos. Esquecem também que trabalhamos com nossos clientes voando internamente pelo Brasil também. Mas a Lei Geral de Turismo tramita no Congresso Nacional há vários anos e governos de diferentes partidos e ideologias, sem jamais ter sido efetivamente votado. Quando se chega perto, o texto original está tão “navalhado” que acaba retornando ao início das conversações, Comissões de Constituição e Justiça etc etc...
Sr. Francisco Bento, também aguardo ansiosamente pelos resultados. Infelizmente só tenho assistido a discursos vazios e lido “frases de efeito”...
Sr. Alessandro Farias, apesar de achar que todos devem se manifestar, peço que previamente me perdoe, mas achei que seu comentário não foi feliz. Não há nenhuma razão palpável para não haver igualdade nos valores cobrados, independentemente ao canal de distribuição e venda escolhido pelo consumidor final;
Sr. Alexandre Palmeira, sábias são suas palavras, mas o que realmente falta é conscientização sobre os fatos. Pior, há uma incômoda acomodação... E é com esta acomodação e desunião que as empresas aéreas ditam as regras e nós apenas dizemos “amém”. Pior ainda, a entidade que diz nos representar assina e dá-lhes o seu “beneplácito”.
Uma vez mais lembro que o Exmº deputado federal por São Paulo, o sr. Celso Russomanno, em 2008 fez muito barulho na mídia, chegando até ameaçar de mandar prender o sr. Carlos A. Ferreira, já presidente da Abav-CN, caso o acordo com a Tam, seu comissionamento e a criada Taxa D.U. não fossem extintos até determinada data. O prazo passou, por sorte ninguém foi preso, mas a taxa D.U. e o nefasto acordo de sua criação continuam “válidos”, e do dito deputado nunca mais se ouviu pronunciar-se sobre o assunto. Vocês não acham isso muito curioso?
OMISSÃO
Mas o que podíamos esperar de fato, de um país que tem um órgão regulador (Anac) que é omisso no assunto, não se sabe se por ignorância, ou conveniência? Passamos pelo apagão aéreo de 2008, enfrentamos crise mundial, gripe suína e declarações infelizes do Ministro da Saúde, às vésperas de uma alta temporada de julho. Muitos sucumbiram, mas outros ainda insistem em sobreviver. Eu sou um desses. No ano passado, muito desanimado e desestimulado com os acontecimentos que se sucediam, além de alguns problemas domésticos, pouco me manifestei, mas já que o presidente resolveu fazer um exercício de memória, achei que era necessário um verdadeiro recordar é viver.
Agradeço ao sr. “Kaká” a oportunidade dada de dar uma boa “engraxada” nas minhas lembranças e de poder dizer que estou vivo e ainda acompanho as notícias e acontecimentos à minha volta. E, se preciso for, volto ao combate ativamente. Depois do discurso de abertura do último Congresso da Abav, em 2009, vem se tornando crescente a minha vontade de morder!
Para finalizar, sobre a sugestão feita pelo presidente da Abav Nacional aos não associados, decepciona-me profundamente que um líder escolhido democraticamente (SIC) daquela que é a entidade maior de nosso trade, poderia ter algo mais inteligente e conciliador para o seu pronunciamento. Faltou-lhe a sensibilidade perceber que não apenas os não-associados estão insatisfeitos, mas muitos de seus associados também não estão nada satisfeitos; refiro-me especificamente àqueles que não possuem grandes contas corporativas e não podem ainda se dar ao luxo de faturarem apenas em “fees”. Infeliz e lamentável.
Espero não ser visto, mais uma vez, como o “louco que grita do alto das torres”. Espero que minha voz encontre eco dessa vez e consigamos, enfim, a tão necessária união de todos os agentes de viagens, em todos os recantos desse Brasil. Sem esta união, sem um grito uníssono de todos, uma vez mais seremos ignorados por quem detém o poder de decisão.
Repito aqui o texto de minha autoria, divulgado em 7 de Abril de 2006, no Portal PANROTAS, pois o mesmo ainda se mantém atual, visto que nada avançou: ao contrário, piorou, com a criação da imoral “taxa” :
. NÃO ACEITAMOS MAIS AS CONDIÇÕES E REGRAS QUE NOS SÃO IMPOSTAS. NÓS SOMOS O MERCADO, LOGO NÓS DITAMOS AS REGRAS;
. NÃO ACEITAMOS OPERADORAS CONCORRENTES COM AGÊNCIAS; OPERADORAS VENDEM PARA AGÊNCIAS, E NÃO ABREM MÚLTIPLAS LOJAS, PARA VENDER DIRETAMENTE AO CLIENTE;
. NÃO ACEITAMOS RELATÓRIO SEMANAL BSP/IATA - ONERA OS CUSTOS, E DIMINUI A PRODUTIVIDADE;
. NÃO ACEITAMOS COMPANHIAS AÉREAS EM CONCORRÊNCIA DESLEAL PELA INTERNET – PODE ATÉ VENDER DIRETO AO CLIENTE, MAS EM CONDIÇÕES IGUAIS DE TARIFAS E BENEFÍCIOS;
. NÃO ACEITAMOS 6% DE COMISSÃO – VOLTEMOS AO MÍNIMO DOS 9%, PARA VOLTAR A DISCUTIR O ASSUNTO;
. NÃO ACEITAMOS NÃO TER NOSSO OFÍCIO RECONHECIDO COMO PROFISSÃO - NÃO SOMOS PROSTITUTAS, QUE NÃO RECOLHEM UM ÚNICO CENTAVO DE IMPOSTOS. ESTAS SÃO DEVIDAMENTE RECONHECIDAS E REPRESENTADAS. EXIGIMOS AGILIDADE NO CONGRESSO, POIS NÓS SIM, GERAMOS RECEITA AOS COFRES PÚBLICOS, E MUITA !!!
Isso, só para começar.
Os que desejarem entrar em contato comigo, exclusivamente sobre este assunto, por favor o façam através do seguinte e-mail: murytours2@globo.com
Luiz Fernando Mury Medeiros
Agente de viagens, "abaviano" e muito desapontado”
Advogado e com passagens por diversas empresas de turismo, como Stella Barros, Via Ápia, Madison e Soletur, Mury abriu sua própria empresa em 1993, a Unitours, desde 2000 com o nome de Mury Tours, e atualmente tem seu escritório em casa e trabalha em parceria com Marcelo Guimarães, da Palmitur desde 2006.
Segundo Mury, a discussão está indo por um caminho errado, contrariando, inclusive, leis existentes. A seu pedido o Portal PANROTAS abre espaço para sua (longa) dissertação, que tem pontos esclarecedores e demonstra o ponto de vista de um pequeno agente de viagens (veja a seguir, no Plantão de Notícias, depoimento da agente de viagens Sonia Roza, que disse ter fechado as portas por causa da D.U.).
Muitas referências de Mury se referem a comentários feitos no Portal PANROTAS na notícia do artigo do presidente da Abav Nacional, Carlos Alberto Amorim Ferreira, o Kaká, que também enviou novo texto à Redação, respondendo aos mesmos comentários. A discussão, como se vê, está acesa. Só não participa quem não quer.
“Prezado Artur Andrade (editor-chefe da PANROTAS) e demais colegas agentes de viagens,
Após ler e reler cuidadosamente, digerir e ruminar, literalmente, as palavras do sr. Carlos Alberto Ferreira, no pronunciamento divulgado pelo Portal PANROTAS, achei que após quase dois anos sem me envolver diretamente em "polêmicas" do nosso trade, que é chegado o momento de dar um "Basta!".
Se o presidente da Abav Nacional faz um "Exercício de Memória", gostaria de auxiliar-lhe com maiores dados e recursos, ampliando este exercício com fatos mais antigos e também pertinentes. Melhor ainda, que talvez seja necessário que seja contratado algum catedrático em língua portuguesa, para que haja uma correta e precisa interpretação de textos, como um artigo específico da Portaria DAC 676/2000, citada em seu texto. Quem sabe, tendo o auxílio deste profissional de linguística, o(s) advogado(s) da Abav possam mais bem agir nos acordos firmados com as empresas aéreas, em nome de seus associados.
Talvez, com esta atitude e alcançando um resultado realmente aceitável para todos os que vivem nessa específica área de prestação de serviços, possa conseguir não apenas uma ampliação de seu quadro de associados, mas o real respeito e reconhecimento de todos, ao invés de ser um mero número em seus cartões de visita e papéis timbrados, para dar "ares" de maior credibilidade aos seus respectivos clientes.
Corre o risco, porém, após um lamentável encerramento (do artigo), provocar uma debandada de seus membros, em busca de uma melhor representação e liderança, esvaziando esta entidade em sua qualidade representativa, e fazendo surgir, talvez, uma outra nova, com a força necessária para provocar as mudanças desejadas, também pelos não associados. Usando as próprias palavras do sr. Carlos A. Ferreira, sugiro com ênfase, que todos se sintam bem à vontade, para se manifestar e agir.
Os colegas que estão recebendo e acessando, se após lerem o texto abaixo, acharem que há coerência e gostarem de seu conteúdo, sintam-se também à vontade de seguir com ele adiante para outros colegas agentes, para que seja possível alcançar principalmente aqueles que se informavam pouco e também não estão satisfeitos com o rumo atual das imposições feitas unilateralmente ao seu negócio, e o que é pior, com o aval da entidade que nos representa (SIC).
EXERCÍCIO DE MEMÓRIA AMPLIADO
Após ler cuidadosamente a declaração daquele que representa aquela que deveria ser a entidade maior das agências de viagens do Brasil, assim como as respostas dadas em forma de comentários nesse democrático espaço oferecido pelo Plantão de Notícias do Portal PANROTAS, acho que tentar responder em apenas 800 caracteres seria impraticável, pois gostaria de chamar a todos para um exercício de memória ampliado, em uma sucessão de eventos ocorridos e, mesmo que amplamente divulgados pelo Portal PANROTAS, poucos tomaram ciência do que estava ocorrendo com o nosso mercado, por absoluto desleixo.
O que nos afeta hoje, nada mais é do que o singular resultado da omissão da imensa maioria do trade, que se deixou levar por aqueles que deveriam nos defender (e dizem ter nos defendido ) e nunca ceder à dita imposição da Tam, ou de qualquer outra empresa aérea, alegando “ser isso, ou nada de comissão”. Voltemos no tempo, então...
Em 21 de fevereiro de 1963, o embaixador do Brasil na França, Carlos Alves de Souza, após uma conversa com o então presidente francês, Charles De Gaulle, na tentativa de solucionar o impasse da Guerra da Lagosta, onde navios pesqueiros franceses agiam livremente na costa nordestina, soltou a célebre frase que, equivocadamente, foi atribuída ao general francês: “O Brasil não é um país sério”. Independentemente da autoria da frase, o fato é que esta frase não poderia ser mais verdadeira, vistos os mandos e desmandos, tal qual em remotos tempos medievais, ainda prevalece o lado que puder bancar a verdade que for do seu interesse.
O exemplo mais recente que temos, está estampado na mídia atual, onde apenas o autor do “mensalão” gerado por integrantes de um partido de oposição, é que vai preso. Os demais, ninguém nunca conseguiu provar nada contra, “expulsa-se” ficticiamente do partido, ninguém é preso, lavam-se as cuecas sujas, criam-se CPIs que resultam em nada, para a já acostumada população brasileira, que tem uma conhecida “memória curta”. Por muito menos, até derrubamos (merecidamente) um presidente de República. E é contando com esta deficiente memória do brasileiro, sua índole pacífica e comodismo, que todos aqueles que detêm alguma forma de poder nessa terra, agem conforme as necessidades de seu séquito, pois há que se manter alguns aliados à volta, para assegurar blindagem a sua posição, mas todos que oferecem seu apoio e lealdade precisam ser regiamente compensados.
No nosso meio, não é muito a incomum a exploração desta deficiência de memória, assim como do desinteresse à informação e a participação de reuniões onde os assuntos pertinentes ao destino de todos do trade é discutido. Pretendo reavivar um pouco, com os fatos que ocorreram no início desta década, e cujos efeitos ainda se propagam de forma nociva e continuada, em nosso trabalho.
CORTE DE COMISSÃO
Nos idos do ano 2000 a Varig, assim como várias de suas congêneres pelo mundo, encontrava-se em sérias dificuldades com seus balancetes em crescentes prejuízos, e encontrou uma solução de curto prazo, em uma iniciativa criada pela American Airlines, onde se reduziu gradualmente a comissão paga aos agentes nos EUA e Canadá, até ficar com a comissão 0%. Posteriormente, atravessou o Atlântico, fazendo escola em território europeu. Aqui foi amplamente divulgado como “a nova tendência mundial” para o turismo. O que se esqueceu de dizer, é que aqui ainda há uma legislação vigente no Brasil, e sistematicamente ignorada, conforme a necessidade, que é o Código Brasileiro de Aeronáutica, promulgado em 1986, substituindo o antigo CBAr, onde versa em seu Capítulo III – Das Infrações, Art. 302 – III – S: Promover qualquer forma de publicidade que ofereça vantagem indevida ao usuário ou que lhe forneça indicação falsa ou inexata acerca dos serviços, induzindo-o em erro quanto ao valor real da tarifa aprovada pela autoridade aeronáutica.
Temos nossa própria cultura, e novas “tendências comerciais” não podem ser simplesmente impostas por companhias aéreas, nacionais ou estrangeiras.
A tal portaria que o Sr. Ferreira se refere, onde o Art. 60 diz que “a comissão paga aos agentes de viagem e de carga, na venda de passagens e/ou fretes aéreos, será livremente acordada entre as empresas aéreas e os agentes credenciados, não sendo permitida a majoração dos valores das tarifas e fretes aprovados pelo DAC, ou nele registrados, em decorrência desses acordos”.
Desde que me entendo por gente, e aprendi a interpretar textos, livremente acordada não significa imposição por uma das partes, não pode ser unilateral! Ou seja: tem de haver anuência de ambas as partes envolvidas, com a subseqüente homologação deste acordo, para que seja validado pelo órgão fiscalizador responsável, o DAC, na época de sua publicação, que foi substituído pela atual Anac.
SOBRE TAXAS
Outrossim, há também o seguinte artigo:
Das Proibições ao Transportador
Art. 63. É vedado aos transportadores, direta ou indiretamente, por si ou por meio de prepostos gerais e agentes de viagem:
a) praticar tarifas em desacordo com o registrado junto ao DAC ou por ele aprovadas.
Ou seja, o transportador também não pode criar taxas por conta própria, para agregar ao cálculo total da tarifa adquirida pelo comprador final. Lembrando a todos que a tarifa apresentada à Anac e autorizada por este órgão, é composta de vários componentes, que até então, incluíam a comissão paga aos agentes de viagens. Companhia aérea não cria taxa alguma. Entendam-se aí também as criadas pelas companhias estrangeiras, com as suas taxas de combustível e taxa de segurança, criada após os nefastos eventos de 11 de setembro de 2001, onde em cobrança à parte da tarifa, que é também cobrada por nós, agentes de viagens, e tal qual as taxas de embarques, nada recebemos pelo serviço prestado para elas, companhias aéreas e Infraero, entre outros.
Resumindo: NÃO HÁ EM PARTE ALGUMA DE NOSSA LEGISLAÇÃO, A LIBERDADE DE COMPANHIAS AÉREAS CRIAREM TAXAS DE QUALQUER SORTE OU DESTINO. É ILEGAL!!! Isso sem dizer que é imoral.
VENDA NOS SITES
Comecei a entrar nessa briga, quando no início de 2006 a Air France, assim como outras companhias aéreas estrangeiras que já vendiam diretamente pela internet, começou a comercializar tarifas com desconto de exatos 6%, ou seja, a nossa comissão. Outras, como a Continental Airlines, oferecem benefícios que não temos como competir, como uma bonificação em milhas, para a venda direta, por meio de seu site. Os abusos são vários. A omissão do DAC continuou com a Anac, pois até hoje este órgão governamental e dito regulador, não se manifestou.
O sr. Carlos A. Ferreira acertou em alguns pontos de sua declaração: em saber que o acordo não era ideal (se isto é realmente verdadeiro, como vice-presidente da Abav à época de sua assinatura, por que permitiu a sua realização?). Espero que se recorde de nosso rápido encontro em São Paulo, durante a edição do Explore South Africa, em setembro de 2007, onde me deu a mesma resposta que deu nessa declaração: “era isto, ou comissão zero”. E eu não concordei, dizendo que era ilegal, mas não houve oportunidade (?), ou não era interessante continuarmos a conversa.
Outro ponto certo de sua declaração, é o tópico onde as empresas aéreas afirmam que não cobram a D.U. nos sites, pois não têm envolvimento direto, mas tentando não dizer que há humanos responsáveis por toda a TI (Tecnologia da Informação) de seus respectivos portais.
Aliás, falando em TI, se a Anac realmente quisesse, poderia impedir a venda direta com benefícios diferenciados, seja em tarifa, upgrade de classe, milhas, ou qualquer outra coisa, exigindo a inclusão de mecanismos em seus sites, de reconhecimento de endereço IP da máquina do comprador: se for brasileiro, tal venda não poderá ser realizada. A isso chama-se igualdade de condições de comercialização, tão defendida em esferas governamentais, em tribunais comerciais em Haia. O mesmo princípio serve para nossa Terra Brasilis.
COMISSÃO ZERO
O ano de 2007 começou com um negra nuvem sobre nossas cabeças, onde ventilava-se o tempo todo a possibilidade da comissão zero, a partir de janeiro de 2008. As honras dessa ameaça vieram quando o sr. (Klaus) Kühnast, da Tam, disse com todas as letras que o agente de viagens era uma despesa para as companhias aéreas, e que isso precisava mudar.
Pedi para que me explicasse como poderíamos ser despesa para quem quer que fosse, uma vez que estas só nos pagavam quando vendíamos os seus serviços? Elas não tinham que assumir nenhum encargo social nosso, pois não éramos, e nunca fomos, seus funcionários. Ao contrário, nós ainda respondemos com o pagamento de uma imensa carga tributária, jamais revista por governo algum. Alguém tem de pagar pelo inchaço da máquina pública.
O fato é que na abertura do Congresso da Abav, em outubro de 2007, o sr João Martins, então presidente da Abav, ladeado por seu virtual sucessor, o sr. Carlos A. Ferreira, anunciava para uma assembleia composta essencialmente de ignorantes aos fatos que se sucederam nos bastidores, com a assinatura formal deste acordo, como se este fosse o verdadeiro “Maná dos Céus” para todo o mercado. Todos se permitiram enganar. Fui o único a me levantar, encarar o então presidente, e virar-lhe as costas, pois me recusava a ser enganado e traído. A mesa, esta se encontrava em estado de graça, pois era ovacionada por esta assembleia. Senti um profundo desgosto por todos nesse dia.
COMENTÁRIOS
Diante disto, tratarei de tentar responder pontualmente a alguns dos comentários feitos até o momento:
Sr. Jefer Rodrigues, pelo que soube, poucos foram os presentes na reunião convocada pelas Abavs estaduais, quando havia a necessidade da aprovação de seus associados. É necessário que se diga, que o ato de convocação para a dita reunião não falava exatamente sobre o assunto principal em pauta. Teria sido mero descuido, ou achavam que o assunto não era tão importante assim? Quem souber responder, por favor, que tome a palavra. Já notei ser impraticável qualquer tentativa de união do trade, pois infelizmente poucos são os que se mantêm informados sobre os assuntos pertinentes ao nosso trade. Particularmente, também não vendo produtos da CVC desde 2001, pois quem não respeita o meu trabalho de agente de viagens não merece o meu cliente;
Sr. Anísio Silva é claro e evidente que tem de haver absoluta igualdade no valor pago pelo consumidor final, independentemente do canal distribuidor escolhido para adquirir o serviço desejado, que nesse caso, é a passagem em transporte aéreo, seja ele oferecido por quem quer que seja. Qualquer outra interpretação diferente disso é imoral, além de ilegal. Por que o Cade até hoje não se manifestou?
Sr. Francisco Luiz Goes, percebo que temos um pensamento um tanto similar... Ainda em 2006, por conta da omissão de uma rápida e efetiva resposta da Abav Nacional à Air France, eu e um amigo, Marcelo Jones Guimarães, iniciamos uma conversa, que chegou a ser amplamente divulgada pelo Portal PANROTAS, que seria a criação de uma nova entidade, cujo nome seria Afavi – Associação Fluminense de agentes de viagens, cuja diferença básica é que não era apenas para as agências, mas focada principalmente no profissional, pois a grande maioria das agências existentes é de micro-empresas, onde normalmente a formação é familiar, com poucos empregados. A PANROTAS chegou até a promover uma pesquisa, com os resultados abaixo:
Você acha que os agentes de viagens cariocas, não associados à Abav, que querem criar uma nova entidade:
47,15% - estão certos nas críticas e devem ir em frente
32,64% - estão certos nas críticas, mas deviam primeiro tentar entrar para a Abav
3,63% - estão errados nas críticas, pois acredito na atuação das entidades
16,58% - estão errados nas críticas e, além disso, já temos muitas entidades
Os nossos comentários se tornaram mais constantes, principalmente quando as questões se concentraram na crise que culminaria com a falência da Varig, época em que todos estavam de cabelos em pé, pois mais uma vez, várias seriam as agências de viagens responsáveis solidárias e abandonadas pelo Legislativo, a terem de arcar com os reembolsos iminentes, por conta dos múltiplos cancelamentos de voos e encerramento de suas atividades. Já havíamos assistido a esse “filme” quando a Transbrasil, e depois a Vasp, encerraram suas atividades.
NA ABAV
Sem arrogância ou vaidade, solicitamos uma conversa com a sra. Vera Potter, então presidente da Abav-RJ e seu vice, coincidentemente, o mesmo sr. Carlos Alberto Ferreira. Fomos cordialmente recebidos, conversamos sobre os vários assuntos em questão, e percebemos que havia uma boa similaridade de raciocínio. Conversamos também sobre como abordar a totalidade de agentes, para uma maior integralização, união dos agentes de viagens; até nos tornamos associados...
A única entidade de peso que apoiou nossa empreitada foi a Aviesp, na pessoa de seu presidente, José Carlos Rocha Vieira, mais conhecido no trade como “Rochinha”, que, infelizmente, veio a falecer algum tempo depois. Ter o apoio dele traria um significativo respaldo em nossas ações, que poderiam rapidamente deixar de ser no âmbito regional, para algo mais amplo.
O sr. Goes pode me perguntar então, o porquê de não termos dado continuidade à criação da dita entidade... Simples: como disse anteriormente, procurávamos ser uma voz de consenso e união. Podíamos até ter considerado que 79,79% de aprovação, já seria um bom número para começar. Mas o fato é que começamos a perceber críticas nocivas onde as palavras mais constantes eram que a real motivação era um desejo latente de “aparecer”. Repito que em momento algum havia qualquer sorte de vaidade.
Outra razão foi a de termos feito nossa própria pesquisa entre nossos conhecidos e além de perceber que pouco estavam inteirados dos fatos que nos rodeavam, não pareciam dispostos a querer arcar com os custos de formação e sustento de uma nova entidade, ainda que fosse focada neles... Desejávamos utopicamente a tão esperada “união do trade”. Creio que essa jamais ocorrerá de fato.
Por último, em um segundo encontro promovido entre nós e a Abav, acertamos uma “trégua” para ver como eles se sairiam na divulgação de suas atividades a todo o trade, associado ou não... Infelizmente, pouca coisa mudou. E, pior, a grande decepção viria a acontecer em outubro do ano seguinte. Enfim, quando tivemos algum apoio significativo, perdemos a boa oportunidade de nos tornarmos voz ativa e de ter capacidade de agir em nome do nosso trade.
Não digo que eu, ou mesmo o Marcelo J. Guimarães, venhamos ou desejemos ser a sua desejada liderança, mas, falando por mim, gostaria muito de participar dessa empreitada, sim. Talvez o Luis Vabo, da Solid (que escreveu artigo cobrando a discussão da D.U.) possa ser a pessoa que procuramos para levantar essa bandeira e aglutinar esforços.
Sr. Wilson J. Moreira, gostei muito da sua ideia... Infelizmente creio que ela não seja abraçada por nenhuma empresa aérea. Tive esta vã esperança com a chegada da Azul, mas esta também decepcionou logo de saída. Perderam uma excelente oportunidade. Creio também que as portas possam ser abertas nesse sentido, caso seja feita com honestidade e real parceria com o trade.
Sr. Antonio V. S. Wanderley, suas palavras são bem interessantes... O nosso governo, assim como os anteriores, somente enxergam o turismo como o setor receptivo. Nós, integrantes da imensa maioria do restante do mercado, também conhecido como emissivo ou do “exportativo” sequer existimos para eles. Somos encarados como os “inimigos do reino”, uma vez que alguns de nossos clientes nos procuram para que vendamos passagens e pacotes para que gastem seus dólares e euros em terras distantes. Esquecem eles que pagamos impostos. Esquecem também que trabalhamos com nossos clientes voando internamente pelo Brasil também. Mas a Lei Geral de Turismo tramita no Congresso Nacional há vários anos e governos de diferentes partidos e ideologias, sem jamais ter sido efetivamente votado. Quando se chega perto, o texto original está tão “navalhado” que acaba retornando ao início das conversações, Comissões de Constituição e Justiça etc etc...
Sr. Francisco Bento, também aguardo ansiosamente pelos resultados. Infelizmente só tenho assistido a discursos vazios e lido “frases de efeito”...
Sr. Alessandro Farias, apesar de achar que todos devem se manifestar, peço que previamente me perdoe, mas achei que seu comentário não foi feliz. Não há nenhuma razão palpável para não haver igualdade nos valores cobrados, independentemente ao canal de distribuição e venda escolhido pelo consumidor final;
Sr. Alexandre Palmeira, sábias são suas palavras, mas o que realmente falta é conscientização sobre os fatos. Pior, há uma incômoda acomodação... E é com esta acomodação e desunião que as empresas aéreas ditam as regras e nós apenas dizemos “amém”. Pior ainda, a entidade que diz nos representar assina e dá-lhes o seu “beneplácito”.
Uma vez mais lembro que o Exmº deputado federal por São Paulo, o sr. Celso Russomanno, em 2008 fez muito barulho na mídia, chegando até ameaçar de mandar prender o sr. Carlos A. Ferreira, já presidente da Abav-CN, caso o acordo com a Tam, seu comissionamento e a criada Taxa D.U. não fossem extintos até determinada data. O prazo passou, por sorte ninguém foi preso, mas a taxa D.U. e o nefasto acordo de sua criação continuam “válidos”, e do dito deputado nunca mais se ouviu pronunciar-se sobre o assunto. Vocês não acham isso muito curioso?
OMISSÃO
Mas o que podíamos esperar de fato, de um país que tem um órgão regulador (Anac) que é omisso no assunto, não se sabe se por ignorância, ou conveniência? Passamos pelo apagão aéreo de 2008, enfrentamos crise mundial, gripe suína e declarações infelizes do Ministro da Saúde, às vésperas de uma alta temporada de julho. Muitos sucumbiram, mas outros ainda insistem em sobreviver. Eu sou um desses. No ano passado, muito desanimado e desestimulado com os acontecimentos que se sucediam, além de alguns problemas domésticos, pouco me manifestei, mas já que o presidente resolveu fazer um exercício de memória, achei que era necessário um verdadeiro recordar é viver.
Agradeço ao sr. “Kaká” a oportunidade dada de dar uma boa “engraxada” nas minhas lembranças e de poder dizer que estou vivo e ainda acompanho as notícias e acontecimentos à minha volta. E, se preciso for, volto ao combate ativamente. Depois do discurso de abertura do último Congresso da Abav, em 2009, vem se tornando crescente a minha vontade de morder!
Para finalizar, sobre a sugestão feita pelo presidente da Abav Nacional aos não associados, decepciona-me profundamente que um líder escolhido democraticamente (SIC) daquela que é a entidade maior de nosso trade, poderia ter algo mais inteligente e conciliador para o seu pronunciamento. Faltou-lhe a sensibilidade perceber que não apenas os não-associados estão insatisfeitos, mas muitos de seus associados também não estão nada satisfeitos; refiro-me especificamente àqueles que não possuem grandes contas corporativas e não podem ainda se dar ao luxo de faturarem apenas em “fees”. Infeliz e lamentável.
Espero não ser visto, mais uma vez, como o “louco que grita do alto das torres”. Espero que minha voz encontre eco dessa vez e consigamos, enfim, a tão necessária união de todos os agentes de viagens, em todos os recantos desse Brasil. Sem esta união, sem um grito uníssono de todos, uma vez mais seremos ignorados por quem detém o poder de decisão.
Repito aqui o texto de minha autoria, divulgado em 7 de Abril de 2006, no Portal PANROTAS, pois o mesmo ainda se mantém atual, visto que nada avançou: ao contrário, piorou, com a criação da imoral “taxa” :
. NÃO ACEITAMOS MAIS AS CONDIÇÕES E REGRAS QUE NOS SÃO IMPOSTAS. NÓS SOMOS O MERCADO, LOGO NÓS DITAMOS AS REGRAS;
. NÃO ACEITAMOS OPERADORAS CONCORRENTES COM AGÊNCIAS; OPERADORAS VENDEM PARA AGÊNCIAS, E NÃO ABREM MÚLTIPLAS LOJAS, PARA VENDER DIRETAMENTE AO CLIENTE;
. NÃO ACEITAMOS RELATÓRIO SEMANAL BSP/IATA - ONERA OS CUSTOS, E DIMINUI A PRODUTIVIDADE;
. NÃO ACEITAMOS COMPANHIAS AÉREAS EM CONCORRÊNCIA DESLEAL PELA INTERNET – PODE ATÉ VENDER DIRETO AO CLIENTE, MAS EM CONDIÇÕES IGUAIS DE TARIFAS E BENEFÍCIOS;
. NÃO ACEITAMOS 6% DE COMISSÃO – VOLTEMOS AO MÍNIMO DOS 9%, PARA VOLTAR A DISCUTIR O ASSUNTO;
. NÃO ACEITAMOS NÃO TER NOSSO OFÍCIO RECONHECIDO COMO PROFISSÃO - NÃO SOMOS PROSTITUTAS, QUE NÃO RECOLHEM UM ÚNICO CENTAVO DE IMPOSTOS. ESTAS SÃO DEVIDAMENTE RECONHECIDAS E REPRESENTADAS. EXIGIMOS AGILIDADE NO CONGRESSO, POIS NÓS SIM, GERAMOS RECEITA AOS COFRES PÚBLICOS, E MUITA !!!
Isso, só para começar.
Os que desejarem entrar em contato comigo, exclusivamente sobre este assunto, por favor o façam através do seguinte e-mail: murytours2@globo.com
Luiz Fernando Mury Medeiros
Agente de viagens, "abaviano" e muito desapontado”