Marcel Buono   |   01/10/2019 09:02

Schultz sobre Thomas Cook: "não foi nenhuma surpresa"

Em 2015, a empresa iniciou um processo de internacionalização da marca a partir de Portugal, onde abriu escritório. Agora, o mercado inglês também está no foco

Uma semana após o anúncio de falência da gigante Thomas Cook, o diretor do Grupo Schultz, Aroldo Schultz, comentou a quebra. De acordo com ele, o ocorrido não foi uma surpresa, e deve servir de alerta para outras operadoras que trabalham com margens muito apertadas de lucro, ou até mesmo com cálculos insustentáveis.

“Para mim não foi nenhuma surpresa. Até me surpreendi com a reação de algumas pessoas em relação a essa notícia. Eu já havia comentado sobre isso no meu Facebook há seis meses. Na minha opinião, todas as empresas do tipo que vivem de ações na bolsa de valores terão esse futuro. Todas. Sem exceção”, alertou Aroldo.

Marluce Balbino
Aroldo Schultz
Aroldo Schultz
“Vamos pensar em um markup de 25% sobre o valor do pacote. Esse é o padrão, mas há concorrentes que trabalham com 20%. Agora, vamos imaginar o mercado, no qual as agências de viagens ganham, em média, 15% de comissão. Se tirarmos 15 de 25, sobram 10% para os custos financeiros, que são o maior problema para as operadoras. No final, sobram aproximadamente 2% para contratar diretores, pagar salários, investir em marketing e comunicação, participar de feiras e etc”, explicou o diretor.

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“Na Schultz, conseguimos praticamente empatar essa conta, com meses de lucro e meses de prejuízo. Como as operadoras vivem de lucro, eu pergunto: quantas vão conseguir sobreviver nesse cenário? Temos um problema, pois 25% é pouco para a operadora, mas é muito para o consumidor. Daí essas empresas grandes vão para a bolsa de valores e entram com charters para tentar aumentar os lucros, mas o mercado para e elas quebram. Não tem segredo. Pode ter certeza que muitas empresas terão problemas. Não estou agourando, mas o empresário precisa entender a realidade do setor”, acrescentou.

Divulgação
Thomas Cook quebrou após 178 anos de história
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Em 2015, o Grupo Schultz iniciou um processo de internacionalização da marca a partir de Portugal, onde abriu escritório. Agora, o mercado inglês também está no foco da empresa, que tem como objetivo vender destinos portugueses e circuitos da Europamundo para turistas da Inglaterra, país sede da Thomas Cook.

“A Schultz está sempre pensando na frente. Sabemos nossos custos, minimizamos e andamos firmes e fortes, com os pés no chão, sem loucuras. Os números estão aí. O grande sucesso da Schultz é a soma dos negócios da empresa, incluindo operação, vistos, seguros, tecnologia, entre outros. Os números não mentem. A verdade é que operar no Brasil é quase inviável”, concluiu Aroldo.

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