Eduardo Sanovicz fala sobre Abear e sua época na Embratur; veja
Segundo ele, Fórum PANROTAS tornou-se uma espécie de biscoito fino, expressão para definir o que é seleto
Por Eduardo Sanovicz, presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear)
Há 20 anos, em 2003, era lançado o Fórum PANROTAS na mesma época em que eu havia assumido a presidência da Embratur. Minha missão era iniciar um programa de trabalho sob muita expectativa e muitas interrogações nas mentes das pessoas do setor se, de fato, entregaríamos aquilo que estávamos propondo. Creio que da mesma forma esse era o dilema que vivia a equipe da PANROTAS, que lançava um produto inovador para discutir o Turismo e reunir lideranças para promover um debate de qualidade sobre cenários presentes e futuros do nosso mercado.
Da mesma maneira, eu propunha a criação de uma agenda diferente para a Embratur: que a gente deixasse de atuar e lidar com temas relacionados ao mercado interno, como eventos regionais, fiscalização e classificação de hotéis, para citar alguns exemplos. Isso porque era o início do primeiro governo Lula que, com a criação do Ministério do Turismo, permitiu uma reestruturação importante das políticas públicas do setor, pois a pasta assumia as ações e os programas de capacitação, desenvolvimento de destinos nacionais, infraestrutura, obras e fomento do Turismo doméstico.
Partimos para uma das aventuras mais lindas da minha carreira profissional, que foi construir o novo modelo da Embratur, voltado para a promoção, marketing e apoio à comercialização de produtos, serviços e destinos turísticos brasileiros no Exterior. Quatro anos depois, quando deixava a Embratur, tínhamos dobrado o ingresso de dólares na balança comercial brasileira com o Turismo, para mais de US$ 4 bilhões. O Brasil saltou da 21ª posição como realizador de eventos internacionais para o top 10 da ICCA (International Congress and Convention Association). Consolidamos um plano estratégico de marketing, o Plano Aquarela, e a marca Brasil, já espalhada pelo mundo, com ampla agenda de eventos e ações articuladas em parceria com CVBs, Secretarias de Turismo, Bureau de promoção temáticos e entidades do trade.
Na sequência, fui para a Reed Exhibitions, uma das maiores empresas globais de eventos, onde tive a oportunidade de participar de outra grande jornada empresarial, a incorporação da Alcântara Machado pela Reed, resultando na construção da então maior empresa de feiras e eventos da América Latina.
Naquela ocasião, o Fórum PANROTAS já era um evento consolidado e referência importante para o mercado, se tornando tradicional na agenda do País. Eu passava a olhar para o Fórum não mais como responsável pela promoção do Brasil no Exterior, mas como um dos gestores da empresa que tinha em seu portfólio as feiras de negócios mais importantes do País naquela época, como o Salão do Automóvel, a Feira da Mecânica, a Bienal do Livro, entre tantas outras.
O Fórum PANROTAS tornou-se uma espécie de biscoito fino, expressão eternizada por Oswald de Andrade para definir o que é seleto, diferenciado. Gosto da expressão “biscoito fino do Turismo brasileiro” porque o Fórum é um evento muito agradável e uma marca que eu vi consolidar-se na sua segunda década, um espaço plural onde estão presentes todas as pessoas que tomam decisões no nosso mercado, um evento que virou referência entre os líderes desse setor. Em 2012, estruturei e passei a dirigir a Abear e voltei para uma atividade mais diretamente vinculada e indutora do Turismo.
A aviação vivia seu grande momento. Chego na associação quando a aviação estava no sétimo para o oitavo ano de uma década gloriosa, de 2003 a meados de 2014 e 2015, na qual mais que triplicamos o número de passageiros, de 30 milhões para 100 milhões, e a tarifa média caiu pela metade, de cerca de R$ 930 para R$ 430. Aviação é um tema sempre presente no Fórum PANROTAS e posso dizer que nos últimos anos estive em todos eles. Tive o prazer de ter sido convidado a participar da mesa de debates algumas vezes e o dever de acompanhar uma parte da agenda ligada direta ou indiretamente ao setor aéreo.
Esses últimos anos, tendo completado uma década da Abear, foram de desafios muito fortes, especificamente a partir de 2017, com a disparada dos custos estruturais, notadamente do querosene de aviação (QAV), que daquele ano até 2022 registrou alta de 207,5%. O câmbio, por sua vez, acumulou alta de 61,7% no mesmo período de comparação. Em outras palavras, não temos gerado o volume de boas notícias que observávamos na primeira década do Fórum. Contudo, temos uma agenda pública que novamente é colocada à cadeia produtiva do Turismo, por meio desse nosso evento anual.
É uma agenda por meio da qual entendemos que podemos retomar as condições da década passada em tarifas e crescimento da malha aérea, desde que sejam observadas duas premissas: a retomada do ambiente de custos que vivemos na primeira década deste século e a implementação de um conjunto de políticas econômicas que permitam uma recuperação vigorosa da capacidade de consumo da população e dos investimentos das empresas, condições vitais para que viagens, tanto de lazer como de eventos e negócios retomem àqueles patamares que já demonstramos ser possível e entregamos ao Brasil. Isso terá impacto bastante positivo para a oferta de tarifas mais competitivas, o que permitirá uma retomada da ampliação consistente da quantidade de pessoas com acesso ao transporte aéreo, alcançando mais destinos e promovendo o crescimento econômico e social do País.
Este artigo integra a edição 1551 da Revista PANROTAS. Confira abaixo:
Há 20 anos, em 2003, era lançado o Fórum PANROTAS na mesma época em que eu havia assumido a presidência da Embratur. Minha missão era iniciar um programa de trabalho sob muita expectativa e muitas interrogações nas mentes das pessoas do setor se, de fato, entregaríamos aquilo que estávamos propondo. Creio que da mesma forma esse era o dilema que vivia a equipe da PANROTAS, que lançava um produto inovador para discutir o Turismo e reunir lideranças para promover um debate de qualidade sobre cenários presentes e futuros do nosso mercado.
Da mesma maneira, eu propunha a criação de uma agenda diferente para a Embratur: que a gente deixasse de atuar e lidar com temas relacionados ao mercado interno, como eventos regionais, fiscalização e classificação de hotéis, para citar alguns exemplos. Isso porque era o início do primeiro governo Lula que, com a criação do Ministério do Turismo, permitiu uma reestruturação importante das políticas públicas do setor, pois a pasta assumia as ações e os programas de capacitação, desenvolvimento de destinos nacionais, infraestrutura, obras e fomento do Turismo doméstico.
Partimos para uma das aventuras mais lindas da minha carreira profissional, que foi construir o novo modelo da Embratur, voltado para a promoção, marketing e apoio à comercialização de produtos, serviços e destinos turísticos brasileiros no Exterior. Quatro anos depois, quando deixava a Embratur, tínhamos dobrado o ingresso de dólares na balança comercial brasileira com o Turismo, para mais de US$ 4 bilhões. O Brasil saltou da 21ª posição como realizador de eventos internacionais para o top 10 da ICCA (International Congress and Convention Association). Consolidamos um plano estratégico de marketing, o Plano Aquarela, e a marca Brasil, já espalhada pelo mundo, com ampla agenda de eventos e ações articuladas em parceria com CVBs, Secretarias de Turismo, Bureau de promoção temáticos e entidades do trade.
Na sequência, fui para a Reed Exhibitions, uma das maiores empresas globais de eventos, onde tive a oportunidade de participar de outra grande jornada empresarial, a incorporação da Alcântara Machado pela Reed, resultando na construção da então maior empresa de feiras e eventos da América Latina.
Naquela ocasião, o Fórum PANROTAS já era um evento consolidado e referência importante para o mercado, se tornando tradicional na agenda do País. Eu passava a olhar para o Fórum não mais como responsável pela promoção do Brasil no Exterior, mas como um dos gestores da empresa que tinha em seu portfólio as feiras de negócios mais importantes do País naquela época, como o Salão do Automóvel, a Feira da Mecânica, a Bienal do Livro, entre tantas outras.
O Fórum PANROTAS tornou-se uma espécie de biscoito fino, expressão eternizada por Oswald de Andrade para definir o que é seleto, diferenciado. Gosto da expressão “biscoito fino do Turismo brasileiro” porque o Fórum é um evento muito agradável e uma marca que eu vi consolidar-se na sua segunda década, um espaço plural onde estão presentes todas as pessoas que tomam decisões no nosso mercado, um evento que virou referência entre os líderes desse setor. Em 2012, estruturei e passei a dirigir a Abear e voltei para uma atividade mais diretamente vinculada e indutora do Turismo.
A aviação vivia seu grande momento. Chego na associação quando a aviação estava no sétimo para o oitavo ano de uma década gloriosa, de 2003 a meados de 2014 e 2015, na qual mais que triplicamos o número de passageiros, de 30 milhões para 100 milhões, e a tarifa média caiu pela metade, de cerca de R$ 930 para R$ 430. Aviação é um tema sempre presente no Fórum PANROTAS e posso dizer que nos últimos anos estive em todos eles. Tive o prazer de ter sido convidado a participar da mesa de debates algumas vezes e o dever de acompanhar uma parte da agenda ligada direta ou indiretamente ao setor aéreo.
Esses últimos anos, tendo completado uma década da Abear, foram de desafios muito fortes, especificamente a partir de 2017, com a disparada dos custos estruturais, notadamente do querosene de aviação (QAV), que daquele ano até 2022 registrou alta de 207,5%. O câmbio, por sua vez, acumulou alta de 61,7% no mesmo período de comparação. Em outras palavras, não temos gerado o volume de boas notícias que observávamos na primeira década do Fórum. Contudo, temos uma agenda pública que novamente é colocada à cadeia produtiva do Turismo, por meio desse nosso evento anual.
É uma agenda por meio da qual entendemos que podemos retomar as condições da década passada em tarifas e crescimento da malha aérea, desde que sejam observadas duas premissas: a retomada do ambiente de custos que vivemos na primeira década deste século e a implementação de um conjunto de políticas econômicas que permitam uma recuperação vigorosa da capacidade de consumo da população e dos investimentos das empresas, condições vitais para que viagens, tanto de lazer como de eventos e negócios retomem àqueles patamares que já demonstramos ser possível e entregamos ao Brasil. Isso terá impacto bastante positivo para a oferta de tarifas mais competitivas, o que permitirá uma retomada da ampliação consistente da quantidade de pessoas com acesso ao transporte aéreo, alcançando mais destinos e promovendo o crescimento econômico e social do País.
Este artigo integra a edição 1551 da Revista PANROTAS. Confira abaixo: