Marcos Martins   |   07/12/2017 17:46

Boeing revela projetos e pede ajuda do governo brasileiro

Fabricante norte-americana investe também na reciclagem de titânio

Jhonatan Soares
Ana Paula Ferreira e Antonini Puppin-Macedo falam sobre novidades para 2018
Ana Paula Ferreira e Antonini Puppin-Macedo falam sobre novidades para 2018
A Boeing apresentou hoje, em São Paulo, diversas novidades que serão lançadas e outras tecnologias que serão desenvolvidas, em maior escala, a partir de 2018, incluindo software para redução de ruídos e a reciclagem de titânio para matéria-prima. Durante encontro de relacionamento com parceiros, a diretora de Comunicação da Boeing para Brasil, Colômbia, Chile e México, Ana Paula Ferreira, comemorou o fato de o País abrigar o único centro de pesquisa da fabricante na América Latina, que foi inaugurado em 2014, e revelou que há pouco tempo houve mudanças na organização da empresa.

“Em julho nós consolidamos a nossa operação no Brasil e, com isso, nossos funcionários foram realocados para o centro de pesquisa em São José dos Campos (SP). Abrimos também um hub de América Latina em Miami, nos Estados Unidos, para atender melhor ao mercado a partir da região norte-americana”, disse Ana Paula. “O Brasil continua sendo o mercado mais importante para a Boeing na AL de várias formas e aqui realizamos aqui pesquisas para serem utilizadas globalmente. Isso comprova a nossa qualidade ao tirar conhecimento dos laboratórios e levar para a indústria”, comemora.

PROJETOS E MELHORIAS

O diretor geral do Centro de Pesquisa e Tecnologia da Boeing no Brasil (Boeing Research & Technology – BR&T Brasil), Antonini Puppin-Macedo, reforçou o alto nível científico que já foi alcançado e revelou que um dos focos para os próximos meses é a série de estudos para diminuição de ruídos.

“Uma área em que investimos bastante foi na redução, computacionalmente, de ruídos aerodinâmicos, relacionados à abertura do trem de pouso que é responsável por 50% do ruído das aeronaves. Há uma regulação mundial para este aspecto e estamos no estágio 4. Ou seja, todos os aviões terão que se sujeitar a essas regras, que variam de acordo com a comunidade local. Algumas dessas tecnologias estamos preparando para voos a partir de 2019”.

O programa tem código aberto e permite a colaboração de outros profissionais. Além disso, está sendo construído um túnel de vento, em parceria com universidades nacionais e internacionais, para validação dos métodos.

Outra área em desenvolvimento na Boeing é o aperfeiçoamento dos sistemas de comando de bordo para que a operação nas aeronaves torne-se mais eficiente. Em paralelo, os pesquisadores brasileiros estão desenvolvendo estudos em parceria com o centro de pesquisa da Rússia para que seja possível a reciclagem dos rejeitos de titânio, algo que geraria uma economia financeira de 50% a 75%. Dessa maneira, o componente voltaria à sua forma original, podendo ser reutilizado em impressões 3D, e poderia dar origem a novas peças, úteis para a construção de outras aeronaves.

“Estamos com um portfólio de pesquisa muito sólido e semeamos diversos projetos. Temos que competir de igual para igual com todos os centros da Boeing, dentro e fora dos Estados Unidos, com a necessidade de entregar algo à frente de tudo que está sendo feito mundialmente. Continuamos também com nosso foco em biocombustíveis, direcionando mais em políticas públicas, e mantemos uma parceria com a Embraer nesse sentido, mas nosso peso maior é em outras tecnologias que estão, efetivamente, sendo utilizadas em nossos produtos. Nos últimos anos, tivemos 16 patentes (segredos industriais) e publicamos mais de 40 patentes, sendo dez no ano passado e seis neste ano”.

Divulgação/ Airbus
Boeing 737 Max 10, que foi lançado em Paris no fim do primeiro semestre
Boeing 737 Max 10, que foi lançado em Paris no fim do primeiro semestre
Uma reclamação de Antonini Puppin-Macedo foi a quantidade zero de recursos provenientes do governo brasileiro. “Todos os investimentos até agora foram financiados pela Boeing, o que mostra o nosso comprometimento, mas precisamos de apoio pelo mérito de realizar ações significativas ao País. As condições que encontramos na Austrália, Alemanha, Japão, Inglaterra, Índia e China são extremamente benevolentes para pesquisa em termos de competitividade”.

FUTURO
A fabricante norte-americana fez um levantamento de quantas aeronaves a América Latina deve incluir na sua frota aérea: serão 3.010 novas aeronaves nos próximos 20 anos e, desse número, e o Brasil deve ser responsável por 40%. No entanto, essa perspectiva não inclui apenas as aeronaves da Boeing, mas sim a demanda global.

E o primeiro Boeing 737 Max 8 da AL foi entregue oficialmente para as Aerolíneas Argentinas, em Buenos Aires, nesta quinta-feira. O modelo já desponta como a aeronave mais vendida na história da aviação comercial, superando os quatro mil pedidos até agora. A próxima entrega de uma unidade da família Max acontece em fevereiro, para a Copa Airlines, e a Gol receberá a sua primeira aeronave do tipo entre junho e julho de 2018.

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