Dayse Regina Ferreira   |   16/04/2013 21:45

Hotel de Crillon, um ícone em 3,5 mil pedaços

O famoso Hotel de Crillon, ícone da França situado em plena Place de la Concorde em Paris, e que anunciou há poucos dias o fechamento de suas portas pelo período de dois anos para trabalhos de restauração e redecoração, levará a leilão 3,5 mil peças

O famoso Hotel de Crillon, ícone da França situado em plena Place de la Concorde em Paris, e que anunciou há poucos dias o fechamento de suas portas pelo período de dois anos para trabalhos de restauração e redecoração, levará a leilão 3,5 mil peças. O leilão será realizado na sala Ambassadeurs, entre 18 e 22 de abril, e vai vender cortinas de seda da suíte Leonard Bernstein, onde se hospedaram Roosevelt, Michael Jackson e Madonna, e todos os outros que pagaram 9,6 mil euros por uma noite.

A suíte tem vista para a praça Concorde e um terraço que abre visão para o Obelisco, Torre Eiffel, a Assembléia Nacional e até o jardim da embaixada americana. Era onde Bernstein buscava inspiração no piano negro, que já não está mais lá. E tudo será vendido, desde o tapete até os roupões e toalhas de banho. Junto com 500 lotes de vinhos da adega e todas as peças da cozinha.

HISTÓRIA E O ÚLTIMO JANTAR
Desde 2010, o palácio-hotel pertence à família real saudita. Uma história de 250 anos no prédio projetado em 1758 por Jacques-Ange Gabriel por ordem de Louis 15 e transformado em hotel de luxo em 1909, já com o nome de um de seus proprietários – o conde de Crillon –, estará preservando a sucessão de proprietários.
O mítico palácio francês recebeu no dia 30 de março, no salão Marie-Antoinette, aos 120 convidados especiais para o último jantar, encerrando uma era de luxo e fama. Daqui para a frente, é o futuro.

O hotel foi da família Taittinger, também proprietária dos cristais Baccarat, antes de passar para as mãos dos sauditas. O que garante a sobrevida do elefante-armário para licores, assinado Baccarat. Também serão preservadas as duas fontes em mármore, que dizem ter pertencido ao palácio de Versailles, e os lustres de cristal, que entram na lista dos símbolos visuais permanentes.

Mas todo o restante, como o restaurante l´Obé, o piano-bar assinado pelo escultor César, com fachada de espelhos facetados e lance inicial entre 10 mil e 20 mil euros, e os estampados de Sonia Rykiel, serão leiloados. Cadeiras, sofás, mesinhas de cabeceira, televisões vão fazer parte de acervos particulares, carregando consigo um pouco da história francesa.

O FUTURO
A equipe responsável pela reestruturação do Crillon é dirigida por uma mulher – Aline Asmar d´Amman --, arquiteta libanesa de 38 anos, com influência da França e do Oriente Médio. Sua missão é a de recriar o Crillon em estilo do século 18, mas com novidades modernas: uma piscina e spa no subsolo; transformação dos 147 quartos atuais em apenas 125 espaços mais amplos; um novo restaurante gastronômico; uma cave de vinho com espaço para degustação.

Os trabalhos vão começar no dia 1º de junho, com o controle do dirigente do patrimônio dos monumentos históricos da França, para que nada seja destruído da história emblemática do hotel. Os dois pátios internos serão cobertos de jardins criados pelo mesmo paisagista encarregado de fazer um jardim contemporâneo junto às fontes do Château de Versailles.

CHORO
Nem é preciso dizer que os funcionários choraram cada vez que hóspedes e clientes assíduos passaram para a última taça de champanhe, o último chocolate do confeiteiro Jerome Chaucasse, a última leitura de jornal no salão cheio de espelhos e obras de arte. Um deles vai abrir empresa de vinhos e bebidas alcoólicas, outro vai dirigir seu bar especializado em coquetéis, outros simplesmente aceitam que os dias de trabalho terminaram para sempre.

Para as 18 governantas e as 54 camareiras, o futuro é incerto e recomeça em 2015. Assim como o desfile de hóspedes famosos ou apenas endinheirados.

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