Maior legado foi dar voz ao setor, diz Sanovicz sobre gestão na Abear
À frente da associação desde a sua fundação, em 2012, chegou a hora de passar o bastão
À frente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) desde a sua fundação, em 2012, Eduardo Sanovicz traça, em entrevista ao Portal PANROTAS, um panorama de sua atuação na entidade, agora que passa o bastão da gestão à Jurema Monteiro e se torna presidente executivo do Conselho Deliberativo. Para ele, um de seus principais legados foi criar uma voz para o setor aéreo.
“Criamos importantes mudanças para dentro e fora do setor. Para fora, temos um legado importante, que foi criar uma voz. A aviação passou a ter, há 11 anos, um ponto de referência para prover algumas coisas. Informações para o público e sociedade, dados técnicos e consolidados e uma voz para representar a aviação perante quem toma decisões, tanto no setor público quanto privado. Estes são alguns dos nossos feitos nos últimos anos”, aponta.
“O resultado? De 2003 a 2016 o número de passageiros no País mais que triplicou, fomos de 30 milhões para 100 milhões de bilhetes. O tíquete médio caiu de R$ 900 para R$ 400. No entanto, isso acabou em fevereiro de 2017, por conta da regra de precificação de querosene de aviação, o que fez o preço do combustível disparar. Nesses últimos anos, por exemplo, triplicou”, afirma.
Ele explica que isso, aliado ao fato de a capacidade de consumo das pessoas estar em queda, causou uma combinação muito ruim, de diminuição de demanda e aumento de custos. A tarifa, então, pulou, na média, para R$ 650.
“Além disso, quando eu assumi a Abear, nosso grande desafio estava na infraestrutura aeroportuária. Os terminais não estavam dando conta desse novo momento de boom das viagens. As concessões de aeroportos como Guarulhos, Confins e Brasília melhoraram incrivelmente a experiência do passageiro e a nossa possibilidade operacional de atender este crescimento. O outro era o ambiente regulatório”, diz.
De acordo com ele, esses dois temas melhoraram muito. Os aeroportos concessionários passaram a atender muito melhor os usuários. Já em 2019, em quase todos os Estados foi implementado algum tipo de acordo de redução do ICMS sobre o combustível de aviação. O mais importante deles foi firmando em São Paulo em 2019 com o governador João Doria e renovado neste ano por Tarcísio de Freitas, que reduziu a alíquota do imposto de 25% para 12%. “Em troca, São Paulo ganhou 704 voos semanais”, pontua.
Mas a questão do ICMS continua sendo um problema. Ele explica que há muitas regras brasileiras diferentes das internacionais, o que torna o País menos competitivo. No caso deste tributo, por exemplo, por ser uma invenção brasileira, o voo internacional é isento.
“Todo voo que sai do Brasil para fora abastece de querosene sem pagar esse imposto. Esse desalinhamento é sempre prejudicial ao Brasil. À aviação, ao Turismo, ao consumidor. O Brasil é o único país que cobra esse tributo, o que encarece o preço.”
“Fico até janeiro de 2025, provavelmente, como presidente do Conselho e periodicamente estarei na entidade, conversando com a equipe. Estou me desligando de várias outras atividades, mas seguirei no Conselho do SPCVB e, assim que minha saúde permitir, retomo minhas atividades na USP”, conclui.
“Criamos importantes mudanças para dentro e fora do setor. Para fora, temos um legado importante, que foi criar uma voz. A aviação passou a ter, há 11 anos, um ponto de referência para prover algumas coisas. Informações para o público e sociedade, dados técnicos e consolidados e uma voz para representar a aviação perante quem toma decisões, tanto no setor público quanto privado. Estes são alguns dos nossos feitos nos últimos anos”, aponta.
DESAFIOS PASSADOS E ATUAIS
Sanovicz conta que o setor aéreo viveu um período muito próspero de crescimento entre 2003 e 2016, quando foi implantada a política de liberdade tarifária. Com ela, cada empresa aérea podia definir o preço, o que, somado ao momento de aumento forte do emprego e renda no Brasil, aumentou a capacidade de consumo das pessoas físicas de viajar, e das empresas, que começaram a comprar mais viagens e organizar mais eventos.“O resultado? De 2003 a 2016 o número de passageiros no País mais que triplicou, fomos de 30 milhões para 100 milhões de bilhetes. O tíquete médio caiu de R$ 900 para R$ 400. No entanto, isso acabou em fevereiro de 2017, por conta da regra de precificação de querosene de aviação, o que fez o preço do combustível disparar. Nesses últimos anos, por exemplo, triplicou”, afirma.
Ele explica que isso, aliado ao fato de a capacidade de consumo das pessoas estar em queda, causou uma combinação muito ruim, de diminuição de demanda e aumento de custos. A tarifa, então, pulou, na média, para R$ 650.
“Além disso, quando eu assumi a Abear, nosso grande desafio estava na infraestrutura aeroportuária. Os terminais não estavam dando conta desse novo momento de boom das viagens. As concessões de aeroportos como Guarulhos, Confins e Brasília melhoraram incrivelmente a experiência do passageiro e a nossa possibilidade operacional de atender este crescimento. O outro era o ambiente regulatório”, diz.
De acordo com ele, esses dois temas melhoraram muito. Os aeroportos concessionários passaram a atender muito melhor os usuários. Já em 2019, em quase todos os Estados foi implementado algum tipo de acordo de redução do ICMS sobre o combustível de aviação. O mais importante deles foi firmando em São Paulo em 2019 com o governador João Doria e renovado neste ano por Tarcísio de Freitas, que reduziu a alíquota do imposto de 25% para 12%. “Em troca, São Paulo ganhou 704 voos semanais”, pontua.
Mas a questão do ICMS continua sendo um problema. Ele explica que há muitas regras brasileiras diferentes das internacionais, o que torna o País menos competitivo. No caso deste tributo, por exemplo, por ser uma invenção brasileira, o voo internacional é isento.
“Todo voo que sai do Brasil para fora abastece de querosene sem pagar esse imposto. Esse desalinhamento é sempre prejudicial ao Brasil. À aviação, ao Turismo, ao consumidor. O Brasil é o único país que cobra esse tributo, o que encarece o preço.”
NOVA GESTÃO
Sobre a passagem da gestão para Jurema Monteiro, que está há oito anos na Abear, Sanovicz responde com tranquilidade que ela está absolutamente integrada à equipe e à agenda do setor aéreo. Os dois possuem uma relação profissional de quase 20 anos, uma vez que atuaram juntos na Embratur, quando ele foi presidente da agência. A profissional também tem passagem pelo Ministério do Turismo.“Estamos há dois anos discutindo o processo sucessório e, desde então, Jurema vem sendo preparada para assumir no meu lugar. A decisão foi por unanimidade, todas as empresas associadas apoiaram. Eu estou superfeliz de passar a presidência de uma entidade que representa um dos setores econômicos mais relevantes do País para uma mulher negra. Diria que, para mim, essa sucessão é um manifesto de como entendo que deve ser o futuro do planeta”, crava.
PRÓXIMOS PASSOS
Sobre o futuro – de curto e longo prazo –, Eduardo Sanovicz se dedicará à sua saúde, dando continuidade ao seu tratamento contra o câncer, e, como ele mesmo diz “não se vai por completo da Abear”.“Fico até janeiro de 2025, provavelmente, como presidente do Conselho e periodicamente estarei na entidade, conversando com a equipe. Estou me desligando de várias outras atividades, mas seguirei no Conselho do SPCVB e, assim que minha saúde permitir, retomo minhas atividades na USP”, conclui.