Balões fazem pilotos rebaixarem céus do Brasil
A Federação Internacional das Associações de Pilotos (Ifalpa, em inglês), que reúne 100 mil pilotos de todo o mundo, rebaixou a segurança aérea do País como “criticamente deficiente”
Soltar balões (de São João e datas comemorativas) é crime ambiental e ato proibido no Brasil. Há risco de incêndios em florestas e matas, áreas residenciais e comerciais e o perigo de choque com aeronaves de diversos tamanhos, que precisam se desviar dos objetos para evitar problemas.
Atenta aos riscos frequentes, a Federação Internacional das Associações de Pilotos (Ifalpa, em inglês), que reúne 100 mil pilotos de todo o mundo, rebaixou a segurança aérea do País como “criticamente deficiente”, igualando nossos céus ao de nações em guerra.
A associação anunciou a medida em sua conferência anual em Nova Orleans, nos Estados Unidos, de 15 a 18 de abril. Após o evento o presidente do órgão, Capitão Martin Chalk, alegou ter alertado a Secretaria de Aviação Civil (SAC) sobre o problema com o envio de dois ofícios. A entidade brasileira nega qualquer contato.
Para se ter uma ideia do alto número de incidentes causados por balões, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) registrou somente neste ano 71 ocorrências de riscos/acidentes no Estado de São Paulo. O Rio de Janeiro totalizou 19 e, por sua vez, Paraná contabilizou nove até o momento.
Em nota, o Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) garante que trabalha ao lado Associação Brasileira de Pilotos da Aviação Civil (Abrapac), a Associação dos Aeronautas da Gol (Asagol) e a Associação dos Tripulantes da Tam (ATT) para solucionar esse problema.
Em carta, a Ifalpa alerta as diversas ocorrências que têm recebido de tripulantes e pilotos a respeito dos céus brasileiros. Após alterar o nível de segurança aérea, o órgão se posicionou a favor das autoridades brasileiras para alterar a ameaça de voos ao Brasil A Ifalpa não tem poder oficial para rebaixar os céus brasileiros, apesar de contar com profissionais renomados e reconhecidos internacionalmente, que podem pressionar outras federações para punir o Brasil. O governo brasileiro reafirma que o controle aéreo brasileiro segue padrões internacionais.
Leia abaixo trechos do texto enviados ao ministro Guilherme Ramalho:
“Em dezembro de 2015, a Ifalpa escreveu para o seu escritório acerca do aumento de sérios riscos sobre soltar balões em todo Brasil. Fomos informados que essa é uma ocorrência comum, originalmente praticada durante festivais culturais e religiosos, mas agora está espalhando para competições organizadas com muitos grupos envolvidos pelo País.
Esses balões podem ter de 2 a 60 metros de altura, com alguns excedendo 100 metros de comprimento. Eles podem pesar mais de duas toneladas e geralmente carregam centenas de quilos de fogos e outros materiais inflamáveis. Eles operam ao longo de todo ano, mas há uma alta incidência entre abril e julho.
A Ifalpa acredita que as autoridades brasileiros devem cumprir imediatamente as leis banindo essas atividades perigosas. Regulamentos e medidas de aplicação eficazes devem restringir a atividade a áreas específicas em momentos específicos, permitindo, assim que o espaço aéreo circundante da área a ser fechada para aeronaves.”
Capitão Martin Chalk"