United Airlines detalha estratégia de NDC e anuncia maior operação global
Companhia cresceu em número de voos e passageiros internacionais em relação a 2019
PANROTAS – Um dos assuntos mais quentes atualmente no mercado brasileiro é em relação ao NDC, com algumas companhias iniciando mais fortemente suas ações, mas de formas diferentes. Qual a estratégia da United para o NDC, no mundo e mais especificamente no Brasil?
FUCHS – Temos diversas formas de dar acesso aos produtos da United. Uma é plugar no NDC diretamente em nosso sistema. Uma conexão direta. Algumas agências já decidiram por esse caminho. A outra opção é usar os muitos agregadores que existem no mercado. E a terceira alternativa é via GDSs, que também desenvolveram soluções para o NDC. Já estamos avançados com o Amadeus e o Sabre e dependendo do país eles informarão às agências quando estiverem prontos. Então as agências poderão aderir e ter nosso conteúdo NDC de várias formas. A escolha é delas. E sendo transparentes, o NDC da United ainda não está pronto. Precisamos fazer melhorias em nossos APIs e anunciaremos quando estivermos preparados. Mas nos Estados Unidos e Europa já estamos funcionando, com os benefícios das ofertas personalizadas, uma demanda de nossos clientes corporativos.
MAIOR QUE EM 2019
PANROTAS – Segundo dados divulgados pela Brand USA, até o final de 2023 a conectividade aérea internacional dos Estados Unidos chegará a 96% do que havia em 2019. Como a United se encaixa nesse contexto e como está a malha aérea internacional da companhia este ano?
MARCEL FUCHS – Nossa oferta internacional já está maior que em 2019 e também em número de passageiros transportados. A única exceção seria a China, por causa das limitações e da abertura tardia das fronteiras. Tínhamos 11 ou 12 voos por dia para a China e agora temos quatro por semana, de São Francisco a Xangai. Mas se tiramos a China dessa conta, estamos bem acima em número de clientes internacionais, em relação a 2019.
PANROTAS – Você poderia dar alguns exemplos de percentuais e mercados?
FUCHS – Se olharmos as rotas transatlânticas, estamos com uma oferta 30% maior em relação a 2019; nesse verão voaremos para mais de 100 cidades, na verdade exatamente 114, e temos muitas cidades onde estamos estreando ou para onde estamos voltando, como Málaga, Dubai (de Newark e agora também de Washington DC), Estocolmo... Temos dois voos diários de Newark para Napoli, na Itália; temos Palma de Maiorca, Açores, Tenerife... Estamos voando novos destinos de lazer de longo curso e com muito sucesso na ocupação.
Falando de outra região, aumentamos bastante nossa operação para a Austrália e Nova Zelândia. Vamos fazer San Francisco-Christchurch, Los Angeles-Auckland, que se soma a San Francisco-Auckland. Teremos mais voos de Los Angeles para Melbourne e Sydney. Também Los Angeles-Brisbane três vezes ao dia, além de aumentar os voos de San Francisco para lá. Estaremos com 40% mais voos para a Austrália e Nova Zelândia este ano (no inverno do hemisfério norte).
Em resumo estamos com mais passageiros internacionais em relação a 2019, com exceção da China.Chegando à América Latina, estamos 108% em relação a 2019. Voltamos todos os voos a partir do Brasil – o último deles Washington DC-São Paulo retornou em março. Todos diários. Estamos muito orgulhosos de termos mantido o voo de São Paulo para Houston durante a pandemia, e é maravilhoso ver o cenário mudar e ver essa demanda atual. E temos ótimas notícias para os nossos clientes brasileiros. A partir de 1º de agosto todos os nossos voos do Brasil terão a United Premium Economy. Assim teremos três cabines a bordo: Econômica (que inclui a padrão e Economy Plus), Premium Economy e a Polaris.
Marcel Fuchs
PANROTAS – No Brasil, a United passou a usar aeronaves maiores, então a oferta está ainda maior em relação a 2019, certo?
FUCHS – Sim, colocamos o 787-10, de São Paulo para Chicago, também mudaremos do 787-8 para o 787-9. Temos uma oferta de cerca de 1.100 assentos por dia e estamos muito felizes com a demanda.
PANROTAS – As viagens a lazer voltaram com forçam então...
FUCHS – Acredito que as pessoas estão dispostas a voltar a voar, veem valor em pegar um voo e viajar. O fim da obrigatoriedade da vacina para entrar nos Estados Unidos deu um bom impulso nas reservas, de vários países no mundo.
EUROPA É A BOLA DA VEZ?
PANROTAS – Pelo que podemos ver da malha da United e de outras empresas americanas, a Europa parece ser o destino do momento. Como você avalia isso e as chances dos demais destinos em atrair americanos e viajantes em geral?
FUCHS – Eu diria que os americanos sim querem viajar para a Europa, vai ser um verão muito bom nas rotas transatlânticas. Mas vejo também uma forte demanda voltando para o Japão, por exemplo. Já estamos há várias semanas à frente de 2019 em demanda para o Japão. É um destino fantástico, com bom valor devido à relação do yen com o dólar. Voltamos a dez voos diários para o Japão. Os brasileiros podem conectar com facilidade para o Japão a partir de nossos hubs, especialmente de Houston, que tem a melhor conexão para os clientes do Brasil.
Nossa demanda para a América Central e a América Latina em geral também está muito forte. Nosso business no Brasil está muito forte, temos que agradecer aos nossos parceiros brasileiros por isso e ao time liderado pela Jacque (Jacqueline Conrado, diretora Brasil).
PANROTAS – Hoje a maioria dos passageiros da United nos voos do Brasil é de brasileiros voando para os Estados Unidos. Como você acha que podemos atrair mais americanos ao Brasil?
FUCHS – Olha, neste momento, por causa da sazonalidade, temos um pouco mais de americanos em nossos voos (do que a média anual). Acho que o Brasil é um destino fantástico e com potencial para fazer bem mais.
PREÇO
PANROTAS – Um dos assuntos do momento são as altas tarifas aéreas, tanto domésticas como internacionais. Você vê alguma mudança significativa no futuro em relação ao preço do bilhete?
FUCHS – O ambiente é determinado pela demanda. No Brasil, a ocupação está na casa dos 80%, por exemplo. Então a demanda está bem forte. Aliado a isso, nossos custos subiram consideravelmente, para toda a indústria, na verdade – de contratos de trabalho ao combustível.
PANROTAS – A United está preparada para a forte demanda do próximo verão americano? As disrupções são esperadas ou estão controladas?
FUCHS – Preciso fazer algumas considerações antes para explicar melhor ao mercado o que fizemos. No ano passado, recrutamos 15 mil colaboradores. Este ano, mais 15 mil. Estamos com mais 95 mil funcionários novamente e fizemos em muitos casos contratamos gente a mais que o necessário em nossos hubs, para garantir os serviços com qualidade. Estamos muito bem preparados, dos trabalho de rampa até serviço ao cliente. Também fizemos um trabalho para reter nossos pilotos, também criamos um programa de formação de novos talentos em Houston e reforçamos nossa Academia de Voo no Arizona... Tudo isso também reforçando nosso compromisso com a diversidade da cabine de comando, com a formação de mais mulheres e mais pessoas não-brancas. Diversidade e sustentabilidade são pilares muito importantes na empresa toda e ficamos muito felizes de termos essas ações também na formação de pilotos. Portanto, estamos muito bem preparados para o verão.
Mas você deve também estar se referindo a problemas de infraestrutura em geral, que continuam a ser um desafio para o setor, que não está em nossas mãos. Há sim questões de estrutura que estão sendo tratados com os órgãos competentes, seja sobre número de controladores de voos ou questões aeroportuárias.
TECNOLOGIA
PANROTAS – Sobre as melhorias em tecnologia, como no app em sua mais recente versão, como você avalia os investimentos da United nessa área?
FUCHS – Sim, estamos muito felizes com a nova versão do app, que cria a timeline que o cliente precisa até o embarque e durante o voo. Acabamos de lançar, incluindo o countdown para o voo, e os clientes vão gostar das facilidades, informações em tempo real. Também o cliente poderá mudar seu voo no app, seja via QR code no portão ou via chat. Também damos informações mais precisas aos agentes do portão sobre os clientes em conexão.
Continuamos inovando no app e nos aeroportos. O objetivo é empoderar e deixar os clientes confortáveis para tomar suas decisões. Também testamos em Houston e Newark o embarque biométrico e a tendência é aumentar essa abrangência.
PRODUTOS
PANROTAS – Sobre produtos novos ou melhorias, o que podemos esperar? Vimos que vocês lançaram a nova cabine do Airbus na semana passada.
FUCHS – Temos uma oferta grande de aviões narrow e wide bodies, e até 2032 teremos 700 aeronaves chegando. Algumas serão substituições e outras adições à frota. Com isso, teremos duas novas aeronaves chegando toda semana este ano, o que aumentará para três por semana em 2024. Além disso, também estamos reconfigurando e remodelando os aviões antigos, tanto os Boeing 737 quanto os Airbus. Uma das principais mudanças é a instalação de bagageiros maiores, para que os passageiros consigo colocar suas malas de mão de lado, e assim mais malas serão acomodadas do que é possível hoje. O Airbus já teve seu modelo de reconfiguração apresentado. É um novo avião, dos assentos ao bluetooth a bordo para o entretenimento, e o serviço que oferecemos. Também estamos ampliando a qualidade do wi-fi.
PANROTAS – Sobre a parceria com a Azul, que novidades você pode adiantar?
FUCHS – Acabamos de anunciar a expansão de nosso codeshare a partir de Orlando e Fort Lauderdale, na Flórida, para mais seis cidades americanas. E continuaremos a trabalhar muito próximos da Azul. É uma relação muito valiosa para a United.
PANROTAS – Planos para aumentar a capacidade no Brasil?
FUCHS – Acabamos de aumentar a capacidade para Chicago, com a mudança de aeronave, e a introdução da Premium Economy é algo que é muito importante para o mercado e nossos clientes. O produto estará nos cinco voos diários.
A PANROTAS viajou a convite da US Travel Association, com proteção GTA e voando United Airlines