Comissárias russas lutam na justiça contra padrões estéticos
A padronização de comissárias de bordo de acordo com atributos físicos parece ser assunto superado há décadas. No entanto, casos assim ainda são registrados atualmente na aviação comercial russa. Em pleno 2017, a companhia estatal Aerof
A padronização de comissárias de bordo de acordo com atributos físicos parece ser assunto superado há décadas. No entanto, casos assim ainda são registrados atualmente na aviação comercial russa. Em pleno 2017, a companhia estatal Aeroflot responde na justiça por baixar salários de aeromoças que não se encaixavam no padrão estipulado pela empresa.
“Eu fiquei em estado de choque, não fazia sentido. Como eles poderiam cortar os rendimentos por causa disso?”, afirmou a comissária de bordo da Aeroflot, Evgenia Magurina, ao falar sobre sua experiência em reportagem produzida pela BBC.
Segundo a matéria, assinada por Sarah Rainsford, a Aeroflot, que é a maior companhia aérea da Rússia, buscava uma mudança de imagem. “Eles disseram que o 'sucesso' de uma aeromoça depende do tamanho dela, e isso realmente me ofendeu", continuou Magurina.
Em 2016, integrantes de equipes que trabalhavam em contato com passageiros a bordo foram fotografados e tiveram suas medidas tiradas. À época, Evgenia Magurina ouviu ter “grandes bochechas e um grande busto” e que, por conta disso, deveria usar sutiãs esportivos.
Algum tempo depois, ainda no ano passado, a comissária percebeu um corte em bônus que deveria receber. Além disso, também foi deixada de lado em voos mais longos (e lucrativos). Internamente, dentre as preteridas, a piada é que, ao invés de viagens a Nova York, faziam trechos noturnos de ida e volta à cidade russa Nizhny Novgorod, “para que ninguém nos veja”.
O mesmo tratamento foi feito a centenas de outras comissárias de bordo, conta Evgenia Magurina. O grupo se auto intitula “Clube STS”, sigla com as iniciais em russo para “velho, gordo e feio”.
A Aeroflot nega veementemente estar cometendo discriminação. Porém, de acordo com a matéria, ao confrontar seus patrões, Evgenia foi informada que não estava dentro dos limites máximos de manequim estabelecidos pela aérea para comissárias: tamanho 48 russo (equivalente ao 42 brasileiro).
NA JUSTIÇA
Os cortes nos vencimentos de Evgenia chegaram a 30%. Então a profissional decidiu processar a companhia. "Eles colocaram a aparência em primeiro lugar, mas as aeromoças são socorristas acima de tudo", defende. "Imagine se eles usassem os mesmos requisitos para juízes ou médicos? Seria um absurdo."
Sobre as reduções salariais, a equipe de advogados da Aeroflot se defendeu dizendo que “cada quilo a mais no avião gera um custo extra à companhia aérea”, escreve a reportagem. Eles também alegaram que sua política era baseada em corredores estreitos de aeronaves e que pensou na saúde de sua tripulação, e não apenas em sua aparência.
Ao final do embate, o juiz declarou a política da companhia ilegal. "Espero que isso signifique que as mulheres se tornarão mais corajosas para lutar por seus direitos", comemorou Evgenia. "Eles achavam que todos iriam suportar isso. Mas nos ofendeu", disse ela. "Agora, a justiça prevaleceu".
“Eu fiquei em estado de choque, não fazia sentido. Como eles poderiam cortar os rendimentos por causa disso?”, afirmou a comissária de bordo da Aeroflot, Evgenia Magurina, ao falar sobre sua experiência em reportagem produzida pela BBC.
Segundo a matéria, assinada por Sarah Rainsford, a Aeroflot, que é a maior companhia aérea da Rússia, buscava uma mudança de imagem. “Eles disseram que o 'sucesso' de uma aeromoça depende do tamanho dela, e isso realmente me ofendeu", continuou Magurina.
Em 2016, integrantes de equipes que trabalhavam em contato com passageiros a bordo foram fotografados e tiveram suas medidas tiradas. À época, Evgenia Magurina ouviu ter “grandes bochechas e um grande busto” e que, por conta disso, deveria usar sutiãs esportivos.
Algum tempo depois, ainda no ano passado, a comissária percebeu um corte em bônus que deveria receber. Além disso, também foi deixada de lado em voos mais longos (e lucrativos). Internamente, dentre as preteridas, a piada é que, ao invés de viagens a Nova York, faziam trechos noturnos de ida e volta à cidade russa Nizhny Novgorod, “para que ninguém nos veja”.
O mesmo tratamento foi feito a centenas de outras comissárias de bordo, conta Evgenia Magurina. O grupo se auto intitula “Clube STS”, sigla com as iniciais em russo para “velho, gordo e feio”.
A Aeroflot nega veementemente estar cometendo discriminação. Porém, de acordo com a matéria, ao confrontar seus patrões, Evgenia foi informada que não estava dentro dos limites máximos de manequim estabelecidos pela aérea para comissárias: tamanho 48 russo (equivalente ao 42 brasileiro).
NA JUSTIÇA
Os cortes nos vencimentos de Evgenia chegaram a 30%. Então a profissional decidiu processar a companhia. "Eles colocaram a aparência em primeiro lugar, mas as aeromoças são socorristas acima de tudo", defende. "Imagine se eles usassem os mesmos requisitos para juízes ou médicos? Seria um absurdo."
Sobre as reduções salariais, a equipe de advogados da Aeroflot se defendeu dizendo que “cada quilo a mais no avião gera um custo extra à companhia aérea”, escreve a reportagem. Eles também alegaram que sua política era baseada em corredores estreitos de aeronaves e que pensou na saúde de sua tripulação, e não apenas em sua aparência.
Ao final do embate, o juiz declarou a política da companhia ilegal. "Espero que isso signifique que as mulheres se tornarão mais corajosas para lutar por seus direitos", comemorou Evgenia. "Eles achavam que todos iriam suportar isso. Mas nos ofendeu", disse ela. "Agora, a justiça prevaleceu".
*Fonte: BBC