Carnaval 2021 está ameaçado pela pandemia, diz especialista
Agosto é o mês limite para se iniciar as preparações das escolas. Na Bahia o governador já se manifesta
A possibilidade de não haver carnaval em 2021, por conta da pandemia de covid-19, é real. Pelo menos o carnaval de desfile das escolas de samba, que requer pelo menos sete meses de preparação por parte das agremiações. Não bastasse a imprevisibilidade do avanço da doença e do lançamento de uma vacina, as escolas de samba dependem de eventos para arrecadar receita e desenvolver suas atividades a fim de deixar tudo pronto para o desfile fevereiro. Isso leva tempo.
Agosto é o mês limite para se iniciar as preparações, de acordo com o coordenador da Plataforma de Estudos do Carnaval da ESPM Rio, Marcelo Guedes. "Hoje a arrecadação é zero, os eventos promovidos pelas escolas e os ensaios em quadra, grandes fontes de receita para as escolas, estão cancelados", explica o coordenador da plataforma, que é vinculada ao Think Tank sobre questões do Rio de Janeiro, o CRio ESPM. "O que fazer com as despesas das escolas de samba, que incluem folha de pagamento e, caso se confirme a festa, como arrecadar recursos?", questiona Guedes.
O governador da Bahia, Rui Costa, foi um dos primeiros a manifestar a hipótese de cancelamento de todas as atividades que envolvem o carnaval no próximo ano. A incerteza também já afeta o calendário atual de eventos preparatórios. No Rio de Janeiro estão suspensos a feijoada da Portela e os encontros para a escolha do samba enredo da Mangueira. Além disso, a incerteza econômica pode prejudicar a captação de recursos para a realização dos desfiles e blocos.
Fato é que o carnaval não será o mesmo em 2021. "Em uma possível realização do evento, poderá haver uma diminuição do tamanho das escolas e da produção de adereços e alegorias, que representam um forte percentual das despesas", afirma Guedes. E o tema reforça a discussão entre economia e saúde pública. Segundo o especialista, caso o carnaval 2021 seja cancelado caem a arrecadação de impostos, a criação de vagas e o faturamento dos setores ligados ao Turismo e ao comércio. Mas se as aglomerações são permitidas, ainda com risco de contaminação, a saúde pública e outras cadeias relacionadas são prejudicadas.
Segundo a Confederação Nacional Comércio (CNC), a folia movimentou R$ 8 bilhões em 2020.