Ex-Embratur alerta: "Patrimônios culturais são cruciais"
SALVADOR – Hospitalidade sem profissionalismo não adianta nada, construções históricas sem contexto cultural se restringem apenas a serem belas, e paisagens naturais são simples commodities quando não se agrega experiências inesquecíveis
SALVADOR – Hospitalidade sem profissionalismo de nada adianta, construções históricas sem contexto cultural se restringem apenas a serem belas, e paisagens naturais são simples commodities quando não se agrega experiências inesquecíveis ao produto. Já é um clichê dizer que o Brasil tem um enorme potencial turístico, mas ainda há muito a ser discutido sobre a maneira que o País trata seu Turismo e o vende ao Exterior.
Essas são algumas das percepções do diretor executivo do canal de televisão Arte 1, ex-presidente da SPTuris, da Embratur e ex-ministro do Esporte e do Turismo, Caio Carvalho, durante painel no Fórum Turistic Brasil, que acontece na capital baiana. Participaram do painel o secretário municipal da Cultura e do Turismo de Salvador, Érico Mendonça, o secretário executivo de Turismo e Lazer do Recife, Mustafá Dias, e o representante do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro, Washington Menezes.
“Passamos um período de oito anos abandonados em termos de investimento em Salvador, mas cientes de que o que faz o turista voltar ao destino é ter algo novo, retomamos um trabalho muito forte para mostrar a cultura soteropolitana em sua totalidade. Sol e praia encontra-se em vários lugares, mas a cultura é única de cada lugar, e Salvador é carregado de cultura, e tem esse apelo de ser um local único culturalmente”, avaliou Mendonça. “Estamos com um forte trabalho de preservação histórica e cultural. Reabrimos a Casa de Jorge Amado após 11 anos e a transformamos em um museu com vários ambientes interativos onde se encontra de tudo sobre a vida do artista. Outros equipamentos são o Forte de Santa Maria, na Barra, que foi restaurado e abriga obras do etnólogo e fotógrafo Pierre Verger, além do Forte de São Diogo, que abriga o Espaço Carybé de Artes.”
A situação de Recife é similar à de Salvador, na opinião do mediador Caio de Carvalho. E o secretário Mustafá Dias concorda. “Falamos em sabores, cores e autenticidade e o Recife tem isso de sobra. Nossa cidade está cada vez mais feliz, ativa, em movimento, além de receber muito bem o turista. O projeto ‘Olha! Recife’ estimula as pessoas a viverem a cidade, de bicicleta, à pé, em um catamarã e em ônibus, e os roteiros ‘mal assombrados’ são os de maior apelo”, afirmou Dias. “E o roteiro Recife Sagrado hoje conta com seis igrejas abertas com acompanhamento de um total de 23 monitores, pois o turismo religioso é muito forte na capital pernambucana. Temos também a ciclofaixa, o paço do frevo e outras tantas atrações no marco zero. O Turismo cresceu muito em Recife”, concluiu o secretário, ainda apontando que a cidade é a melhor do Nordeste em termos de conexão aérea.
Washington Menezes já tocou em um ponto mais técnico, mas sem se desprender do Turismo. “Gestão do meio ambiente cultural, requalificação e promoção do espaço público, conteúdos tradicionais contemporâneos e instrumentos de conservação são primordiais para manutenção do patrimônio estratégico. Isso é produto turístico, de memória. O porto maravilha, do Rio de Janeiro, é um exemplo de como pode ser feita uma boa gestão do patrimônio cultural em prol do Turismo.”
