Ricardo Amorim compara Brasil e China e dá show no Conotel
Coube ao economista Ricardo Amorim, do programa Manhattan Connection, da Globo News, encerrar o 1o. dia do Conotel. Com palestra atual, comparando o País a outros Brics, ele fugiu do economês tradicional
Coube ao economista Ricardo Amorim, co-apresentador do programa Manhattan Connection, da Globo News, encerrar o primeiro dia dos trabalhos do 56º Conotel – Congresso Nacional de Hotéis –, que acontece paralelo à feira Food Hospitality World no Transamérica Expo Center, em São Paulo. Com uma palestra atual, focada no momento brasileiro, comparando o País a outros membros do Brics, como China e Índia, Amorim fugiu do economês tradicional dos índices e taxas de juros. E deu um show.
“Nos últimos anos, contabilizei 1,5 mil noites passadas em hotel, então estou em casa aqui com vocês”, disse descontraído no início da palestra. Amorim também disse que o Brasil, felizmente, está condenado a crescer e comparou a série de fatores vividos pelo País que o transformaram em uma das nações da moda, que arranca admiração, curiosidade e investimentos mundo afora, a um bilhete de loteria. Segundo ele, boa parte do crescimento brasileiro se deve à sorte, porque muitos fatores que contribuíram para o crescimento brasileiro a partir do ano 2000 eram externos ao País.
QUEIMANDO O BILHETE
“O Brasil foi premiado na loteria, e viveu um ciclo significativo de crescimento por uma junção de fatores. Mas está queimando o bilhete”, disse, lamentando oportunidades perdidas pelo País recentemente. Uma delas, segundo ele, é a de conquistar turistas no longo prazo com a exposição que um megaevento como a Copa do Mundo possibilita. “Estive pensando e nas últimas edições de Copas e Olimpíada, se eu não estive no país-sede durante o evento, estive nos preparativos. E é impressionante como o Brasil, com sua falta de infraestrutura e estratégia, está perdendo a oportunidade de encantar e conquistar turistas que queiram voltar ao País”, afirmou.
CORRUPÇÃO
Reconhecendo que a revista inglesa The Economist pegou pesado ao colocar o Cristo Redentor de cabeça para baixo em sua matéria de capa, em outubro, insinuando que o Brasil teria estragado tudo, ele lamentou a corrupção brasileira e a falta de investimentos em educação. “Não existe na história país que tenha de desenvolvido de forma efetiva e com justiça social sem educar sua população”, garantiu o economista.
Outro ponto destacado por ele, e que já havia ganhado a pauta do Conotel no início da tarde, foi a falta de competitividade empresarial brasileira. “Entre os 132 países do mais respeitado índice de competitividade global, o Brasil amargou recentemente o 131º lugar. E eu não lembro o infeliz que conseguiu ser o último da lista.” Segundo ele, o Brasil também não é o único país corrupto do mundo. “A corrupção existe em todo lugar, mas aqui é sistêmica. Ser poder público no Brasil virou um ‘ótimo negócio’. Aqui é o único lugar que o corrupto, praticamente, passa recibo”, disse, arrancando risadas da plateia. “A corrupção mina o capitalismo”, ressaltou.
INFRAESTRUTURA
Ele também citou o caos da infraestrutura brasileira, comparando o Brasil a economias emergentes. “O Brasil investe menos de 2,5% do PIB em infraestrutura. Na Colômbia, esse índice é de mais de 5% e na China chega aos 13%. E não é por falta de dinheiro, já que pagamos impostos de Primeiro Mundo e temos serviços de Terceiro.” Ele também mostrou como é difícil abrir uma empresa no Brasil. “No Chile, leva-se cinco dias para isso; no Brasil a média supera os 100 dias.”
BOLHA IMOBILIÁRIA
A China é também o grande “causador” de efeitos no mundo na atualidade. Segundo Amorim, uma marolinha por lá causa um tsunami no mundo. “No Brasil, e há quem diga que o País está um canteiro de obras, foram construídas 400 mil moradias no último ano. Na China, esse número chegou a 22 milhões. A diferença é de 55 vezes e a China não tem 55 vezes a população brasileira.”
O economista, porém, fez questão de acalmar a plateia de hoteleiros, interessados no setor de construção civil pela natureza de seu negócio. “O Brasil não vive, ao que tudo indica, uma bolha imobiliária, ainda que muita gente insista em dizer o contrário. Analisei a economia de diversos países que viveram bolhas imobiliárias recentes e a situação é bem diferente. O crédito imobiliário aqui está em 8% do PIB. É bem diferente da Espanha com 59%, de Portugal com 56% ou dos EUA com 79% na época da bolha”, contou.
GRANDES REDES
Outra boa notícia gerado pelo bom momento do Brasil e que teve consequências na hotelaria, segundo ele, foi o fato de várias redes estrangeiras decidirem apostar no País. A maior parte, porém, está investindo em cidades do interior, em Estados como São Paulo e Minas Gerais. “Os municípios do interior estão crescendo mais que as capitais há mais de uma década. Invistam no interior”, aconselhou os hoteleiros presentes, lembrando os bons números do agronegócio e os empregos gerados no interior, segundo ele o dobro de postos de trabalho das capitais. "Para a hotelaria, é fundamental estar focada no sucesso de outros setores da economia." Por conta de tudo isso, o palestrante acredita que, apesar do Custo Brasil, novas redes continuarão vindo.
DÍVIDA DO BRASILEIRO
Amorim também falou de outra questão que interessa diretamente ao setor turístico, ao afirmar que a dívida do brasileiro não é alta, “o que pode ser uma boa notícia para o mercado turístico, que vende viagens”. O problema, segundo ele, é o comprometimento do salário com a dívida, gerado, principalmente, pelas altas taxas de juros que chegam, por exemplo, a ser 20 vezes o índice norte-americano.
E concluiu com dois pontos, um deles um recado para os empresários:
1 – A Índia é quem será a nova China
2 – Estejam preparados para uma mudança no modelo econômico, que vai acontecer no próximo governo.
“Nos últimos anos, contabilizei 1,5 mil noites passadas em hotel, então estou em casa aqui com vocês”, disse descontraído no início da palestra. Amorim também disse que o Brasil, felizmente, está condenado a crescer e comparou a série de fatores vividos pelo País que o transformaram em uma das nações da moda, que arranca admiração, curiosidade e investimentos mundo afora, a um bilhete de loteria. Segundo ele, boa parte do crescimento brasileiro se deve à sorte, porque muitos fatores que contribuíram para o crescimento brasileiro a partir do ano 2000 eram externos ao País.
QUEIMANDO O BILHETE
“O Brasil foi premiado na loteria, e viveu um ciclo significativo de crescimento por uma junção de fatores. Mas está queimando o bilhete”, disse, lamentando oportunidades perdidas pelo País recentemente. Uma delas, segundo ele, é a de conquistar turistas no longo prazo com a exposição que um megaevento como a Copa do Mundo possibilita. “Estive pensando e nas últimas edições de Copas e Olimpíada, se eu não estive no país-sede durante o evento, estive nos preparativos. E é impressionante como o Brasil, com sua falta de infraestrutura e estratégia, está perdendo a oportunidade de encantar e conquistar turistas que queiram voltar ao País”, afirmou.
CORRUPÇÃO
Reconhecendo que a revista inglesa The Economist pegou pesado ao colocar o Cristo Redentor de cabeça para baixo em sua matéria de capa, em outubro, insinuando que o Brasil teria estragado tudo, ele lamentou a corrupção brasileira e a falta de investimentos em educação. “Não existe na história país que tenha de desenvolvido de forma efetiva e com justiça social sem educar sua população”, garantiu o economista.
Outro ponto destacado por ele, e que já havia ganhado a pauta do Conotel no início da tarde, foi a falta de competitividade empresarial brasileira. “Entre os 132 países do mais respeitado índice de competitividade global, o Brasil amargou recentemente o 131º lugar. E eu não lembro o infeliz que conseguiu ser o último da lista.” Segundo ele, o Brasil também não é o único país corrupto do mundo. “A corrupção existe em todo lugar, mas aqui é sistêmica. Ser poder público no Brasil virou um ‘ótimo negócio’. Aqui é o único lugar que o corrupto, praticamente, passa recibo”, disse, arrancando risadas da plateia. “A corrupção mina o capitalismo”, ressaltou.
INFRAESTRUTURA
Ele também citou o caos da infraestrutura brasileira, comparando o Brasil a economias emergentes. “O Brasil investe menos de 2,5% do PIB em infraestrutura. Na Colômbia, esse índice é de mais de 5% e na China chega aos 13%. E não é por falta de dinheiro, já que pagamos impostos de Primeiro Mundo e temos serviços de Terceiro.” Ele também mostrou como é difícil abrir uma empresa no Brasil. “No Chile, leva-se cinco dias para isso; no Brasil a média supera os 100 dias.”
BOLHA IMOBILIÁRIA
A China é também o grande “causador” de efeitos no mundo na atualidade. Segundo Amorim, uma marolinha por lá causa um tsunami no mundo. “No Brasil, e há quem diga que o País está um canteiro de obras, foram construídas 400 mil moradias no último ano. Na China, esse número chegou a 22 milhões. A diferença é de 55 vezes e a China não tem 55 vezes a população brasileira.”
O economista, porém, fez questão de acalmar a plateia de hoteleiros, interessados no setor de construção civil pela natureza de seu negócio. “O Brasil não vive, ao que tudo indica, uma bolha imobiliária, ainda que muita gente insista em dizer o contrário. Analisei a economia de diversos países que viveram bolhas imobiliárias recentes e a situação é bem diferente. O crédito imobiliário aqui está em 8% do PIB. É bem diferente da Espanha com 59%, de Portugal com 56% ou dos EUA com 79% na época da bolha”, contou.
GRANDES REDES
Outra boa notícia gerado pelo bom momento do Brasil e que teve consequências na hotelaria, segundo ele, foi o fato de várias redes estrangeiras decidirem apostar no País. A maior parte, porém, está investindo em cidades do interior, em Estados como São Paulo e Minas Gerais. “Os municípios do interior estão crescendo mais que as capitais há mais de uma década. Invistam no interior”, aconselhou os hoteleiros presentes, lembrando os bons números do agronegócio e os empregos gerados no interior, segundo ele o dobro de postos de trabalho das capitais. "Para a hotelaria, é fundamental estar focada no sucesso de outros setores da economia." Por conta de tudo isso, o palestrante acredita que, apesar do Custo Brasil, novas redes continuarão vindo.
DÍVIDA DO BRASILEIRO
Amorim também falou de outra questão que interessa diretamente ao setor turístico, ao afirmar que a dívida do brasileiro não é alta, “o que pode ser uma boa notícia para o mercado turístico, que vende viagens”. O problema, segundo ele, é o comprometimento do salário com a dívida, gerado, principalmente, pelas altas taxas de juros que chegam, por exemplo, a ser 20 vezes o índice norte-americano.
E concluiu com dois pontos, um deles um recado para os empresários:
1 – A Índia é quem será a nova China
2 – Estejam preparados para uma mudança no modelo econômico, que vai acontecer no próximo governo.