Comissária mais velha do Brasil morre aos 88 anos
Alice Editha Klausz, a maior comissária de bordo da história do Brasil, despediu-se pela última vez na quarta-feira passada (20), aos 88 anos
Alice Editha Klausz, a maior comissária de bordo da história do Brasil, faleceu na quarta-feira passada (20), aos 88 anos. A ex-comissária da extinta Varig e a principal tripulante das rotas da FAB ao polo sul nos últimos 20 anos morreu no mesmo dia em que se comemora o aniversário de Santos Dumont, o 47° aniversário do primeiro pouso na Lua, e, coincidentemente, os dez anos do fim da Varig.
Em seus últimos anos de vida, Editha recebeu o Diploma Mulher Cidadã Bertha Lutz, concedido pelo Senado Federal, que dificilmente gradua integralmente sua longa e frutífera trajetória.
Sua história de 55 anos na aviação começou em 1954, quando, aos 26 anos, conquistou uma vaga no primeiro grupo de aeromoças da Varig. Filha de pai húngaro e mãe alemã, seu domínio de idiomas estrangeiros serviu de asas à carreira que teve ainda o impulso de uma graduação em Direito e Biblioteconomia.
Os conhecimentos em biblioteconomia, aliás, foram úteis nos serviços de comissária. Desde o início de suas atividades na aviação, suas anotações e critérios na sequência do serviço relacionados ao atendimento mostraram seu diferencial. O presidente da empresa, Rubem Berta, chegou a pedir que o primeiro Manual para Comissárias e Balconistas fosse confeccionado por ela.
Ainda em seus primeiros anos como comissária, Klausz foi enviada à Europa para fazer estágios em centros de formação. Antes de voltar ao País, fez uma viagem ao redor do mundo, sob supervisão da Swiss.
Em uma história de vida que se mistura à história de uma das maiores companhias aéreas que o Brasil já teve, Editha inaugurou vários voos da Varig em seus 35 anos na companhia, incluindo o primeiro da empresa a Nova York, na qual foi chefe de cabine em uma missão que durou 21 horas e passou por diversas cidades da América Latina.
Quando diretora da Escola de Comissários, a "Tia Alice" - como era carinhosamente chamada - formou mais de quatro mil comissários, atendendo também a vários presidentes, como Juscelino Kubistchek, João Goulart, Costa e Silva e Luis Inácio Lula da Silva.
Aposentada em 1989, Editha trabalhou por mais quase 20 anos na equipe do Programa Antártico Brasileiro, no deslocamento para a estação Comandante Ferraz, na Antártida, como responsável pelo serviço de bordo e atendimento. No entanto, seus ensinamentos nos serviços a bordo permaneceram entre os colegas da Varig, e, na opinião de amigos e colegas, influenciou também pilotos e administração.
Homenageada por colegas, Editha teve lembrado um dizer que expressa sua dedicação ao trabalho: "Ser exigente não era um capricho. Era um método. Melhor reparar em cada detalhe, pois é isso que o passageiro faz. Então, melhor corrigir tudo - ou quase tudo - antes que eles o façam".
Em seus últimos anos de vida, Editha viva apenas com a aposentadoria que tinha direito pelo INSS, uma vez que sua aposentadoria suplementar do Aerus (Instituto de Previdência Complementar) foi perdido com a falência da Varig.
Confira o vídeo de Editha em seu oitavo voo a bordo de um Hércules (C130) da FAB rumo à base chilena Presidente Frey. Este era seu 156º voo à Antártida.