Jornalista brasileiro conta como está a reabertura em Portugal
Jornalista, fotógrafo e terapeuta, Alex Souza conta como foi a quarentena e como está a retomada em Lisboa
O jornalista, fotógrafo e terapeuta Alex Souza, que já integrou a Redação da PANROTAS e hoje reside em Lisboa, escreveu um artigo exclusivo para o Portal PANROTAS contando como está a retomada da economia em Portugal. Como foi a quarentena? Quais as perspectivas do Turismo? Como a população está reagindo a esse momento? Vale lembrar que Portugal tem um dos programas mais elogiados de combate à covid-19 e apoio ao Turismo durante a pandemia e na reabertura (leia mais aqui).
Confira abaixo.
"Portugal: o sucesso dos processos de quarentena e desconfinamento
Alex Souza, de Lisboa
Siga o Alex no Instagram: @rajanalex (pessoal); @lisboafototour (Tours fotográficos por Portugal); e @rajan.shiatsu (agendamento de sessões de shiatsu em Lisboa)
Os lisboetas finalmente estão saindo de casa.
Agora, após três etapas do plano de desconfinamento do governo de Portugal.
Vejam só: precisou chegar a terceira e última fase do processo para que os moradores da capital portuguesa começassem a voltar às ruas.
É de “bugar” a cabeça de quem faz pouco caso das medidas de isolamento social.
A população portuguesa deu exemplo durante a quarentena. As ruas das cidades ficaram vazias. Pessoas só eram vistas, a mais de três metros de distância umas das outras, fazendo fila na frente das farmácias e dos supermercados. Fora isso, não se via ninguém. O vazio, o mato crescendo nos espaços públicos, os outdoors desbotados e o silêncio quebrado apenas pelo assobio do vento no trajeto entre a minha casa e o mercado faziam a imaginação viajar.
Às vezes pensava que, ao virar a próxima esquina, fosse dar de cara com uma horda de zumbis mutilados vestindo roupas imundas e rasgadas. Também cheguei a ser remetido à Nova York esquecida do Will Smith em “Eu sou a lenda”. Mas não, era apenas Lisboa respeitando o isolamento requerido pelas autoridades e pelos órgãos mundiais de saúde.
A quarentena foi de tal maneira exitosa em Portugal que o governo conseguiu elaborar e implementar um plano de desconfinamento com tranquilidade. Foi muito interessante notar que, mesmo após o início das duas primeiras etapas, ainda não se via gente na rua, praticamente.
Vivendo há cinco anos em Lisboa, eu atribuo o sucesso da quarentena e do pós-quarentena a dois fatores. O primeiro é uma cautela “genética” do português frente ao desconhecido - nesse caso, um vírus desconhecido. E o segundo foi observar o efeito mortal do coronavírus nos países vizinhos. Portugal, vale lembrar, faz fronteira com apenas um país, a Espanha, um dos epicentros da covid-19 no começo da pandemia. Em outro país muito próximo geográfica e culturalmente, a Itália, o cenário de caos foi ainda mais profundo. Os portugueses, então, fizeram o que estava ao alcance para não viverem aqui o contexto de tristeza testemunhado nos vizinhos próximos.
É nessa hora que o meu Tico pergunta pro meu Teco: será que se a Espanha fosse a Colômbia e a Itália fosse a Argentina o Brasil teria lidado com a crise, desde lá de trás, de outra forma? Às vezes eu penso que o brasileiro precisa ver para crer. Mas depois penso que não, porque nós estamos vendo e muitos continuam não crendo...
Enfim.
Com 33 mil casos confirmados e 1,4 mil mortes, Portugal vai sendo apresentada ao “novo normal”. Em Lisboa, ainda que o movimento nas ruas tenha se intensificado, os restaurantes seguem vazios, tal qual a Praça do Comércio - o “buraco” gerado pela ausência de turistas é brutal. Em bairros históricos como Alfama e Mouraria, não se ouve mais o barulho das rodinhas das malas dos turistas, esbaforidos, subindo e descendo as ladeiras de paralelepípedos.
O que se vê é um aumento na quantidade de placas de “vende” em frente às casas (eu diria que a maioria, até então, funcionava como Airbnb), e a presença nas calçadas dos moradores portugueses tradicionais dessas “freguesias”, normalmente ofuscados em meio à multidão de estrangeiros.
A preocupação em Lisboa, hoje, é com os jovens: a contaminação por covid-19 tem crescido principalmente na faixa etária dos 23 aos 29 anos. Nada alarmante, contudo. Nas demais regiões do país, abrandamento de novos casos.
Com a primavera, os jacarandás da praça do Rossio esbaldam folhas roxas. O clima é quente. Pacata e discretamente, Lisboa e Portugal vão construindo uma nova rotina com a consciência tranquila de que lidaram com a pandemia de maneira sóbria e responsável."
Veja mais fotos de Lisboa no álbum abaixo.
CONFIRA AS INICIATIVAS DA VIZINHA ESPANHA
TURESPAÑA LANÇA VÍDEO EM CAMPANHA DE INCENTIVO
Confira abaixo.
"Portugal: o sucesso dos processos de quarentena e desconfinamento
Alex Souza, de Lisboa
Siga o Alex no Instagram: @rajanalex (pessoal); @lisboafototour (Tours fotográficos por Portugal); e @rajan.shiatsu (agendamento de sessões de shiatsu em Lisboa)
Os lisboetas finalmente estão saindo de casa.
Agora, após três etapas do plano de desconfinamento do governo de Portugal.
Vejam só: precisou chegar a terceira e última fase do processo para que os moradores da capital portuguesa começassem a voltar às ruas.
É de “bugar” a cabeça de quem faz pouco caso das medidas de isolamento social.
A população portuguesa deu exemplo durante a quarentena. As ruas das cidades ficaram vazias. Pessoas só eram vistas, a mais de três metros de distância umas das outras, fazendo fila na frente das farmácias e dos supermercados. Fora isso, não se via ninguém. O vazio, o mato crescendo nos espaços públicos, os outdoors desbotados e o silêncio quebrado apenas pelo assobio do vento no trajeto entre a minha casa e o mercado faziam a imaginação viajar.
Às vezes pensava que, ao virar a próxima esquina, fosse dar de cara com uma horda de zumbis mutilados vestindo roupas imundas e rasgadas. Também cheguei a ser remetido à Nova York esquecida do Will Smith em “Eu sou a lenda”. Mas não, era apenas Lisboa respeitando o isolamento requerido pelas autoridades e pelos órgãos mundiais de saúde.
A quarentena foi de tal maneira exitosa em Portugal que o governo conseguiu elaborar e implementar um plano de desconfinamento com tranquilidade. Foi muito interessante notar que, mesmo após o início das duas primeiras etapas, ainda não se via gente na rua, praticamente.
Vivendo há cinco anos em Lisboa, eu atribuo o sucesso da quarentena e do pós-quarentena a dois fatores. O primeiro é uma cautela “genética” do português frente ao desconhecido - nesse caso, um vírus desconhecido. E o segundo foi observar o efeito mortal do coronavírus nos países vizinhos. Portugal, vale lembrar, faz fronteira com apenas um país, a Espanha, um dos epicentros da covid-19 no começo da pandemia. Em outro país muito próximo geográfica e culturalmente, a Itália, o cenário de caos foi ainda mais profundo. Os portugueses, então, fizeram o que estava ao alcance para não viverem aqui o contexto de tristeza testemunhado nos vizinhos próximos.
É nessa hora que o meu Tico pergunta pro meu Teco: será que se a Espanha fosse a Colômbia e a Itália fosse a Argentina o Brasil teria lidado com a crise, desde lá de trás, de outra forma? Às vezes eu penso que o brasileiro precisa ver para crer. Mas depois penso que não, porque nós estamos vendo e muitos continuam não crendo...
Enfim.
Com 33 mil casos confirmados e 1,4 mil mortes, Portugal vai sendo apresentada ao “novo normal”. Em Lisboa, ainda que o movimento nas ruas tenha se intensificado, os restaurantes seguem vazios, tal qual a Praça do Comércio - o “buraco” gerado pela ausência de turistas é brutal. Em bairros históricos como Alfama e Mouraria, não se ouve mais o barulho das rodinhas das malas dos turistas, esbaforidos, subindo e descendo as ladeiras de paralelepípedos.
O que se vê é um aumento na quantidade de placas de “vende” em frente às casas (eu diria que a maioria, até então, funcionava como Airbnb), e a presença nas calçadas dos moradores portugueses tradicionais dessas “freguesias”, normalmente ofuscados em meio à multidão de estrangeiros.
A preocupação em Lisboa, hoje, é com os jovens: a contaminação por covid-19 tem crescido principalmente na faixa etária dos 23 aos 29 anos. Nada alarmante, contudo. Nas demais regiões do país, abrandamento de novos casos.
Com a primavera, os jacarandás da praça do Rossio esbaldam folhas roxas. O clima é quente. Pacata e discretamente, Lisboa e Portugal vão construindo uma nova rotina com a consciência tranquila de que lidaram com a pandemia de maneira sóbria e responsável."
Veja mais fotos de Lisboa no álbum abaixo.
CONFIRA AS INICIATIVAS DA VIZINHA ESPANHA
TURESPAÑA LANÇA VÍDEO EM CAMPANHA DE INCENTIVO