Pedido de falência da MG3 gera prejuízo e dúvida em agências

Unsplash/Jose Losada

Informação que veio à tona ontem (27), o pedido de auto falência da MG3 Operadora e Turismo está, aos poucos, sendo compreendido pelo mercado, assim como pelas agências de viagens e passageiros que precisam do serviço da companhia. Ainda sem um pronunciamento ou posicionamento oficial, a decisão da operadora gerou impactos diferentes para agências e há casos de empresas tendo que arcar com altos custos para cobrir acordos que deixariam de ser honrados caso a operadora pare de funcionar.

É diante desse impasse que está Ana Paula Magalhães, da Ana Paula Magalhães Consultoria em Viagens, de Minas Gerais. De uma hora para a outra, a empresária se viu sem atendimento e sem maiores esclarecimentos. "Fui informada no último dia 21 que a MG3 tinha fechado as portas e, desde então não tive nenhum contato oficial", revela a agente que conta já ter sido necessário abrir o próprio caixa para honrar com compromissos que a operadora provavelmente não mais entregará.

Os prejuízos no caso da agência mineira podem chegar a R$ 250 mil. "Conseguimos fazer alguns estornos de valores que foram passados no cartão de crédito. Mas, no caso de clientes que já haviam pago entrada, sinal ou a viagem toda por outros meios teremos que arcar com os custos. Agora estamos quebrando a cabeça para organizar tudo e fazer com que as viagens que estavam programadas aconteçam", conta a empresária.

Apenas em vendas que envolviam serviços da MG3, a agência de Ana Paula Magalhães tem mais três viagens a realizar. Uma delas é de um grupo de 40 pessoas, que embarca para conhecer Turquia e Grécia em maio de 2023. As outras são para Japão e Dubai, também com saída no primeiro semestre do ano que vem. "Vamos procurar maneiras de conseguir honrar esses compromissos", garante.

Mais que o prejuízo financeiro inesperado e a necessidade de ter que mexer nas economias da empresa, o que realmenet incomoda a empresária mineira é a falta de comunicação da operadora nesse momento. "Apenas ontem um gerente me contato mas nada foi resolvido e nenhuma solução possível foi apresentada", reforça.

Para uma outra agente acionada pela reportagem, ainda não houve prejuízo financeiro mas a falta de comunicação também gera incômodo. Sem querer ter o nome revelado, a profissional esclarece que só descobriu o pedido de auto falência ao acaso. "Descobri porque uma cliente minha que estava recebendo reembolso. Na última parcela, a de dezembro, ela não recebeu e me acionou. Daí em diante não consegui falar mais com o Dimas", conta.

Embora trabalhasse frequentemente com a MG3, ela não terá prejuízos com o caso. "Minhas vendas são de uma viagem que foi cancelada e está 100% paga desde 2021. Então não há nem mesmo necessidade de remarcação", diz. A agente paulista também reforça que Thiago Monteiro, um dos gerentes regionais da operadora, tem dado suporte aos agentes da região.

Mesmo sem prejuízos até o momento, a agente já acionou seu advogado para alguma eventualidade e lembra, sem querer repetir, de casos nos quais acabou saindo prejudicada. "Já peguei falência de empresas como Soletur, Nascimento Turismo e de companhias aéreas como uma boliviana e mais recentemente a Alitalia. No total, foram mais de R$ 300 mil reais [de prejuízo]", comenta.

Ontem, no dia em que as primeiras notícias sobre o pedido de auto falência começaram a sair, Dimas Souza enviou mensagem à PANROTAS prometendo se pronunciar nas próximas semanas. Por ora, os funcionários, que não estão com muitas informações, estão tentando ajudar os agentes de viagens. Mas há limitações, desde conseguir novas tarifas com fornecedores até achar novas datas. A empresa já pediu cancelamento e estorno de alguns cartões, mas não deu detalhes sobre o montante.