Marcos Martins   |   05/07/2019 14:27
Atualizada em 12/07/2019 09:22

Piloto explica a importância de ter LGBTQs na aviação

O piloto da Delta Air Lines, Lane Kranz, falou sobre a importância da inclusão não apenas durante o mês do Orgulho LGBTQ, mas o ano inteiro


Divulgação
Lane Kranz atua na Delta Air Lines
Lane Kranz atua na Delta Air Lines
No final de junho foi comemorado o aniversário de 50 anos da rebelião de Stonewall, em Nova York. O acontecimento deu origem ao movimento LGBTQ+ nos Estados Unidos e moldou a luta pelos direitos da comunidade no mundo inteiro.

O piloto da Delta Air Lines, Lane Kranz, baseado em Atlanta, compartilhou a sua visão sobre a importância da diversidade não apenas no mês do Orgulho LGBTQ+, comemorado em junho, mas durante o ano inteiro. Ele falou também sobre a experiência de inclusão dentro da companhia norte-americana.

Confira abaixo a entrevista:

Cinquenta anos depois de Stonewall, você pode esclarecer a importância desta rebelião para a comunidade LGBTQ+?

Havia um bar em Greenwich Village chamado The Stonewall Inn, onde as pessoas LGBTQ+ se reuniam. Era um lugar seguro para que essas pessoas fossem elas mesmas e para encontrar outras que pensavam de forma similar. Na noite de 28 de junho de 1969, o bar foi invadido pela polícia; muitos frequentadores foram espancados e tiveram sangramentos. Esse fato acabou criando uma revolução, provocando seis dias de tumultos nas ruas de Nova York.

Essas manifestações se transformaram em protestos pacíficos, que contaram com a participação de dezenas de heterossexuais que apoiaram a comunidade LGBTQ+ para que essas pessoas fossem aceitas e tratadas com igualdade. Esses protestos pacíficos foram um catalisador da transformação que houve nos direitos civis das pessoas homossexuais. Estou feliz com as mudanças em nossas leis, que agora permitem que a comunidade LGBTQ+ seja tratada da mesma forma, como qualquer outra pessoa. É um começo, mas ainda há muito trabalho pela frente.

Como os eventos de Stonewall o afetaram pessoalmente?

É irônico porque eu nasci em 1969, e acabei de completar 50 anos. Eu cresci com isso o tempo todo. Fui para o ensino médio no Texas, e lá não havia crianças ou adultos que assumiam sua sexualidade. Sempre que pessoas gays ou lésbicas eram mencionadas, era sempre algo negativo. Quando fui para a faculdade, foi a primeira vez que convivi com outros jovens "fora do armário".

Em 1969, você não podia ser gay ou lésbica e ter um emprego em uma companhia aérea, então é incrível que, 50 anos depois, eu sou capitão e piloto. Isso nunca seria possível sem a luta das pessoas corajosas em 1969, seguida de décadas de educação, muito trabalho e paciência.

O que o mês do Orgulho significa para você?

Acho que é um momento importante para reconhecer o progresso que fizemos, mas também é um bom momento para falar sobre o progresso que ainda não fizemos. Apesar do grande avanço para gays e lésbicas, algumas das outras letras da abreviação LGBTQ+ são frequentemente esquecidas. Nós não vemos muita igualdade e mudança para transgêneros e indivíduos que se identificam como não binários. Para mim, o Orgulho significa não temer o que você não entende. O Orgulho envolve abrir mentes e abrir portas.

Por que é importante para o mundo ter diversidade na equipe de voo?

Somos uma companhia aérea global que voa por todas as partes do mundo. Nossa empresa tem pessoas de diferentes culturas, práticas, experiências de vida e perspectivas; então, é importante que os pilotos, e a força de trabalho em geral, sejam um reflexo dos nossos clientes. Quando você aproveita a energia de pessoas diferentes, isso cria novas perspectivas e ideias, originando inovações. Inovações levam a mudanças e mudanças trazem oportunidades. É por isso que a diversidade é tão importante.

Você pode compartilhar uma experiência que teve na Delta e que fez você se sentir incluído?


Uma experiência que me vem à mente é quando eu era um primeiro oficial. Eu estava voando com um capitão e ele perguntou: "O que sua esposa faz?" Eu disse: "Na verdade, tenho um marido e ele trabalha na T-Mobile, em recursos humanos." Ele disse: "Que bacana! Eu não sou gay, mas meu filho é, ele está na faculdade." Meu coração derreteu quando ele disse isso. Eu não fico falando muito sobre ser gay, mas se alguém perguntar, eu fico feliz em compartilhar minha experiência.

Qual é o seu conselho para as pessoas que querem ser fortes aliadas da comunidade LGBTQ+?


Eu acho que a coisa mais legal é cumprimentar com um sorriso e acolher como todo mundo. Todas as pessoas, independente da nossa orientação, querem duas coisas: reconhecimento e aceitação.

Quer receber notícias como essa, além das mais lidas da semana e a Revista PANROTAS gratuitamente?
Entre em nosso grupo de WhatsApp.

Tópicos relacionados