Da Redação   |   24/06/2021 16:04
Atualizada em 24/06/2021 16:05

Hotel Glória será transformado em residências e escritórios

Inaugurado em 1922, hotel foi o primeiro 5 estrelas do Brasil. Mais empreendimentos poderão ter esse rumo

DA AGÊNCIA BRASIL


Nico Normand
Hotel Glória, no Rio de Janeiro, está fechado desde 2013
Hotel Glória, no Rio de Janeiro, está fechado desde 2013

Hotéis abandonados no Rio de Janeiro estão em vias de se transformar em residências e escritórios. A prefeitura carioca autorizou, na semana passada, que o Hotel Glória, primeiro cinco estrelas do Brasil, volte a abrir suas portas, transformando-se em um prédio de apartamentos e escritórios. No momento, o Executivo municipal analisa outros pedidos semelhantes.

Inaugurado em agosto de 1922, o Glória foi palco de reuniões dos membros da Assembleia Nacional Constituinte, em 1988, e teve suas portas fechadas em 2013, após a falência do Grupo EBX, do empresário Eike Batista, que havia adquirido o imóvel em 2008, por R$ 80 milhões.


Divulgação/ABIH
Alfredo Lopes, presidente do Sindicato dos Meios de Hospedagem do Município do Rio de Janeiro (HotéisRIO)
Alfredo Lopes, presidente do Sindicato dos Meios de Hospedagem do Município do Rio de Janeiro (HotéisRIO)
O presidente do Sindicato dos Meios de Hospedagem do Município do Rio de Janeiro (HotéisRIO), Alfredo Lopes, lembrou que o Hotel Glória ia ser reformado e deveria ter ficado pronto para a Copa do Mundo de 2014, mas a obra acabou não sendo concluída e perdeu o objetivo.

Ele avaliou que, em meio à revitalização do centro do Rio de Janeiro, essa transformação é muito importante.

“Tudo isso garante a manutenção de empregos e a arrecadação de impostos. Isso é muito melhor. É mais inteligente do que ter um prédio, ícone da hotelaria durante muitas décadas, fechado, se acabando”, disse, em entrevista à Agência Brasil.

REVITALIZAÇÃO
O secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação, Chicão Bulhões, afirmou que a conversão do hotel em um prédio misto – com salas comerciais e apartamentos residenciais – permitirá que esses imóveis que hoje estão vazios retornem ao mercado.

Chico Bulhões informou que, além do Glória, já foi autorizada também pela prefeitura a conversão do Hotel Paissandu, outro hotel icônico da cidade, localizado no bairro do Flamengo.

“A gente fica muito feliz de ver novamente a possibilidade de ver o Hotel Glória com vida, ocupado. É muito bom para o bairro, para a cidade e, também, obviamente, preserva o prédio histórico e a memória da cidade do Rio”, destacou.

MAIS EMPREENDIMENTOS
Alfredo Lopes estimou que outros 11 empreendimentos hoteleiros que antes eram destinados apenas a turistas têm potencial para se transformar em prédios mistos. Ele lembrou que, no caso do Hotel Glória, a legislação urbanística permite a transformação do prédio. Para outros hotéis, localizados em bairros distintos, é necessária uma lei específica para mudar a destinação do imóvel.

Lopes afirmou que está tentando viabilizar, junto à Câmara de Vereadores, um projeto de lei, para aprovação no segundo semestre, que possa viabilizar a conversão dessas unidades pela cidade.

Com a queda do número de visitantes no Rio e a pressão do mercado imobiliário, outros hotéis buscam a mesma saída para a crise agravada pela pandemia de covid-19.

De acordo com o HotéisRIO, além do Glória, outros três projetos já estão avançados, sendo dois no Flamengo e um na Barra da Tijuca.

RETRAÇÃO
O HotéisRIO representa cerca de 300 instalações hoteleiras na capital que ofertam, atualmente, cerca de 52 mil quartos. Antes das Olimpíadas de 2016, a capital fluminense tinha à disposição do turista 30 mil quartos. Esse número chegou a 62 mil, logo após o evento esportivo.

“Foi a rede mais moderna da América Latina por conta da Olimpíada”, afirmou Alfredo Lopes.

A expectativa de negócios crescentes, entretanto, não se confirmou e a retração ficou ainda mais grave com a pandemia. “Hoje, a gente não tem um mercado pujante, até porque os eventos estão escassos e até paralisados.”

O ano de 2021 começou para os hotéis cariocas com ocupação bem baixa. Em Copacabana, por exemplo, a média foi de 15% a 20%. Em seguida, houve uma melhora, com a ocupação subindo entre 25% e 28%, com alguns pontos fora da curva. No Dia dos Namorados, a ocupação subiu próximo de 70%. “Mas isso não se manteve porque faltam os eventos. São eles que mantêm a ocupação durante todo o ano. E nós não temos ainda um calendário de eventos por conta da pandemia”.

Desde o início da pandemia, no ano passado, 80 hotéis suspenderam as operações. Cerca de 12 não voltaram a abrir até hoje, entre eles, o Hotel Everest, que pode ser convertido também em prédio misto, segundo Lopes. Outros que ainda não reabriram devem retornar até o final deste ano. Alguns, como o Ceasar Park e o Marina, estão em obras e têm previsão de reabrir no fim deste ano.

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