Renato Machado   |   09/09/2016 17:29

Após 15 anos, veja como o 11/9 influenciou a segurança

Há 15 anos o mundo parava em choque devido os ataques terroristas realizados em 11 de setembro, nos Estados Unidos. Autoridades e o mercado da aviação viram escancaradas as fragilidades do sistema de segurança no setor e propuseram mudanças imediatas, que perduram

Flickr/Marcela Mcgreal
Skyline de Nova York, com homenagem às torres gêmeas
Há 15 anos o mundo parava em choque devido aos ataques terroristas realizados em 11 de setembro, nos Estados Unidos. Autoridades e o mercado da aviação viram escancaradas as fragilidades do sistema de segurança no setor e propuseram mudanças imediatas, que perduram até hoje, já parte do cotidiano de quem frequenta aeroportos. Relembre fatos que marcaram a aviação internacional após a fatídica data.

Nas primeiras horas da manhã daquela que parecia ser apenas mais uma terça-feira, 19 terroristas sequestraram quatro aeronaves em rotas no espaço aéreo norte-americano. As colisões nas duas torres do World Trade Center, em Nova York, no Pentágono, em Virgínia e na Pensilvânia, vitimaram cerca de três mil pessoas – entre passageiros, tripulação, trabalhadores e socorristas.

As primeiras medidas emergenciais tomadas pelas autoridades dos Estados Unidos não tardaram. Às 11h06 o espaço aéreo norte-americano estava fechado, em alerta de que o país estava sob ataque. Dois dias depois, uma lenta abertura foi implementada, acompanhada de novas medidas de segurança.

Aeroportos e aeronaves seriam completamente checados por autoridades policiais antes que passageiros estivessem presentes. Também foram banidos o check-in fora do aeroporto e a entrada de pessoas sem bilhete na área de embarque. Utensílios que poderiam causar alguma lesão, como facas e tesouras de unha, foram completamente proibidos. Intensificou-se o monitoramento de veículos nos arredores dos aeroportos.

PÓS ATAQUES
Ainda em setembro, no dia 28, a Guarda Nacional dos Estados Unidos começou a assistir processos de segurança em aeroportos ao redor do país. Uma semana depois, o secretário de Transportes norte-americano, Norman Mineta, solicita à FAA, autoridade máxima da aviação naquele país, que auxiliasse na instalação, dentro de 30 dias, de mecanismos de segurança na porta dos cockpits das aeronaves.

Em 19 de novembro de 2001, o então presidente George W. Bush assina um Ato de Segurança para transportes e aviação, o qual, além de criar a TSA (Escritório de Segurança no Transporte), exigia que todas as bagagens passassem por triagem, comandada por oficiais federais. Além disso, fazia parte da lei a obrigatoriedade de portas de cockpit reforçadas e a expansão do serviço federal de polícia aérea.

Cerca de um ano depois, é assinada uma lei voltada para a segurança aérea que, dentre seus tópicos, está o Ato “Pilotos armados contra o terrorismo”, prevendo a circulação de pilotos com posse de arma em aeronaves – fato que ocorreu apenas em abril de 2003, após treinamento dos profissionais interessados.
Divulgação/US TSA
Oficial da TSA checa vestígios de explosivos em passageira
TSA EXIGE MUDANÇAS
No primeiro dia de 2003, a TSA implementa detectores de explosivos em todos os aeroportos dos Estados Unidos, um complemento às triagens de malas que já eram realizadas desde 2001. Quase dois anos após a criação da TSA, todas as companhias aéreas norte-americanas voam com portas reforçadas em seus cockpits.

Em agosto de 2006, autoridades britânicas revelam ter descoberto um plano terrorista para detonar, no interior de aeronaves, explosivos líquidos escondidos em garrafas de refrigerante. De imediato, a TSA bane todos os líquidos, géis e aerossóis da bagagem de mão dos passageiros – a medida foi suavizada para os padrões atuais apenas em setembro daquele ano.

Em agosto, a TSA promove mais uma medida que perdura até hoje: a retirada de calçados durante a passagem pela checagem de segurança. Data de março de 2010 a implantação de aparelhos de triagem de corpo inteiro (AIT). Até o fim daquele ano, aproximadamente 500 aparelhos estavam em funcionamento ao redor do país.

Uma denúncia feita pela inteligência da Arábia Saudita, em outubro de 2010, revela um plano de transportar para os Estados Unidos cartuchos de tinta preenchidos com explosivos plásticos – o material é encontrado no Reino Unido. Cargas provenientes do Iêmen são banidas, bem como cartuchos de impressão nas malas de mão.

Em outubro de 2011, a TSA cria o programa Pre-check, que envolve um cadastramento prévio pelas autoridades e visa agilizar a triagem de seus membros. Atualmente, o programa custa US$ 85 por ano e envolve uma entrevista para checagem de antecedentes criminais. De acordo com a TSA, 97% dos participantes do programa esperaram menos de cinco minutos na triagem de segurança – que, pelo Pre-check, não exige a retirada de calçado, laptops, líquidos, cintos e jaquetas.

As últimas movimentações realizadas pela TSA foram, em de dezembro de 2014, atualizações em suas máquinas de triagem de corpo inteiro (AIT) e enfoque em melhorias nos procedimentos de revista manual.

EPA/Sedat Suna/Agência Lusa
Aeroporto de Atatürk, em Istambul, foi alvo de atentado em junho
HOJE EM DIA
Foram 15 anos de grandes mudanças e restrições na aviação comercial, visando o aumento da segurança nos aeroportos ao redor do mundo e, principalmente, em solo norte-americano. Medidas iniciadas nos Estados Unidos e que, naturalmente, são replicadas em outros aeroportos – como pôde ser visto na operação para as Olimpíadas.

Ainda assim, 2016 foi um ano com três grandes ataques terroristas envolvendo aeroportos internacionais. Em março, o aeroporto de Bruxelas, Zaventem, foi alvo de duas explosões que mataram 14 pessoas. Em junho, o aeroporto de Atatürk, na Turquia, um dos mais movimentados da Europa, também sofreu um atentado com explosivos e tiroteio – 48 mortos. Em julho, nos arredores do aeroporto de Mogadishu, na Somália, dois veículos-bomba explodiram matando 12 pessoas.

Reflexo do temor por segurança e a sensação de ataque iminente fazem dos aeroportos lugares sensíveis para a população. Prova disso, são as ameaças e supostas bombas que exigem a evacuação destes locais. Alguns casos comprovam que o tema é extremamente atual, como incidentes em Queenstown, na Nova Zelândia (24 de julho), Genebra, na Suíça (27 de julho), Amsterdam, na Holanda (1º de agosto) e Frankfurt, na Alemanha (31 de agosto).

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