Desafios do setor de cruzeiros permanecem; Veja entrevista com Clia Brasil
Confira a entrevista exclusiva com Marco Ferraz, presidente da Clia Brasil, para a Revista PANROTAS
Com seis meses de duração, oferta de 800 mil leitos e a presença do maior navio de cruzeiros a navegar em águas brasileiras, o MSC Grandiosa, a temporada 2023/2024 de cruzeiros marítimos no Brasil foi encerrada no dia 7 de maio com tudo para ter sido histórica.
Em entrevista à Revista PANROTAS, o presidente da Clia Brasil, Marco Ferraz, explica que terá os números fechados temporada só em agosto, mas que espera atingir número igual ou superior ao da temporada 2022/2023, quando foram registrados mais de 800 mil cruzeiristas.
No entanto, ainda há gargalos para as companhias de cruzeiros no Brasil, incluindo o alto custo de operação e a questão da regulação trabalhista. E, para reter e atrair mais cruzeiros para o País, a Clia emprega esforços junto ao Governo Federal para pleitear melhores condições para desenvolver a indústria no País.
Ao menos o órgão defensor dos cruzeiros marítimos está sendo ouvido por pastas como Ministério do Turismo, Embratur e Ministério de Portos e Aeroportos, segundo Marco Ferraz.
Confira entrevista completa do presidente da Clia Brasil.
REVISTA PANROTAS – Qual é o balanço da temporada 2023/2024?
MARCO FERRAZ – Ainda não temos os números fechados, a FGV está conversando com as companhias para fazer um estudo que será lançado em agosto no Fórum da Clia. Mas posso afirmar que a temporada foi bem positiva, com oferta de 800 mil leitos e a expectativa de chegar aos números da temporada passada (2023/2024, quando foram registrados 802.758 passageiros). A expectativa é chegar próximo dos números do ano passado. Foram nove navios, sendo seis da MSC Cruzeiros e três da Costa Cruzeiros.
PANROTAS – Como essa temporada se comparou à anterior em termos de novidades?
FERRAZ – Inauguramos Paranaguá, que é o sexto porto de embarque, somando a Itajaí (SC), Santos (SP), Rio de Janeiro, Maceió e Salvador como possibilidades de embarque. Poder embarcar em qualquer um de seis portos facilita muito em um País tão grande. Ainda assim, Santos segue sendo o principal porto de embarque, com 60% da oferta, mas o Rio de Janeiro também tem bastante oferta, e Salvador e Maceió têm saídas semanais.
Outro destaque da temporada foi o Cruise360 realizado pela Clia Brasil, em que 300 agentes de viagens foram capacitados. Percebemos que os cruzeiros estão fortes na prateleira do agente, a atenção dos profissionais tem aumentado e o evento foi termômetro disso. Queremos um evento ainda maior no ano que vem, depois do Carnaval. E também teremos o Clia Forum em agosto para reforçar as lutas do setor, como melhora dos custos e regulação, além da questão da reforma tributária, que estamos levando nossos pleitos ao Congresso e ao governo, juntamente com associações do setor de Turismo. O custo para operar no Brasil ainda é muito elevado, precisamos melhorar custos e regulação.
PANROTAS – Dentro destes esforços para melhorar os custos, quais são os principais pleitos do setor?
FERRAZ – O custo para as companhias operarem no Brasil é entre 40% a 50% superior ao da média global. Precisamos melhorar isso. Entre os pleitos, estão a redução do custo de operação em si, do porto, do terminal, da praticagem, dos impostos e do combustível.
E a questão da regulação trabalhista, em que estamos discutindo para que valha a regulação internacional, reduzindo a insegurança jurídica para as companhias. Esperamos resolver algumas questões em um curto espaço de tempo.
PANROTAS – Para além de atrair mais navios na temporada, a discussão para ter navios o ano todo no Brasil avançou?
FERRAZ – Como competimos com o verão na Europa e Estados Unidos, precisamos de demanda no inverno também. O governo está ajudando. Celso Sabino, ministro do Turismo, Marcelo Freixo, presidente da Embratur, e Silvio Costa Filho, ministro de Portos e Aeroportos, têm nos dado muita atenção, levando pleitos ao governo para que possamos desafogar esses gargalos e poder trazer navios o ano todo. Assim, atraindo pelo menos uma companhia para ficar aqui o ano todo.
PANROTAS – Agora, sobre a temporada 2024/2025, quais são as expectativas? Ainda mais considerando que a MSC Cruzeiros já anunciou redução da oferta de seis para cinco navios.
FERRAZ – A expectativa é uma redução de 10% da oferta, já que perdemos um navio. Este é um sinal de que precisamos passar para as autoridades, precisamos lidar com esses pontos, gargalos e fornecedores. É uma discussão que precisamos ter não só para atrair mais navios, mas para mantê-los aqui também. Precisamos receber novos navios que serão lançados nos próximos anos. Começamos a fazer reuniões pós-temporada, endereçando estes pleitos, e esperamos ter ajuda do Governo Federal, Estadual, Portos, terminais e praticagem para sermos mais competitivos e receber mais navios.
O conteúdo acima faz parta da Revista PANROTAS Especial Cruzeiros. Confira na íntegra abaixo: