Marcos Martins   |   14/05/2019 16:02

Primeira executiva trans do Brasil explica desafios no trade

Danielle Torres passou por anos até descobrir a pessoa que realmente era e narra processo dentro do mercado de trabalho em posição de diretoria


Marcos Martins
CEO da Accor na América do Sul, Patrick Mendes, com a executiva trans Danielle Torres, o escritor e ativista João Silvério Trevisan e o consultor Ricardo Sales
CEO da Accor na América do Sul, Patrick Mendes, com a executiva trans Danielle Torres, o escritor e ativista João Silvério Trevisan e o consultor Ricardo Sales
Os desafios para a comunidade LGBT no ambiente corporativo são maiores e a situação fica mais complexa quando envolve pessoas trans. O grupo inclui os indivíduos que não se identificam com o gênero biológico e lutam internamente para entender quem elas realmente são.

A primeira executiva trans do Brasil, Danielle Torres, é sócia-diretora na consultoria KPMG e explica detalhes do seu processo. “Não suportava mais o personagem masculino e não dava mais para fugir de quem eu era. Foi um grande dilema porque eu estava em posição de diretoria no mercado de seguros. Pensei que, se assumisse quem sou, eu não teria mais trabalho e precisaria fazer outra coisa. Tinha planos de mudar de país e trabalhar como maquiadora”, revela durante o Dia Internacional da Luta contra a LGBTfobia da Accor, em São Paulo.

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Danielle Torres, da KPMG
Danielle Torres, da KPMG
“Buscava referências e não encontrava, mas com o apoio da KPMG comecei a afirmar o meu gênero. Foram quase dois anos em transição ao vivo e a cores na empresa. Não é porque sou assim que eu não sou assertiva no meu trabalho e o nosso gênero não pode ditar a nossa profissão.”

Danielle explica que não se sente uma “celebridade” por ser pioneira enquanto trans no cenário corporativo, mas aceita a ideia de que pode ajudar outras pessoas a se inspirarem com a sua história.

“Sempre me perguntei muito o que significa ‘ele’ e o que significa ‘ela’. Enfrentamos questões de conflito com o corpo e com a sociedade, sendo julgados por tudo. Há uma visão de perfeição feminina inexistente e, quando somos pessoas trans, essa cobrança vem de maneira pesada. Eu achava que a única saída seria o esquecimento, mas é importante lembrar que essa é quem eu sou.”

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