Marcel Buono   |   11/07/2018 17:15

Turismo supera adversidades e fecha 1º semestre com otimismo

Agências de viagens e de alugueis de carros, redes hoteleiras, companhias aéreas e náuticas passaram da primeira metade do ano com bons números

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O primeiro semestre de 2018 não foi dos mais tranquilos para a economia brasileira. A greve dos caminhoneiros em maio, a desvalorização do real em relação ao dólar e a Copa do Mundo, que está sendo realizada na Rússia neste ano, não foram fatores que ajudaram a impulsionar os negócios por aqui, muito pelo contrário. Porém, apesar do cenário, as atividades relacionadas ao Turismo mostraram força diante das adversidades, registrando crescimentos importantes e gerando otimismo para o segundo semestre.

A CVC Corp, por exemplo, revelou vendas de R$ 3,1 bilhões durante o segundo trimestre do ano, o que representou um aumento de 5,7% em relação ao mesmo período de 2017. Na soma dos seis primeiros meses, a empresa acumulou R$ 6,24 bilhões, o que significou um crescimento de 9,1% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Dentro do valor considerado, R$ 3,5 bilhões vieram de viagens de Lazer (CVC Operadora e Visual), R$ 2,4 bilhões de viagens corporativas (Rextur Advance e Trend) e R$ 342 milhões de outros segmentos (Experimento e Submarino Viagens). As taxas de crescimento em relação ao ano passado foram de 8,5%, 7% e 40%, respectivamente.

O número de passageiros embarcados pela empresa também superou os do primeiro semestre de 2017. Neste ano, mais de cinco milhões de pessoas já viajaram pela CVC, quantidade 15,2% superior que a registrada entre janeiro e junho do ano passado.

Emerson Souza
Emerson Belan, diretor geral da CVC
Emerson Belan, diretor geral da CVC
"Algumas estratégias foram adotadas para fazer com que as viagens continuassem cabendo nos bolsos das pessoas. Câmbio reduzido, que varia conforme o destino e a cotação de mercado, parcelamento de até 12 vezes sem juros, entrada para 60 dias no boleto bancário e promoções, como segundo passageiro grátis, principalmente para destinos nacionais, foram algumas delas", contou o diretor geral da CVC, Emerson Belan.

Já para a Abracorp (Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas), os números do primeiro trimestre mostraram um crescimento de 17,48% nas vendas em comparação com o mesmo período em 2017, o que pode ser comparado com um aumento médio de 6% ao mês.

NO MAR
A MSC Cruzeiros também revelou ótimos números durante o primeiro semestre: 214 mil brasileiros viajaram em seus navios e a taxa de ocupação das cabines atingiu os 100% (com base na ocupação dupla). Em comparação com o mesmo período do ano passado, as vendas tiveram um aumento de cerca de 5% e, para a próxima temporada, a expectativa é de uma oferta 13% maior que a anterior.

“Nossa política comercial, que contempla a oferta de todos os nossos cruzeiros em reais, com a possibilidade de parcelamento em até dez vezes, sem juros, é extremamente positiva para o brasileiro. Além disso, disponibilizamos a compra antecipada de experiências extras, como pacotes de spa, bebidas, restaurantes, planos de internet e excursões também em reais, com parcelamento junto ao cruzeiro. Com isso, protegemos o consumidor de variações cambiais e possibilitamos que ele organize suas férias com tranquilidade, planejamento e segurança”, explicou o diretor geral da MSC, Adrian Ursilli.

Marluce Balbino
Adrian Ursilli, diretor geral da MSC Cruzeiros
Adrian Ursilli, diretor geral da MSC Cruzeiros
O Brasil é um dos mercados estratégicos para a MSC e um segmento que vem crescendo é o Mice. Os navios permitem eventos para públicos que variam entre 30 e mais de cinco mil pessoas, com possibilidade até de fretamento total. Praticidade e custo-benefício são algumas das vantagens destacadas pela armadora quando o assunto é viagem corporativa.

Segundo dados da Abracorp, no primeiro trimestre do ano, as vendas de cruzeiros marítimos nacionais subiram 159,46% na comparação com o mesmo período do ano passado. Em valores, este crescimento representou um salto de R$ 445.098,59 para R$ 1.154.840,56 para as associadas.

NO AR
Os combustíveis foram os principais vilões para as companhias aéreas neste ano. A alta dos preços afetou os negócios no mundo inteiro, mas no Brasil a situação foi ainda pior em decorrência da greve dos caminhoneiros. A Gol estima que a paralisação tenha resultado em um impacto direto de aproximadamente R$ 29 milhões nas receitas operacionais.

Durante o primeiro semestre do ano, a companhia investiu em novas rotas e ampliação de frequências nacionais e internacionais. Voos diários e diretos para as cidades de Miami e Orlando, nos Estados Unidos, foram anunciados em janeiro e já estão à venda para viagens a partir de novembro. Em maio, um novo hub foi criado em Fortaleza em parceria com a Air France-KLM, possibilitando a conexão do Norte e Nordeste do Brasil à Europa. A aérea aumentou em 35% os voos para Fortaleza e anunciou que as novas ligações para os EUA serão operadas em code-share com a Delta.

Para promover um equilíbrio apropriado entre oferta e demanda durante o segundo trimestre do ano, que é considerado um período de baixa temporada para as companhias aéreas, a Gol reduziu em 11% sua oferta doméstica em comparação com o primeiro trimestre.

A empresa estima uma margem operacional de 1% a 1,5% no último trimestre, mesmo nível em relação ao mesmo trimestre de 2017, que foi de 1%. O fluxo de caixa operacional foi estimado entre R$ 500 milhões e R$ 550 milhões nos três meses que terminaram em junho. Segundo a Gol, a receita unitária por passageiro (PRASK) foi superior cerca de 8% em comparação com o mesmo período do ano passado, enquanto a receita unitária (RASK) teve aumento registrado entre 6% e 6,5%.

Já na Latam, considerando apenas o mês de junho, a demanda de passageiros aumentou 1,3%, enquanto a oferta teve um incremento de 6,4%. A taxa de ocupação sofreu redução de 4,1 pontos percentuais, fechando em 80,3%. O tráfego internacional de passageiros representou, aproximadamente, 59% do tráfego total no mês.

O tráfego de passageiros consolidado (RPK) da Azul também foi positivo, subindo no último mês do semestre 21% em relação a junho de 2017, frente a um aumento de 24,7% na capacidade (ASK). Como resultado, a taxa de ocupação foi de 78,8%, o que significou uma redução de 2,4 pontos percentuais em comparação com o mesmo período do ano passado.

Emerson Souza
John Rodgerson, CEO da Azul
John Rodgerson, CEO da Azul
“Nós terminamos o trimestre com 15 Airbus A320 neos, que continuam apresentando significativa expansão de margem nos mercados em que operam. Embora a taxa de ocupação tenha sido impactada por eventos não recorrentes, incluindo a greve dos caminhoneiros e a Copa do Mundo, nós acreditamos que na segunda metade do ano a demanda será robusta”, disse o CEO da Azul, John Rodgerson.

NA TERRA
O mercado de aluguel de veículos também apresentou crescimento nos primeiros meses do ano. A Localiza Hertz, por exemplo, teve um aumento de 53,3% no volume de diárias na comparação entre o primeiro trimestre de 2018 com o de 2017. Sua rede também foi ampliada e agora conta com 591 agências, sendo 521 em território brasileiro.

“No segundo trimestre do ano, mesmo com uma base comparativa forte e o efeito da greve dos caminhoneiros, os nossos esforços para manter o crescimento se mantiveram. No 1º tri, além dos resultados operacionais extremamente positivos, ampliamos nossa participação no mercado. Considerando o faturamento bruto da unidade de aluguel de carros, incluindo franqueados, aumentamos a participação de mercado em três pontos percentuais no período, obtendo 32,3% de market share”, comemorou o diretor de Vendas da Localiza Hertz, Paulo Henrique Pires.

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Paulo Henrique Pires, diretor de Vendas da Localiza Hertz
Paulo Henrique Pires, diretor de Vendas da Localiza Hertz
“Todo investimento que estamos fazendo na experiência do cliente está dando resultado. As empresas estão considerando o aluguel de carros como solução de mobilidade para seus negócios e nós temos conseguido mostrar as vantagens em relação aos custos e à operação. Também ajudamos agências de viagens a aumentarem suas receitas a partir do aumento do uso de locações em viagens. Quando um cliente viaja, ele sempre precisa de uma alternativa de mobilidade. O aluguel de carro, além de ser uma excelente solução, remunera o agente de viagens”, completou o executivo.

NOS QUARTOS
A Brazil Hospitality Group (BHG), que administra marcas como Royal Tulip, Golden Tulip e Tulip Inn, também fechou o primeiro semestre do ano com otimismo. O grupo teve um incremento de 23% em relação ao ano anterior e um aumento de 12% em relação às receitas, mas vê a segunda metade de 2018 com cautela, uma vez que eleições gerais podem causar grandes mudanças de cenário.

“As expectativas para o período foram superadas até agora. Nos primeiros meses do ano, nos focamos no fortalecimento do lazer e numa forte relação comercial com os clientes intermediários do mercado corporativo. Os hotéis da rede tiveram uma forte ocupação no Nordeste, retomada de negócios em Brasília e outras cidades corporativas, como São Paulo e Vitória, que foram muito bem”, comentou o diretor de Marketing e Vendas da BHG, Tomás Ramos.

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Além de diretor de Marketing e Vendas do BHG, Tomás Ramos é embaixador do Golden Tulip para a América Latina
Além de diretor de Marketing e Vendas do BHG, Tomás Ramos é embaixador do Golden Tulip para a América Latina
“Estamos com boa previsão para agosto e setembro, mas com panorama ainda indefinido para outubro e novembro, por conta das eleições. Para a alta temporada, estamos fazendo acordos sólidos de promoção com operadoras e agentes de viagem para o mercado de lazer e, até 2020, mais de 190 unidades pelo mundo passarão por mudanças, apresentando uma nova identidade baseada no conceito bleisure”, completou o executivo.

De acordo com dados da Abracorp, a hotelaria nacional cresceu 31,29% no primeiro trimestre de 2018, enquanto a internacional registrou aumento de 42,62%. Já o Fohb (Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil) divulgou números referentes aos cinco primeiros meses do ano, registrando acréscimos nos três indicadores: 6,3% na taxa de ocupação, 0,8% na diária média e 7,2% no Revpar.

Na performance por região, a taxa de ocupação registrou acréscimos em todas, variando entre 4,4% no Sul e 21,3% no Norte. Para a diária média, somente a região Norte expressou variação negativa, com queda de 6,9% em relação a 2017. Em relação ao Revpar, houve variações positivas em todas as regiões: 5,6% no Sul, 6,4% no Sudeste, 8,4% no Centro-Oeste, 12% no Nordeste e 12,9% no Norte.

Quanto ao desempenho por categoria hoteleira, as três apresentaram incrementos na taxa de ocupação: 4,9% no Econômico, 8,3% no Midscale e 4,8% no Upscale. Para a diária média, os segmentos Econômico e Upscale registraram acréscimos de 1% e 2,8%, respectivamente, enquanto que o Midscale teve queda de -0,2%.

Já quando o assunto são resorts brasileiros, nos três primeiros meses do ano a taxa de ocupação, analisada pela ABR em conjunto com o Senac-SP foi de 74,4%, o que representou um acréscimo de 10,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Janeiro foi o mês de maior destaque, com 82,1% de ocupação.

Marluce Balbino
Alberto Cestrone,Infinity Blue
Alberto Cestrone,Infinity Blue
O desempenho dos resorts também foi positivo em relação às receitas. O Revpar médio apresentou crescimento de 10,17%, alcançando o valor de R$ 1.059,33, enquanto o Trevpar registrou valor médio de R$ 787,92, representando um aumento de 28,76% em comparação com o primeiro trimestre de 2017.

“Com a retração da economia nacional, os viajantes perceberam que as opções brasileiras proporcionam experiências altamente diferenciadas e todos esses ótimos números confirmam que nossas expectativas de retomada dos resorts são reais”, comentou o presidente da ABR, Alberto Cestrone.

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