Da Redação   |   03/06/2009 17:15

Presidente do BC analisa mudanças do dólar

Henrique Meirelles não aconselha depressão ou euforia por causa do dólar

NOTÍCIA DA AGÊNCIA BRASIL

O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou hoje (3) que é arriscado apostar na variação da cotação do dólar em apenas uma direção, seja para baixo ou para cima.

Meirelles lembrou que empresas que apostaram na cotação baixa do dólar em operações de derivativos cambiais tiveram prejuízos no ano passado. “A história mostrou que isso custou caro. O mercado funciona em duas direções sempre”, disse.

O presidente do Banco Central acrescentou que “é importante não entrar em depressão ou euforia” por conta das mudanças na cotação do dólar. “Espero que as empresas brasileiras e os investidores brasileiros olhem isso com muita responsabilidade”, afirmou.

Em audiência pública na Câmara dos Deputados, Meirelles destacou que existe correlação entre o preço das commodities (matérias-primas) e o real. Segundo ele, quando há aumento dos preços das commodities, o valor da moeda brasileira também sobe. “É uma correlação importante, que influencia as cotações. Dificilmente, governos conseguem alterar essas correlações em termos reais.”

Meirelles disse também que usar a taxa básica de juros (Selic) para conter a valorização do dólar “seria um abandono do atual sistema [câmbio flutuante e metas de inflação], que tem tanto sucesso”. Para ele, a atuação do BC na definição da Selic foi acertada, já que somente uma vez a inflação ficou abaixo do centro da meta, nos últimos anos. “Não é um resultado de um banco central excessivamente conservador. A minha posição pessoal é de transmitir conforto de que o Banco Central continuará a tomar medidas adequadas.”

De acordo com Meirelles, grande parte dos problemas com derivativos são os contratos assinados fora do Brasil, uma vez que o Banco Central não consegue ter acesso livre às informações no exterior. Segundo ele, esse é um assunto importante, que será discutido no Fórum de Estabilidade Financeira, do qual o Brasil faz parte. “É um assunto que vai demandar um acordo internacional. É um processo complicado, complexo. Mas esse é um grande campo para se avançar”, afirmou.

No caso das operações de derivativos no Brasil, Meirelles afirmou que empresas que não são financeiras não são reguladas pelo Banco Central. Ele acrescentou que é um avanço a decisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de exigir que as empresas de capital aberto divulguem números sobre os derivativos cambiais.

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