A recuperação hoteleira já começou? Saiba em 8 oportunidades e desafios
Pedro Cypriano, da HotelInvest, mapeia oportunidades e desafios para a hotelaria
Um dos sócios da HotelInvest, Pedro Cypriano está, desde o começo da pandemia de covid-19, às voltas com análises de dados, reuniões e estudos para mapear os caminhos da recuperação hoteleira e mostrar ao mercado as oportunidades nesse novo cenário. “Nas últimas semanas, realizamos dezenas de reuniões com as principais redes hoteleiras, fundos de investimento e incorporadoras do Brasil para discutir os resultados do estudo que divulgamos pelo Portal PANROTAS. As conversas foram muito ricas, com mais de 200 executivos, e trouxeram vários insights para o setor”, disse ele à PANROTAS.
Como fruto desses encontros e da evolução do setor desde a apresentação do estudo “Recuperação da hotelaria urbana no Brasil”, Cypriano escreveu um artigo para o Portal PANROTAS onde mostra que a hotelaria regional já consegue chegar a 35% de ocupação nesse período pré-retomada e que há uma grande demanda reprimida na hotelaria de lazer. Ele aborda ainda temas como guerra de preços, retomada das viagens corporativas e as perspectivas para os próximos anos.
“Em longo prazo, acredito no potencial de recuperação dos hotéis, assim como no de desenvolvimento econômico do País. Em comparação com mercados maduros, o nosso setor ainda é pequeno e pode crescer imensamente, nas capitais e especialmente em regiões secundárias e terciárias. Em curto prazo, ainda recomendo muita cautela. A reabertura econômica é frágil e as curvas de contágio da covid-19 ainda são altas e não apresentam sinais claros de queda. Até o final do ano a nossa vida hoteleira não será fácil”, escreve ele, que já está também envolvido na preparação de um novo estudo, agora sobre a retomada dos resorts.
Confira abaixo.
“A RECUPERAÇÃO HOTELEIRA NO BRASIL JÁ COMEÇOU?
Por Pedro Cypriano, managing partner da HotelInvest
pcypriano@hotelinvest.com.br
Depois da publicação do estudo “Recuperação da hotelaria urbana no Brasil”, em parceria com a Omnibees, a STR e o FOHB, divulgado no Portal PANROTAS, a HotelInvest discutiu os resultados da pesquisa com mais de 200 executivos, de aproximadamente 30 organizações, entre redes hoteleiras, investidores e incorporadoras. As trocas de percepções de mercado foram muito ricas e acredito ser relevante dividir publicamente algumas das principais reflexões.
Entre os executivos consultados, algo parece predominante: a recuperação do setor hoteleiro está em curso, mas ainda não para todos. Entendamos como isso se reflete nos diferentes perfis de ativos, regiões e estratégias de investimento.
1 - Em destinos regionais, a ocupação dos hotéis chega a 35%
A tendência de início de recuperação por destinos regionais está se concretizando. Entre os hotéis assessorados pela HotelInvest e os administrados pelos executivos consultados, a ocupação neste perfil de cidade varia entre 25% e 35%.
2 - Na hotelaria regional de lazer, a demanda reprimida é maior
Enquanto as empresas são mais cautelosas na volta das viagens (a trabalho), a propensão de consumo turístico a lazer pelas famílias parece mais imediata. Após a reabertura dos hotéis em Gramado (RS), rapidamente as ocupações bateram 50% nos dias de pico. Em outros destinos próximos a centros urbanos, a procura aos finais de semana chegam próxima ao limite dos apartamentos disponibilizados para venda. A resposta do mercado para esse perfil de destino tem sido positiva, mas ainda é preciso ter cautela. Muitos hotéis continuam fechados e outros, em regiões dependentes de acesso aéreo, os resultados não são tão animadores até o momento.
3 - Expectativa de início de crescimento das viagens corporativas até setembro
A ocupação dos hotéis urbanos segue baixa, mas as equipes comerciais continuam trabalhando bastante. E as consultas às empresas key accounts sinalizam a intensão de retomada das viagens até setembro. Esperemos em breve ver com mais clareza o crescimento das ocupações também dos hotéis urbanos no Brasil. E para isso, é importante que vejamos uma tendência imediata de queda do número de novos casos e de mortes pela covid-19 no País.
4 - Aumento de casos da covid retarda a recuperação da hotelaria em curto prazo
Até julho, as ocupações da hotelaria urbana continuam baixas, em especial as das grandes cidades. As empresas estão retomando os trabalhos e as intenções de viagem. O principal entrave é a insegurança sanitária. As curvas de contágio precisam cair, e em todo o País. Enquanto isso não acontecer, os resultados de desempenho dos hotéis estarão mais próximos ao do cenário conservador do estudo de Recuperação da Hotelaria Urbana, ao menos em curto prazo.
5 - Setor evita guerras de preço, mas o risco de quedas tarifárias ainda existe
Executivos de médias e grandes redes do setor têm evitado entrar em guerras tarifárias, pois isso retardaria ainda mais o horizonte de recuperação dos hotéis. Porém, em cidades e empresas menores, a visão de curto prazo ainda pode pressionar os preços para baixo. Até o momento, seguimos em um bom caminho, com quedas próximas a 10%.
6 - Prejuízo acumulado deve ser compensado entre o final de 2020 e o início de 2021
Análises de fluxo de caixa realizadas pela área de Asset Management da HotelInvest, sob a liderança da Thais Perfeito, indicam que os hotéis econômicos devem compensar os prejuízos acumulados em 2020 até o final do ano. E empreendimentos midmarket apenas no primeiro trimestre de 2021. As análises assumem as premissas de top line do cenário moderado do estudo de Recuperação da Hotelaria Urbana.
7 - Investidores seguem cautelosos, mas continuam avaliando novos negócios no setor
As oportunidades de investimento em hotelaria continuam. Dos hotéis em desenvolvimento, apesar dos cronogramas revistos, a maioria segue em estruturação. Dos novos investimentos, a cautela é um pouco maior e são mais restritos. Enquanto o ritmo de recuperação não for claro, é natural que parte dos investidores permaneça em compasso de espera e tenha uma percepção de risco maior no momento.
8 - Em médio prazo, confiança na recuperação do setor é alta
As medidas de readequação operacional estão em implantação e, gradativamente, acredita-se na recuperação da hotelaria nacional. O risco de substituição parcial das viagens por reuniões virtuais, apesar de existir, parece ser menor em comparação com as oportunidades de crescimento de demanda potencial em longo prazo. O Brasil ainda é um país em desenvolvimento e a crise atual pode acelerar a aprovação de reformas que permitiriam um ambiente econômico mais favorável. Esta é a aposta de investidores que estão estruturando novos hotéis, para abertura em um momento mais positivo e diante de um setor que naturalmente “envelhecerá” em razão da utilização dos fundos de reserva e do caixa apertado em curto prazo.
MINHA CONCLUSÃO SOBRE TUDO ISSO?
Em longo prazo, acredito no potencial de recuperação dos hotéis, assim como no de desenvolvimento econômico do País. Em comparação com mercados maduros, o nosso setor ainda é pequeno e pode crescer imensamente, nas capitais e especialmente em regiões secundárias e terciárias. As sinalizações reformistas nos poderes Executivo e Legislativo alimentam a minha esperança de um novo Brasil em construção. E imagino que parte dessa crença também é compartilhada por inúmeras empresas e investidores. A volta ao patamar de 100 mil pontos do Ibovespa sinaliza parte desse otimismo.
Em curto prazo, ainda recomendo muita cautela. A reabertura econômica é frágil e as curvas de contágio da covid-19 ainda são altas e não apresentam sinais claros de queda. Até o final do ano a nossa vida hoteleira não será fácil.”
Como fruto desses encontros e da evolução do setor desde a apresentação do estudo “Recuperação da hotelaria urbana no Brasil”, Cypriano escreveu um artigo para o Portal PANROTAS onde mostra que a hotelaria regional já consegue chegar a 35% de ocupação nesse período pré-retomada e que há uma grande demanda reprimida na hotelaria de lazer. Ele aborda ainda temas como guerra de preços, retomada das viagens corporativas e as perspectivas para os próximos anos.
“Em longo prazo, acredito no potencial de recuperação dos hotéis, assim como no de desenvolvimento econômico do País. Em comparação com mercados maduros, o nosso setor ainda é pequeno e pode crescer imensamente, nas capitais e especialmente em regiões secundárias e terciárias. Em curto prazo, ainda recomendo muita cautela. A reabertura econômica é frágil e as curvas de contágio da covid-19 ainda são altas e não apresentam sinais claros de queda. Até o final do ano a nossa vida hoteleira não será fácil”, escreve ele, que já está também envolvido na preparação de um novo estudo, agora sobre a retomada dos resorts.
Confira abaixo.
“A RECUPERAÇÃO HOTELEIRA NO BRASIL JÁ COMEÇOU?
Por Pedro Cypriano, managing partner da HotelInvest
pcypriano@hotelinvest.com.br
Depois da publicação do estudo “Recuperação da hotelaria urbana no Brasil”, em parceria com a Omnibees, a STR e o FOHB, divulgado no Portal PANROTAS, a HotelInvest discutiu os resultados da pesquisa com mais de 200 executivos, de aproximadamente 30 organizações, entre redes hoteleiras, investidores e incorporadoras. As trocas de percepções de mercado foram muito ricas e acredito ser relevante dividir publicamente algumas das principais reflexões.
Entre os executivos consultados, algo parece predominante: a recuperação do setor hoteleiro está em curso, mas ainda não para todos. Entendamos como isso se reflete nos diferentes perfis de ativos, regiões e estratégias de investimento.
1 - Em destinos regionais, a ocupação dos hotéis chega a 35%
A tendência de início de recuperação por destinos regionais está se concretizando. Entre os hotéis assessorados pela HotelInvest e os administrados pelos executivos consultados, a ocupação neste perfil de cidade varia entre 25% e 35%.
2 - Na hotelaria regional de lazer, a demanda reprimida é maior
Enquanto as empresas são mais cautelosas na volta das viagens (a trabalho), a propensão de consumo turístico a lazer pelas famílias parece mais imediata. Após a reabertura dos hotéis em Gramado (RS), rapidamente as ocupações bateram 50% nos dias de pico. Em outros destinos próximos a centros urbanos, a procura aos finais de semana chegam próxima ao limite dos apartamentos disponibilizados para venda. A resposta do mercado para esse perfil de destino tem sido positiva, mas ainda é preciso ter cautela. Muitos hotéis continuam fechados e outros, em regiões dependentes de acesso aéreo, os resultados não são tão animadores até o momento.
3 - Expectativa de início de crescimento das viagens corporativas até setembro
A ocupação dos hotéis urbanos segue baixa, mas as equipes comerciais continuam trabalhando bastante. E as consultas às empresas key accounts sinalizam a intensão de retomada das viagens até setembro. Esperemos em breve ver com mais clareza o crescimento das ocupações também dos hotéis urbanos no Brasil. E para isso, é importante que vejamos uma tendência imediata de queda do número de novos casos e de mortes pela covid-19 no País.
4 - Aumento de casos da covid retarda a recuperação da hotelaria em curto prazo
Até julho, as ocupações da hotelaria urbana continuam baixas, em especial as das grandes cidades. As empresas estão retomando os trabalhos e as intenções de viagem. O principal entrave é a insegurança sanitária. As curvas de contágio precisam cair, e em todo o País. Enquanto isso não acontecer, os resultados de desempenho dos hotéis estarão mais próximos ao do cenário conservador do estudo de Recuperação da Hotelaria Urbana, ao menos em curto prazo.
5 - Setor evita guerras de preço, mas o risco de quedas tarifárias ainda existe
Executivos de médias e grandes redes do setor têm evitado entrar em guerras tarifárias, pois isso retardaria ainda mais o horizonte de recuperação dos hotéis. Porém, em cidades e empresas menores, a visão de curto prazo ainda pode pressionar os preços para baixo. Até o momento, seguimos em um bom caminho, com quedas próximas a 10%.
6 - Prejuízo acumulado deve ser compensado entre o final de 2020 e o início de 2021
Análises de fluxo de caixa realizadas pela área de Asset Management da HotelInvest, sob a liderança da Thais Perfeito, indicam que os hotéis econômicos devem compensar os prejuízos acumulados em 2020 até o final do ano. E empreendimentos midmarket apenas no primeiro trimestre de 2021. As análises assumem as premissas de top line do cenário moderado do estudo de Recuperação da Hotelaria Urbana.
7 - Investidores seguem cautelosos, mas continuam avaliando novos negócios no setor
As oportunidades de investimento em hotelaria continuam. Dos hotéis em desenvolvimento, apesar dos cronogramas revistos, a maioria segue em estruturação. Dos novos investimentos, a cautela é um pouco maior e são mais restritos. Enquanto o ritmo de recuperação não for claro, é natural que parte dos investidores permaneça em compasso de espera e tenha uma percepção de risco maior no momento.
8 - Em médio prazo, confiança na recuperação do setor é alta
As medidas de readequação operacional estão em implantação e, gradativamente, acredita-se na recuperação da hotelaria nacional. O risco de substituição parcial das viagens por reuniões virtuais, apesar de existir, parece ser menor em comparação com as oportunidades de crescimento de demanda potencial em longo prazo. O Brasil ainda é um país em desenvolvimento e a crise atual pode acelerar a aprovação de reformas que permitiriam um ambiente econômico mais favorável. Esta é a aposta de investidores que estão estruturando novos hotéis, para abertura em um momento mais positivo e diante de um setor que naturalmente “envelhecerá” em razão da utilização dos fundos de reserva e do caixa apertado em curto prazo.
MINHA CONCLUSÃO SOBRE TUDO ISSO?
Em longo prazo, acredito no potencial de recuperação dos hotéis, assim como no de desenvolvimento econômico do País. Em comparação com mercados maduros, o nosso setor ainda é pequeno e pode crescer imensamente, nas capitais e especialmente em regiões secundárias e terciárias. As sinalizações reformistas nos poderes Executivo e Legislativo alimentam a minha esperança de um novo Brasil em construção. E imagino que parte dessa crença também é compartilhada por inúmeras empresas e investidores. A volta ao patamar de 100 mil pontos do Ibovespa sinaliza parte desse otimismo.
Em curto prazo, ainda recomendo muita cautela. A reabertura econômica é frágil e as curvas de contágio da covid-19 ainda são altas e não apresentam sinais claros de queda. Até o final do ano a nossa vida hoteleira não será fácil.”