Filip Calixto   |   17/06/2020 13:25

Hotéis independentes preveem abertura até setembro; mais dados

Levantamento da ABIH foi feito com entrevistas no início do mês.

Associação que representa indústria de hospedagem no País, a ABIH Nacional realizou um levantamento mensurando a atual situação e as expectativas da hotelaria independente para a retomada do Turismo. As entrevistas foram realizadas entre os dias 10 e 16 de junho e uma avaliação negativa das ações que buscam recuperar o setor dos efeitos da pandemia.

De acordo com a ABIH, os hoteleiros se queixam de falta de apoio municipal e estadual para a recuperação do setor, que ainda está com mais de 95% dos hotéis fechados e com índices de ocupação nulos. A associação argumenta que, de norte a sul, empresários do setor falam sobre a necessidade de liberação de crédito, modernização da legislação e melhoria da infraestrutura de acesso. A previsão na maioria dos Estados é de que o reinício das atividades seja entre julho e setembro.
Unsplash/Marten Bjork
Hoteleiros se queixam de falta de apoio municipal e estadual para a recuperação do setor
Hoteleiros se queixam de falta de apoio municipal e estadual para a recuperação do setor
Para o presidente da ABIH Nacional, Manoel Linhares, a MP 936/20 que suspende o contrato de trabalho e reduz o salário e a jornada, e sua prorrogação, deu um alento ao setor e vem impedindo o fechamento de centenas de meios de hospedagem formais e a demissão de mais de dez milhões de postos de trabalho.

"A Medidas Provisórias assinada pelo presidente Jair Bolsonaro trouxe um alívio para a hotelaria, mas os hoteleiros, na sua maioria absoluta, ainda não conseguiram que os bancos liberem créditos, mesmo para aqueles que não têm problemas cadastrais", afirma Linhares. "Precisamos de uma força tarefa administrativa e legislativa para não só sairmos dessa crise, mas para sobrevivermos a ela, já que um hotel para atingir o ponto de equilíbrio precisa funcionar com 40% a 50% de ocupação", completa.

De acordo com o presidente, a indefinição em torno da malha aérea do país também funciona como um fator que agrava a crise nos hotéis.

NORDESTE
Segundo acredita a associação, a região Nordeste deve ser a primeira a apresentar recuperação para os independentes, graças a reabertura de grandes grupos de hotéis e atrações turísticas. O levantamento da ABIH mostra que a Bahia está com 95% dos hotéis com as operações suspensas e tem a expectativa de que o início da retomada do Turismo deva acontecer paralelamente à reabertura de unidades dos grandes grupos de hotéis que estão programando reiniciar suas operações em julho.

"O setor vem estabelecendo protocolos junto aos profissionais e entidades de saúde, mas a questão é que para retomar o Turismo é preciso restabelecer a malha aérea. Atualmente, por exemplo, Salvador vem recebendo poucos voos", pontua o presidente da ABIH baiana, Luciano Lopes.

No Ceará, de acordo com o presidente da ABIH-CE, Régis Medeiros, o impacto foi de 100%, mas os meses de julho e agosto devem ter melhora, com a permissão para a reabertura das barracas nas praias e à volta ao funcionamento do Beach Park. "Julho ainda será muito fraco, podendo ficar entre 15% e 20% de ocupação, por conta das viagens de avião mais restritas. Acredito que devem vir os turistas regionais, que vêm de carro", avalia Medeiros.

Em Pernambuco, mais de 80% da hotelaria está fora de operação no momento. Apenas Recife mantém aproximadamente metade dos hotéis funcionando, principalmente, para atender aos funcionários das companhias aéreas e profissionais de saúde. Nas regiões turísticas de Porto de Galinhas, Praia dos Carneiros e Litoral Norte, o índice de fechamento dos meios de hospedagem chega a quase 100%. "A expectativa é que 20% dos empreendimentos reiniciem suas operações em julho, se as condições sanitárias permitirem. Esse número deve crescer para 30% ou 40% em agosto e mais 20% em setembro, quando então teríamos todos os hotéis reabertos", explica Eduardo Cavalcante, presidente da ABIH pernambucana.

Já para representante da organização no Maranhão, João Antônio Barros, além das restrições ligadas à pandemia do coronavírus, a capital São Luis, principal pólo turístico do estado, está com diversos problemas de acesso, com as estradas em péssimas condições. "Nesse momento, em que o Turismo rodoviário pode ser o primeiro a retomar as atividades, é importante que as autoridades invistam em melhorar os acessos à capital do estado", comentou.

Há índices ruins em outros estados da região. Em Alagoas, 5% da oferta de hospedagem independente está funcionando, na Paraíba o número é de 9% e no Rio Grande do Norte são 17% em atividade.

OUTRAS REGIÕES
Ainda segundo o levantamento da ABIH, o movimento mais evoluído de reabertura está na região Sul. Em Santa Catarina, a previsão é que três em cada quatro hotéis irão reiniciar as atividades até o final de julho e as viagens de pequenas distâncias devem ser o primeiro nicho a ser retomado. No Paraná, metade dos independentes já voltou a funcionar enquanto no Rio Grande do Sul o índice é de 5%.

Quem também tem situação crítica são os estados de Goiás e Roraima, que estão com 95% da oferta de independentes fechada.

Já no Rio de Janeiro, o ocupação é que tem ficado abaixo dos 5%. "O Turismo paralisou totalmente. A ocupação está perto de zero, mas as despesas continuam. Os hotéis precisam trabalhar com foco total na redução de custos para preservar os empregos. Hoje, temos 90 hotéis fechados no Rio de Janeiro, impactando diretamente 20 mil trabalhadores", comenta o presidente da associação no Rio, Alfredo Lopes.

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