Artur Luiz Andrade   |   11/07/2009 14:21

Portal PANROTAS entrevista Alexandre Zubaran

Portal PANROTAS entrevista Alexandre Zubaran, que pediu demissão do cargo de presidente da Sauípe S.A.

A reportagem do Portal PANROTAS conseguiu falar com o presidente da Sauípe S.A., Alexandre Zubaran, que confirmou sua saída da empresa, depois de sete anos. Zubaran está na Bahia com a família e falou ao telefone com o Portal PANROTAS. “É hora de pensar na pessoa física agora”, disse ele, que é casado, está com 43 anos e vai mesmo viajar por dois meses para a Europa com a filha.

PORTAL PANROTAS — Por que a decisão de sair depois de sete anos de reestruturação da Costa do Sauípe?
ALEXANDRE ZUBARAN — Porque reposicionar Sauípe foi um processo intenso e tenso, muito estimulante para minha formação, mas que também me desgastou muito. É hora de pensar na pessoa física agora.

PP — Quando você destaca a intensidade e a tensão no processo, se refere às negociações que teve de fazer nessa reestruturação, com a saída das marcas, por exemplo?
ZUBARAN — Quando nós diagnosticamos que o problema de Sauípe não era de imagem ou de marketing e sim o modelo de negócios, iniciou-se um embate, inclusive jurídico, muito grande. A negociação entre seres tão diferentes (gente do turismo e gente de fundo de pensão) foi dura e desgastante. Mas há de se ressaltar a coragem dos acionistas em nos permitir fazer essa reestruturação, mesmo com todo esse desgaste, Fala-se muito nas marcas hoteleiras, mas Sauípe tinha mais de 60 pessoas jurídicas, dos centros esportivos aos restaurantes.

PP — O modelo de uma gestão central mostrou-se o ideal para o projeto então?
ZUBARAN — Sim e está consolidado. O ganho de escala faz a diferença. E ele pode ser emprestado mesmo para quem ainda não está sob o guarda-chuva da Sauípe S.A. Claro que ainda tem o Breezes lá dentro, mas administramos 1.254 apartamentos.

PP — O contrato do Breezes vence em 2010 (são dez anos da abertura do complexo) e no mercado já dizem que a Sauípe S.A. e a Previ já comunicaram à Superclubs que eles querem sua saída, para terem controle total do complexo. Como está essa negociação?
ZUBARAN — Prefiro não comentar sobre esse assunto ou sobre possibilidades futuras do complexo, já que estou saindo e daqui pra frente qualquer mudança caberá a meu sucessor (Zubaran também não disse o nome de seu sucessor, mas segundo apurou o Portal PANROTAS o nome mais cotado é de Eduardo Giestas, ex-Claro e Equifax e sem experiência em turismo).

PP — A Costa do Sauípe já consegue uma rentabilidade satisfatória?
ZUBARAN — Sim. Sauípe está desonerado do passado, é um dos empreendimentos de maior sucesso no turismo da América do Sul e agora tem de prosperar como investimento. Esta ano, se é que tem zero positivo, esse será o resultado de Sauípe. A rentabilidade, mesmo neste momento, e comparando-se ao passado, é infinitamente melhor. Mas no Brasil é um segmento em que esta rentabilidade é muito pequena. E se o resort não vir que para aumentar essa rentabilidade tem de ser âncora de uma série de outros investimentos, como time-sharing, alimentos e bebidas, parque, área imobiliária, venda de produtos, entre outros, dificilmente vai ganhar muito dinheiro. Resort não é só vender cama. Nesse ponto eu e os acionistas de Sauípe divergimos um pouco. Sobre como fazer para Sauípe ampliar seus ganhos mais ainda. Há cases de muito sucesso nesse sentido no Brasil, como a Rio Quente Resorts e o Beach Park, e nós não somos a Disneyu hein, não temos o Mickey.

PP — Sauípe está pronto para esta fase?
ZUBARAN — Está. O complexo foi uma quebra de paradigma no turismo nacional e serviu para mudar o padrão dos resorts no Brasil, inclusive atraindo investidores internacionais. Veja o que ocorreu com a costa de Salvador até Sauípe, quantos empreendimentos surgiram de 2000 para cá. Em junho passado, depois de adequarmos cada resort a um público específico – grupos, famílias, casais sem filhos, jovens – demos um salto qualitativo fundamental na Costa do Sauípe, que expliquei na entrevista que dei para a Fabíola (Bemfeito) aqui na PANROTAS, e que foi a mudança do sistema, com o hóspede realmente podendo comer em qualquer restaurante, mesmo na Vila Nova, usar toda a estrutura esportiva, com um passaporte único de lazer. Colocamos o destino a serviço das pessoas. E não aquela coisa dividida de antes, onde não havia integração e tudo era limitado.

PP — Você pediu demissão há cerca de dois meses e vinha alimentando essa idéia antes mesmo disso. Planos para o futuro?
ZUBARAN — Como disse o Paulo Salvador (da Accor), vou tirar meus dois meses sabáticos, com minha filha, na Europa. Vou pensar nos planos de trabalho somente a partir de setembro. A família agradece.

Leia aqui sobre o sucessor de Alexandre Zubaran

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