Estudo mostra o desempenho hoteleiro de capitais em 2020
Relatório do Fohb e da HotelInvest analisou o desempenho do setor em sete capitais
Divulgado na semana passada, o Panorama da Hotelaria Brasileira, elaborado com dados da HotelInvest e do Fohb, mostra, além da manutenção dos investimentos preparados para o setor, a perfomance dos meios de hospedagem em algumas das principais capitais do País. O estudo acompanhou, durante todo o ano de 2020, os principais indicadores em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Vitória, Curitiba, Porto Alegre e Fortaleza.
Em cada um desses destinos, o levantamento mostrou como foi o impacto da baixa no setor de viagens, sobretudo nas missões corporativas. Abaixo, os principais dados.
SÃO PAULO
A baixa no índice de viagens corporativas causada pela evolução da pandemia, atingiu em cheio a atividade hoteleira da capital paulista. Dados apontados no mais recente estudo da HotelInvest, em parceria com o Fohb, mostram que o desempenho dos meios de hospedagem cidade, no acumulado do ano passado, caiu 66% no quesito ocupação, com média de 23% dos leitos ocupados ao longo de 2020, enquanto a diária média cobrada pelos empreendimentos da cidade encolheu 12%, para R$ 333.
Dentre as capitais analisadas, São Paulo foi a que anotou o pior desempenho na análise de revpar (indicador que mede a receita gerada por apartamento disponível), queda de 71% numa média anual de R$ 74.
Mesmo com a retração acentuada, tanto o revpar quanto a tarifa média dos hotéis da cidade ainda são bem superior à média nacional. Em valores absolutos, o revpar ainda ficou acima de Curitiba e Porto Alegre, e sua diária média continua sendo, com folga, a maior (29% acima da segunda colocada, Curitiba).
A queda nos números da atividade hoteleira paulistana, segundo reforçam os pesquisadores, pode ser explicada pela dependência desse mercado dos grandes eventos e das viagens corporativas.
RIO DE JANEIRO
A capital fluminense teve a menor retração de ocupação entre todos os destinos observados. A média de quartos hoteleiros preenchidos na cidade retrocedeu 27%, o que significou média anual de 46%.
Para os pesquisadores, as quedas acanhadas na comparação com os demais destinos pesquisados podem ser atribuídas ao crescimento da demanda de lazer e ao aumento da demanda do segmento offshore.
Ao final da temporada 2020, a tarifa média cobrada na cidade ficou em R$ 248, o que representa diminuição de 11% frente aos números de 2019. Já o índice de revpar ficou em R$ 114.
BELO HORIZONTE
Em Minas Gerais houve um surpreendente aumento. Belo Horizonte anotou incremento de 6,7% na diária média. A média anual foi de R$ 239.
O índice positivo, segundo aponta a pesquisa, pode ser justificado por algumas razões. A primeira delas é que a cidade tem um processo de aumento tarifário em andamento. Em 2019, a diária cresceu 15% e, no acumulado dos dois primeiros meses de 2020, ela foi 19% superior ao ano anterior. Em segundo lugar, como grande parte dos hotéis da cidade ficou fechada por um longo período, os que se mantiveram abertos não tiveram ocupações tão ruins e conseguiram manter as suas tarifas.
“Por fim, a maior parte das tarifas corporativas foram substituídas pela tarifa pública, tipicamente mais alta”, aponta o relatório.
Mas nem todos resultados foram positivos. A ocupações média do município encolher 47%, para 35% no acumulado anual, e o revpar diminuiu de R$ 148 em 2019 para R$ 83 no ano seguinte.
VITÓRIA
A capital do Espírito Santo é considerada pelo estudo como o destino analisado que menos sofreu com a pandemia fechando o ano de 2020 com o índice de revpar 34% abaixo do visto em 2019 e a maior ocupação absoluta dentre as capitais analisadas.
Assim como no Rio de Janeiro, a cidade serve de base para a operação de plataformas de petróleo e, com isso, a hotelaria local recebeu todos os funcionários do segmento que necessitavam realizar quarentena de 15 dias nos hotéis antes de embarcar para as plataformas offshore.
A ocupação média diminuiu 33%, para 47% no acumulado do ano e a diária média ficou em R$ 191, o que significa retração de 3,2% em relação ao ano anterior.
CURITIBA
Chegando na região Sul, o estudo aponta que Curitiba teve a segunda maior queda em ocupação (54%), perdendo apenas para São Paulo. No contraponto disso, a cidade mostro resiliência nos preços e teve queda no valor cobrado pelas diárias de apenas 4,2%.
Esses índices citados acima resultam na ocupações média acumulada do ano em 29%, na diária média em R$ 258 e no revpar de R$ 72.
“Passada a crise atual e sem aumento de oferta previsto para os próximos anos, a recuperação do mercado hoteleiro dependerá do ritmo de crescimento econômico nacional e regional”, afirma o relatório.
PORTO ALEGRE
A maio queda de tarifa veio de Porto Alegre, onde os números no quesito regrediram 19%. Ao final do ano, o preço médio cobrado nos hotéis da cidade eram de R$ 201 e o revpar dos empreendimentos ficou em R$ 68.
Essa diminuição está diretamente ligada aos 52% de queda na ocupação e a pouca capacidade de geração de demanda que há na capital gaúcha, segundo apontam os pesquisadores.
“Em 2019, além dos grandes congressos e feiras, houve também a realização da Copa América, que contribuiu para uma maior tarifa naquele ano. Logo, em 2020, sem a existência de períodos pico de demanda que permitem a prática de diárias mais elevadas, era de se esperar que o índice apresentasse queda expressiva. Hoje, dentre as capitais analisadas, Porto Alegre possui a segunda menor tarifa, à frente apenas de Vitória”, aponta o relatório da HotelInvest e do Fohb.
FORTALEZA
Na única capital nordestina analisada no estudo, o destaque ficou para a importante participação do lazer nos resultados e para a queda na ocupação. O índice de quartos hoteleiros ocupados caiu 52% (para 34% no acumulado do ano) apoiado na presença de turistas que procuravam diversão.
“Fortaleza, que já teve um ano ruim em 2019 devido a fatores como a crise de segurança no primeiro trimestre do ano e a falência da Avianca Brasil, além do derramamento de petróleo nas praias do Nordeste, fechou o ano de 2020 com revpar 55% inferior ao do ano anterior”, apontam os pesquisadores.
A diária média diminuiu 7% e a quantidade de projetos em desenvolvimento estagnou. Há apenas um hotel de rede em construção na cidade.
“Após o controle da disseminação da covid-19 e a ampla vacinação da população, o desempenho do mercado de Fortaleza deve voltar a apresentar altas taxas de ocupação”, conclui o estudo.