Rodrigo Vieira   |   24/05/2022 09:54

Clia Brasil prevê sucesso na alta temporada de cruzeiros; saiba por quê

Tendências, dados e fatos que fazem a associação prever êxito no próximo verão


PANROTAS / Emerson Souza
Marco Ferraz, presidente da Clia Brasil
Marco Ferraz, presidente da Clia Brasil
Mares mais calmos aguardam o viajante brasileiro na próxima temporada de cruzeiros. Os ares que vêm do verão do hemisfério norte devem orientar as bússolas da nossa alta estação e por lá as companhias estão batendo recordes de vendas. Quase 90% da frota dos associados da Clia (Cruise Lines International Association) está navegando com foco no Alasca, Caribe e Europa. A demanda reprimida por cruzeiros se solta de maneira arrebatadora, sinal de que, de um modo geral, os consumidores estão confiantes em passar as férias em alto mar com todos os atrativos que a modalidade oferece a todos os gostos.

Divulgação/ Pier Mauá
Pier Mauá, no Rio de Janeiro
Pier Mauá, no Rio de Janeiro
Os bons ventos de fora animam sobretudo o presidente da Associação Brasileira de Cruzeiros, Clia Brasil, Marco Ferraz. Teremos oito navios, 176 dias de operação de cabotagem (seis meses), 160 roteiros, 674 mil leitos oferecidos e 16 destinos atendidos, incluindo nas vizinhas Buenos Aires, Montevidéu e Punta del Este. Isso sem contar que o Brasil volta a ser um grande destino de passagem para os navios de longo curso.

PANROTAS - Quais são os destaques da temporada 2022/23?
MARCO FERRAZ – A temporada de cabotagem será excelente e estamos ansiosos. Ao ver o que está acontecendo na alta do hemisfério norte neste momento, ficamos ainda mais animados. Será uma temporada mais longa, de seis meses. Estamos ampliando o número de embarques em portos brasileiros e procurando mais opções para as próximas. Tanta escala favorece o destino. Antes da pandemia, cada passageiro que descia do navio deixava em média R$ 557 na cidade. Isso sem contar os cinco portos de embarque, que são Itajaí (SC), Santos (SP), Rio de Janeiro, Salvador e Maceió.

Será ainda uma temporada de navios grandes. Três dos oito navios que virão têm capacidade acima de cinco mil passageiros. Também nos anima a volta de Buenos Aires, Montevidéu e Punta del Este, com muitos navios fazendo escalas lá e trazendo argentinos e uruguaios ao nosso litoral. A primeira embarcação chega aqui em 29 de outubro e a última sai em 20 de abril.

PANROTAS – Quer dizer que teremos Copa do Mundo a bordo?
MARCO FERRAZ – Sim, vamos torcer pela seleção nos cruzeiros. As companhias têm infraestrutura para transmitir os jogos ao vivo. Haverá, ainda, três fretamentos para o Catar.

PANROTAS – E os navios de longo curso?
FERRAZ – Também estamos animadíssimos com isso. Faz tempo que não temos uma temporada tão bacana de navios de longo curso aqui, sobretudo depois da questão do fechamento de fronteiras. O cronograma está sujeito a alterações, mas em princípio são 33 confirmados com escala no Brasil, em 222 dias de operação. Eles chegam antes dos navios de cabotagem e vão embora depois.

PANROTAS – Como o agente de viagens pode aproveitar esses navios de longo curso?
FERRAZ – Ele pode e deve aproveitar. Mais de 20 companhias farão escala no Brasil em longos cruzeiros. Além da NCL, a própria Costa Cruzeiros, que terá cabotagem, terá dois de passagens. A MSC Cruzeiros terá o Magnífica também de passagem. Nós, da Clia, podemos auxiliar o agente e colocá-lo em contato com essas companhias enquanto nossa plataforma em português dedicada ao mercado brasileiro não fica pronta.

PANROTAS – E o que preocupa mais? Quais são os principais desafios?
FERRAZ – Os protocolos estão sendo rediscutidos com as autoridades sanitárias. Teremos reuniões em frequências pelo menos mensais com um comitê interministerial a partir de agora. Casa Civil, Saúde, Justiça e Infraestrutura estão envolvidos, tudo isso graças ao Ministério do Turismo, a quem agradecemos pela parceria em todo esse tempo. Há ainda a agenda de custos, impostos e regulação, que envolve outras frentes.

PANROTAS – O senhor não teme que novas variantes impactem fortemente a temporada?
FERRAZ – Mostramos que somos capazes de lidar com esse tipo de situação. Os índices de infecções a bordo são infinitamente menores do que em outros modais. Temos hospital dentro e fora do navio para caso algo aconteça. Nenhum outro modelo de viagens pode oferecer a segurança de viagem de um cruzeiro. Nós nos preparamos para que o nível de experiência a bordo seja satisfatório e seguro. Estamos bem felizes e seguros com o apoio dos envolvidos, incluindo agentes de viagens, operadoras, governos, prefeituras e imprensa. Todos estão envolvidos e lutando pelos cruzeiros. O Turismo do Brasil é de frente para o mar e sem Turismo marítimo nossa indústria é incompleta. Com esse apoio, podemos igualar ou exceder os índices da indústria no pré-pandemia.

PANROTAS – Como serão os protocolos?
FERRAZ – Estamos discutindo com a Anvisa em relação ao que será preciso. A agência está avaliando e acompanhando o que está acontecendo no mundo todo para manter essa discussão detalhada. Entendemos que deve ter flexibilização, mas eles estão junto conosco para discutir item a item. Ficamos seguros porque a busca dos cruzeiristas lá fora está fortíssima.

PANROTAS – Haverá muito cruzeirista de primeira viagem na próxima temporada?
FERRAZ – Na última temporada, 57% dos dos viajantes de cruzeiros o faziam pela primeira vez. E as pesquisas da Clia mostram que a vontade de voltar a navegar dos mais experientes nunca foi tão alta. Quem nunca fez está muito aberto e quem já fez quer voltar.

NÚMEROS QUE VÊM DO MAR
Temporada 2022/2023
• 8 navios
• 176 dias de operação de cabotagem (quase 6 meses)
• cabotagem – 29 de outubro a 20 de abril
• 674 mil leitos oferecidos
• 160 roteiros
• 626 escalas
• 16 destinos, inclusive Buenos Aires, Montevidéu e Punta del Este
• cada hóspede gera impacto de R$ 557 nos destinos de escala
• 5 portos de embarque - Itajaí, Santos, Rio de Janeiro, Salvador e Maceió
• navios transmitindo os jogos da Copa do Mundo ao vivo

Navios de longo curso
• Brasil volta a ser um grande destino para os navios de passagem
• 35 navios confirmados com escalas no Brasil
• cerca de 23 companhias vindo para o Brasil
• menor navio: 126 hóspedes / maior navio: 3.215 hóspedes
• 7 de outubro a 17 de maio
• 222 dias de operação - chegam antes e ainda passam depois
• 298 mil visitas no Brasil
• 311 escalas
• 45 destinos – entre eles: Porto Seguro, Natal, Fortaleza, São Luís, Amazonas e Pará (vários, como Alter do Chão, Manaus, Parintins, Belém, Boca da Valéria), Rio Grande (RS), Paraty e Vitória.

SUSTENTABILIDADE
• os navios estão vindo com GNL. Autoridades brasileiras se preparando para a temporada 23/24 com esse tipo de combustível
• Conexão shore power (conexão com energia em terra) em 2035, os navios associados à Clia não farão mais escalas em portos que não tenham essa estrutura de conexão
• 2050 – Net Carbon Zero – é mais do que zerar a emissão: a fabricação do combustível também não vai emitir carbono. Setor em busca desses combustíveis, que podem ser hidrogênio, metano, amônia.

PARA TODOS OS BOLSOS
5 tipos de navio passarão no Brasil
1. Contemporâneo, até US$ 150 por dia
2. Premium, US$ 150 a US$ 400 por dia
3. Luxo, a partir de US$ 400 por dia (cabines exclusivas)
4. Navios de Expedição, exemplo Ponant e Silversea
5. Navios Fluviais

ESPECIAL CRUZEIROS 2022/2023
Este conteúdo é parte integrante da Revista PANROTAS 1.521, Especial Cruzeiros 2022/23, onde você encontra muitas outras matérias sobre o setor. Leia na íntegra a seguir:


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