Beatrice Teizen   |   09/04/2020 14:02
Atualizada em 09/04/2020 14:04

60% dos pequenos negócios têm crédito negado na crise

Levantamento do Sebrae, com 6.080 empreendedores de todo o País, mostrou a dificuldade de acesso a crédito

Apesar das medidas anunciadas nas últimas semanas pelo governo federal, a maioria (60%) dos donos de pequenos negócios que já buscou crédito no sistema financeiro desde o início da crise do novo coronavírus teve o pedido negado, segundo pesquisa do Sebrae realizada entre os dias 3 e 7 de abril.

Pesquisa do Sebrae com 6.080 empreendedores de todo o País mostra dificuldade de acesso a crédito
Pesquisa do Sebrae com 6.080 empreendedores de todo o País mostra dificuldade de acesso a crédito
Há também bastante desconhecimento dos empresários a respeito das linhas de crédito que estão sendo disponibilizadas para evitar demissões: 29% não conhecem as medidas oficiais e 57% apenas ouviu falar a respeito.

O levantamento, com 6.080 empreendedores de todo o País, mostrou que, além da dificuldade de acesso a crédito, os pequenos negócios já tiveram que realizar as primeiras demissões por conta da crise. Nos últimos 15 dias, cerca de 18% dos empresários demitiram funcionários. Considerando o universo de 17,2 milhões de pequenas empresas no Brasil, isso significa que aproximadamente três milhões de empreendimentos já demitiram aproximadamente nove milhões de trabalhadores (média de três empregados por empresa).

De acordo com a pesquisa, a situação financeira das empresas já não era considerada boa pela maioria dos pequenos negócios, com 73% dizendo que era razoável ou ruim, mesmo antes da chegada da pandemia. Com a crise, a questão se agravou drasticamente. Quase 88% das empresas viram seu faturamento cair – com uma perda de 75% em média – e a estimativa é que as empresas consigam permanecer fechadas e ainda assim ter dinheiro para pagar as contas por mais 23 dias.

Além disso, mais de 62% dos negócios interromperam temporariamente as atividades ou fecharam as portas definitivamente (cerca de 602 mil empresas). Entre os 38% que continuam abertos, (5,3 milhões de empresas) a maioria mudou o seu funcionamento, passando a fazer apenas entregas, atuando exclusivamente no ambiente virtual ou adotando horário reduzido.

GARANTIA PARA O CRÉDITO
Para o presidente do Sebrae, Carlos Melles, o estudo confirma a importância das medidas que vêm sendo anunciadas pelo governo, em especial a alavancagem que a instituição está fazendo no Fundo de Aval para as Micro e Pequenas Empresas (Fampe). Nos próximos três meses, o Sebrae vai destinar pelo menos 50% da sua arrecadação para ampliar o crédito aos pequenos negócios. A operação de socorro deve começar com R$ 1 bilhão em garantias, o que viabilizará a alavancagem de aproximadamente R$ 12 bilhões em crédito para pequenos negócios.

“Um dos maiores obstáculos no acesso dos pequenos negócios ao crédito é a exigência de garantias feita pelas instituições financeiras. Nesse sentido, o Fampe funciona como um salvo-conduto, que vai permitir aos pequenos negócios, incluindo até o microempreendedor individual (MEI), obterem os recursos para capital de giro, tão necessários para atravessarem a crise provocada pela pandemia da covid-19, mantendo os negócios e os empregos”, explica Melles.

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